Capítulo 2: O dançarino e o copo voador

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Eu poderia dar muitos conselhos para quem vai viajar pela primeira vez por uma fenda dimensional, mas o melhor deles é sem dúvidas: Nunca vá de barriga cheia. Assim que meu corpo foi puxado para dentro comecei a girar em uma velocidade tão alta que meus miolos pareciam que estavam querendo saltar pelos meus ouvidos, meu estômago virou do avesso e voltou ao normal tantas vezes que nem sequer sei se ele está da forma certa ainda, e por incrível que pareça tudo isso aconteceu em um intervalo de menos de um minuto. Quando finalmente senti o chão sobre meus pés, e o calor do sol na minha pele, desabei e coloquei os bofes para fora.

Depois de cerca de cinco minutos tremendo, reuni forçar para abrir os olhos e observar o ambiente, foi quando vi onde estava, no meio do oceano em cima de um cruzeiro de luxo. Ao redor de mim, algumas pessoas usando roupas extravagantes vem e vão em quantidades grandes, a maior parte delas não se importa com minha presença, e somente algumas parecem me olhar diretamente, mas acabam me ignorando como se fosse mais um dia de terça feira.

— Ah, aí está você novato, não vai se perder. — Ouço a voz rasgada do Héctor, e logo em sequência ele me puxa pelo colarinho da blusa, me ajudando a ficar de pé.

— Onde estamos? — É a única pergunta que consigo fazer enquanto ainda estou desorientado.

— Gaerl não lhe contou como você iria viajar para Galliot? Hmm, típico desse velho. — Ao falar isso ele olha ao redor com medo, como se Gaerl fosse saltar de trás de algum desses adultos extravagantes.
— Voltando ao assunto, a única forma de ter acesso a Galliot, é por meio de uma passagem no oceano, que apenas poucas pessoas conhecem, uma forma prática de esconder nosso reino dos olhares humanos, a viajem vai durar cerca de um dia, então vou lhe levar para um quarto onde vai poder descansar. — Héctor diz começando a andar rumo ao interior  do cruzeiro luxuoso.

Sigo ele por corredores belíssimos,
por todos os lados pessoas vestidas das mais variadas formas falam alto e se cumprimentam, todos galantes e chiques, depois de virar na esquina do corredor vejo uma porta, com um enunciado em cima dela: Área de descanso. Héctor abre essa nova porta e vejo um novo corredor, mas dessa vez com portas enumeradas de 1 até um número que não consigo enxergar.

— Infelizmente por hoje ser um dia movimentado o cruzeiro está com falta de quartos, então estamos colocando três em cada um, vou te colocar junto a alguns colegas que vão estudar com você. — Héctor diz desviando sua cabeça de uma luminária que estava pendurada no teto, ele bufa alto e continua o caminho.

Algumas viradas de corredor a frente, ele para em frente a um quarto de numeração 545, a porta tem uma plaquinha com os dizeres: Reservado.

— Chegamos. — Héctor anuncia estalando os dedos, minhas malas somem em um piscar de olhos, ele se vira para mim e prossegue — A partir desse ponto seguirá viagem sozinho, boa sorte Cristian Luke, que o sol sempre lhe acompanhe mesmo nas noites em que a lua brilhe forte. — Com essa saudação, ele se despede e segue corredor a fora.

Meu coração começa a palpitar a medida que me aproximo da porta, o medo me deixa paralisado por um momento, seguro com a mão esquerda meu cola e levanto a mão direita, mas antes que sequer minha mão chegue a porta, ela é escancarada e um copo acerta com força minha cabeça.

— OLHA O COPO VOADOR! — Uma voz estridente rasga o ar junto a uma risada alta, eu quase vou ao chão pela força que fui atingido. Quando olho para dentro vejo uma das cenas mais inusitadas da minha vida, um homem sendo levantado pelo pescoço por outro mais alto.

O que está segurando, tem uma expressão jovial, não aparenta ter mais do que 16 anos, usando roupas largas e pretas, no braço usa pulseiras feitas a mão, na orelha um brinco grande, na sobrancelha um piercing de caveira reflete a luz do quarto, mas o que me rouba a atenção acaba sendo a cor de sua pele, cabelos e olhos, brancos como neve, tão branco que reflete a luz.

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