Foi tudo tão rápido, que só depois de se recuperarem do choque é que começo a escutar os gritos assustados das pessoas.
Me viro para o Imperador mais uma vez, para me certificar que está tudo bem, e vejo o Duque correndo sozinho em nossa direção.
Quero perguntar onde estão as crianças sinto algo quente escorrer do meu rosto para o meu pescoço, coloco a mão e vejo que é sangue.
Que ótimo, tinha esquecido disso.
Devo estar parecendo uma psicopata agora, toda suja de sangue.
Fingo que não existe sangue nenhum e sorrio para o Imperador.
— Está tudo bem Vossa Majestade?
— Sim, graças a você. — Diz.
Começo a sentir dor do corte que recebi e rezo para que não tenha veneno naquela adaga.
Sou virada com delicadeza e estranho, até ver que era pelo Duque.
Isso é mais estranho ainda.
— Agnes... — Eu não sabia que esse idiota poderia ficar preocupado com alguém além da Princesa e dos filhos. — Você está ferida.
Com calma, assuito com a cabeça.
— As crianças estão bem? — Pergunto, preocupada que tenham visto alguma coisa.
— Sim, estão bem.
— Você sabia. — Diz o segundo Príncipe.
— Sim.
— Como? — Pergunta.
— Eu o vi mais cedo, uma pessoa de capa e capuz em um baile, definitivamente não é normal.
O salão continua agitado mas agora com menos pessoas, quase todas foram embora.
E eu só queria minha cama.
— Podem se retirar, vou enviar um médico para a Duquesa. — Diz o Imperador, e sem querer contestar, nos despedimos e saímos.
Agora que percebo, o Duque continua segurando meu pulso.
Não discuto, por que parece que nem ele percebeu.
— As crianças viram alguma coisa? — Pergunto, quebrando o silêncio.
— Não, eu não deixei. — Respiro aliviada.
Começo a me sentir quente e ofegante e me preocupo se poderia haver veneno na adaga ou é por causa da adrenalina.
Ainda andando começo a cambalear um pouco, o Duque percebe e me encara por alguns segundos até que me pega nos braços e nem reclamo, escosto minha cabeça em seu peito cheiroso e forte e apago.
Acordo com gritinhos de crianças e abro os olhos a tempo de ver os dois anjinhos subindo a cama e me abraçando.
Com a força deles encima de mim, acabamos caindo de costas na cama e rimos.
— Crianças! Cuidado. — Alerta a voz grave, e só agora percebo a presença do Duque.
— Está tudo bem, não dói nada. — Olhei para o lugar que agora estava enfaichado e realmante não doía nada, como todas as vezes em que eu me machucada nos treinos e no dia seguinte não tinha mais nada.
Retirei a faixa e parecia que nunca tinha me ferido, tinha apenas um cicatriz bem clarinha.
Senti o olhar do Duque sobre mim e encarei sua face chocada.
É Duque, eu também fiquei assim na primeira vez que vi.
Ele vem na minha direção e se senta na cama ao meu lado quase no automático e passa o dedo por toda a cicatriz.
— Como isso é possível?
— Não faço idéia, sempre foi assim, não deve ser nada demais. — Dou de ombros.
— Nada demais? Você se cura sozinha e isso não é nada demais? — Em um piscar de olhos ele está em pé andando de um lado para o outro.
Eu não posso dizer nada, nem lembrava de ser uma novel de fantasia, nem lembrava que existia magia, ou seja lá o que for isso.
Em nenhum momento da novel citava que a protagonista ou qualquer outro personagem tinha magia ou poderes, já não sei mais o que pensar.
— Existe magia no império ou algo assim? — Pergunto nervosa e curiosa.
E se for como as novels em que as bruxas existem e são queimadas vivas?
Eu não morrer queimada, não mesmo.
Será que vou ter que matar o Duque? Já que eu acabei falando demais.
Bom, eu serei uma viúva e terei as crianças até que não é uma idéia ruim.
Meu Deus, o que eu estou pensando? E como fica as Crianças depois da morte do infeliz? Burra, não pensei nisso antes.
— Já existiram magos, feiticeiros e pessoas com poderes divinos, mas isso foi a mais de 200 anos atrás. — Diz o Duque, e penso que agora terei que estudar muito sobre isso.
Bom, pelo menos não sou uma bruxa, assim eu espero.
— Quando vamos embora? — Mudo de assunto e ele solta um suspiro, vejo que parece cansado mas não tenho interesse em perguntar o porque.
— Depois do café da manhã, o Imperador quer a nossa presença. — Diz, como se não fosse nada.
Atordoada, retiro o lençol do corpo e vejo que ainda estou com o mesmo vestido manchado de sangue.
Como eu vou tomar café com Imperador desse jeito?
Olho para o Duque em busca de uma resposta e ele aponta para o lado esquerdo da cama, onde as crianças cutucam um pano azul, ou melhor, um vestido.
— O Imperador mandou.
Me levanto da cama deixando todos para trás e vou até o banheiro e tomo um banho rápido, olhando para a água vermelha que escorre pelo chão.
Antes do banho, ao entrar no banheiro vi pelo espelho que não tinha sangue no meu rosto, alguém deve ter limpado e agradeço mentalmente quem quer que fosse.
Saio do banheiro de roupão me sentindo desprovida de inteligência ao perceber que não levei o vestido.
Aproveito a distração das crianças ainda com o vestido, e tento secar um pouco dos meus cabelos.
Maxi, eu sinto sua falta.
É impossível secar esse cabelo em tão pouco tempo, além de ser longo é bem volumoso.
Vou até as crianças e elas me entregam o vestido, e volto para me trocar no banheiro.
O maldito vestido tem botões de mais, e não consigo sozinha.
E mais uma vez sinto falta da Maxi.
Saiu do banheiro vestida e coloco a maior cara de inocente no mundo e vou em direção ao Duque, que se encontra encostado á janela.
— Pode me ajudar por favor? — Já viro de costas que é para não dar tempo de negar.
Por que esse idiota não me acordou antes? Já estaríamos comendo uma hora dessa.
Passa quase um minuto e ele ainda nem se mexeu.
Puxo o cabelo para o lado e olho por cima do ombro sua cara paralisada.
— Duque! Vamos nos atrasar mais ainda.
Seus olhos se voltam para os meus e depois ele se aproxima e começa a fechar os botões. Quando termina solto o ar que nem percebi que estava prendendo.
Ignoro totalmente nossas respirações alteradas, e finjo que está tudo normal.
Ainda bem que o vestido cobre toda a parte do ombro e não da para ver que já se curou.
Isso me pouca argumentos que nem tenho.
Chamamos as crianças e descemos todos juntos para o tal café da manhã com o velho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
REENCARNEI COMO A MADRASTA DOS FILHOS DO PROTAGONISTA SECUNDÁRIO
RomanceDepois de perder a mãe, Hana se encontra sozinha e sua única felicidade até então é ler novels, mais unicamente as de fantasia e que envolvem famílias. Uma noite, depois de voltar do trabalho Hana adormece após terminar de ler sua novel favorita ma...