Em meio a tormenta, um refúgio.

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Os minutos daquele dia passavam arrastados, tornando o olhar para o relógio um martírio. Bianca tinha compromissos na cidade maravilhosa e esteve absolutamente inquieta o dia todo. Sua agitação não passou despercebida por alguns membros de seu time e, principalmente, por sua mãe, a quem se juntou em seu restaurante para desfrutar de um almoço saudoso.

Mônica Andrade era dona de uma rede de restaurantes nacionais. O ambiente requintado atraía pessoas de todos os lugares, com o objetivo de provar a comida italiana tão bem falada e conceituada. Bia compartilhou com sua mãe o motivo de sua agonia, entre uma colherada e outra da sua segunda sobremesa, e recebeu, como sempre, os melhores conselhos.

Sabia que sua mãe seria sempre a melhor em acalmá-la, seja qual fosse a situação. Então, depois de comerem, passaram o restante da tarde no shopping escolhendo a roupa que usaria naquela noite.

Não muito longe daquele local, Rafaella vivia seu dia de forma monótona, perdida em pensamentos. Seus compromissos foram finalizados com perfeição, como sempre. Participou das atividades que havia separado para Alice, buscou Maya em todas as aulas que a menina fazia, mas seu coração só se serenou no instante em que as três se deitaram para assistir um filme e acabaram cochilando.

Por volta das cinco e meia, Rafaella levantou para começar a organizar alguns petiscos e colocar as bebidas para gelar. Sabia que estava convidando a mulher que tinha um alter ego propício a aparecer quando o álcool entrasse em cena, e pela primeira vez isso não a assustou. Sorriu com esse pensamento e logo que ouviu os passinhos descerem as escadas, se virou com um sorriso.

Por volta das oito, Rafaella já estava arrumada o suficiente para justificar sua angústia. Não queria parecer exagerada e tão pouco desleixada, então deixar os pés descalços e usar um vestido preto elegante que cobria até os joelhos, juntamente com um decote um pouco mais extenso ornado com uma fenda na perna, foi sua melhor escolha.

Mal teve tempo para pensar em se trocar ou retocar a pouca maquiagem que usava, pois seu celular lhe chamou a atenção e a fez sorrir largo, sentindo as borboletas no estômago que estavam se tornando assustadoramente frequentes.

— Nenhum segundo de atraso; devo confessar que estou surpresa. — A voz melodiosa soou aos ouvidos da carioca, que era só sorrisos.

— Essa minha má fama... — brincou, já adentrando o ambiente acolhedor e bem mais quente do que o exterior.

— Sempre me precedendo; preciso melhorar. — Claro que precisa. — zoou de volta e perdeu alguns segundos reparando no short curto com o cropped que a outra usava, sendo coberta apenas pelo casaco fino que Bia logo tratou de se livrar.

— Eu deixei algumas coisas prontas pra gente. A dona da casa falou, retomando seu raciocínio em linha reta e já seguindo para a cozinha.

Não entendia suas próprias reações e estava tentando fazer isso, então definitivamente não facilitaria as coisas pra sua companhia. Bia, por outro lado, mal podia conter sua ansiedade. Aceitava e abraçava cada sensação que estar na presença da outra lhe acometia, não dando margem alguma pra insegurança ou qualquer coisa que fosse negativa à felicidade constante, afinal, se sentia bem com aquela aproximação repentina. Tinha bons pressentimentos.

Rafaella seguia falando sobre as bebidas que havia separado, os petiscos que comeriam e sobre a música. Sua voz deixava os sentidos da outra levemente embargados, e tudo o que conseguiu assim que deteve seu drink em suas mãos foi segurar a cintura da mais alta e trazê-la para si

— Tu não me cumprimentou direito, por que? – perguntou mais baixo do que deveria e sorrio de canto. sorriso esse que desarmou rafaella dos pés a cabeça. — Uhm?!

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