Entrelinhas e sentimentos.

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Bianca já não mais sabia como estava no mesmo ambiente que Rafaella há tantas horas e se encontrava inegavelmente á vontade na presença dela. Duas garrafas de vinho vazias se encontravam no canto da bancada e uma outra já na metade embalava a conversa agradavel que ambas partilhava sem nenhuma noção da hora, tão pouco do sol que já dava seus primeiros sinais em forma de fracos raios solares numa quarta feira ainda nublada. Rafa já havia feito basicamente todas as perguntas sobre a gestação independente da outra, sobre a vontade repentina de assumir a maternidade ainda tão nova e descobriu não ser algo tão repentino assim.

No momento em que Kelly saiu do que seria seu quarto e se surpreendeu com a presença da carioca no local, foi quando a dona da casa se deu conta do tempo que haviam passado imersas naquela troca tão sincera e leve. A mulher mais velha cumprimentou ambas com um breve bom dia e se retirou, indo pra cozinha preparar o café como em todas as manhãs.

— Eu acho que já passou da minha hora... - Bia murmurou e Rafa assentiu, a ajudando a se levantar do sofá ao estender uma das mãos. o arrepio que sentiu foi inevitavel e mesmo em estranhamento, sorriu de canto acompanhando a outra até o lado de fora, onde não mais chovia.

— Certeza que não quer ficar? Ou pedir um uber, a gente bebeu bem, Bia...

—  Relaxa que precisa de mais que isso pra me pegar, Rafinha... - brincou e sorriu de canto —  Mas se te traquiliza, a minha mãe mora no seu condomínio. É daquele lado ali...

Bianca apontou na direção e a mineira acompanhou com o olhar, assentindo e de fato se sentindo mais tranquila. A proximidade das duas era algo tão natural que sem que percebessem, seus corpos a todo tempo pediam por um contato e se perdiam ali. Andrade recosta na porta do seu carro e se perde analisando Rafa que também o fazia consigo. Os olhos se perdiam um no outro de forma tão clara e ao mesmo tempo tão confusa que era praticamente palpavel.

As mãos da mulher mais baixa se apossam da cintura da outra sem nenhum tipo de receio. Talvez pelo alcool ingerido, ou pela troca, - flertes, subtendidos que se estendeu ao longo da madrugada/manhã, mas não recebeu uma oposição. Rafaella sentia seu peito doer em batidas desenfreadas que impediam sua linha de raiocinio seguir reta. Sentia-se perder cada vez mais nos olhos castanhos tão claros e intensos no formato de gotinhas que secretamente gostava tanto. No instante em que seus corpos colidiram delicadamente e o frio do sereno fez um suspiro baixo escapar dos lábios de Kalimann que quase pareceu proposital, o que fez um sorriso escapar dos lábios de Bia que já lutava contra sua propria vontade de encurtar ainda mais a distancia entre elas.

— Pra eu te beijar, você vai ter que pedir. Sabe disso, não sabe? - perguntou, não medindo a rouquidão afetada na sua voz, tão pouco o tom baixo. — Não adianta me olhar com essa cara.

—  Que cara? Não tem cara alguma... - a resposta se deu com o tom mais cinico que já havia ouvido e isso a fez rir. Rafaella então, em um surto de coerência optou por se afastar de uma vez antes que seus reflexos involuntarios lhe traissem de vez. — Eu acho que pra conseguir que eu peça pra cê me beijar, vou precisar de no minimo um encontro antes. Então talvez você desista... ouvi por aí que a Boca Rosa não saí em encontros.

— É impressionante o rumo que as fake news estão tomando hoje em dia, não é, garota?! - expressou-se com divertimento e se sentindo revitalizada pela injeção de expectativas que acabara de tomar. —  Eu vou providenciar esse encontro antes do que tu imagina. - murmurou mas acabou por desencostar do carro e beijar o canto dos lábios da mineira, resvalando seu nariz no dela tão delicada que Rafa suspirou ainda mais rendida.

Tinha total ciência de que se Bia não entrasse naquele carro, a agarraria sem pensar duas vezes.  Não sabia o que se passava consigo mas definitivamente não tinha cabeça pra pensar naquilo naquele momento em expecifico então apenas observou a mais baixa entrar no carro e bater a porta, sorrindo irresistivelmente e buzinando pra outra em despedida antes de trocar de rua, deixando uma Rafaella completmednte confusa e um pouco bêbada pra trás.


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