Capítulo 02

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Capítulo 02

Você deveria entrar...
Me sento na cama e abraço os meus joelhos, com força. Para assim parar com a tremedeira, de quem é a voz? Porque não posso me virar e ver o rosto. Sei que é um homem, mais quem?

— Saia! — Ouço minha mãe gritando e um estrondo logo em seguida.

Pulo da cama meio atrapalhada e abro a porta e sigo pelo corredor, vejo minha mãe lutando com um soldado e um fogo lá fora, e muitas lanças e pessoas gritando. Tudo acontece em um piscar de olhos e mesmo assim o tempo se arrasta.
Sei que estou indo até ela aos tropeços, porque tenho ciência que minhas pernas estão bamba, mas a fúria também está correndo. Tenho noção que as pessoas estão gritando de bruxa lá fora, e quando alcanço minha mãe que ainda luta com o soldado, ela grita, chuta e arranha sem parar.

— Solte! — falo dando socos no braço do covarde. Ele olha para mim e com rapidez me empurra pro lado, mas eu não desisto e vou pra cima novamente. Mas ele contava com isso e me bateu, deixando-me tonta por uns segundos.

Com o que aconteceu minha mãe parou de lutar e isso bastou pra ele jogar ela em cima dos ombros com aquela armadura odiosa. Ele me olha com nojo e segue porta a fora, levando ela. Eu não perco mais tempo e o que encontro é a visão do inferno todos do vilarejo estão aqui, crianças, mulheres e homens "todos".
E os soldados, um grupo de mais de sessenta homens, um pequeno exército de brutamontes e em um cavalo branco está ele, o Lorde Octavius com uma tocha nas mãos, ele olha pra minha mãe e sorri. Então aponta para pilha de madeira. Grito para parar, ele olha pra mim e faz um sinal, e dois outros soldados me seguram.

— Solte a menina — Isaías sai de dentro da multidão — Ela não tem evidências de bruxaria!

—Ela é um risco mesmo assim, pode acabar fazendo alguma bobagem — simplesmente responde o lorde.

Meu sangue esquenta de raiva, todos eles são traidores supersticiosos e um bando de covardes. Minha mãe parou de lutar, ela só tem olhos para mim, vejo seu belo rosto banhado de lágrimas. Ela me dá um sorriso e diz mais sem emitir som algum "vá para floresta" eu balanço a cabeça em negativo. Como posso? Não quando estão amarrando os punhos dela e as pernas não, quando vejo que Lorde está agora jogando a tocha na pira de madeira e uma enorme fogueira se acende, eles vão queimar ela como uma bruxa que eles julgam ser.
Isaías para ao lado com os olhos arregalados de horror, mas o ignoro é tão culpado quanto. Minha mãe me dá seu último sorriso, e inclina a cabeça para direção da floresta novamente, o grito que solto, é brutal e agudo quando olho sem poder fazer, eles a jogam no fogo. A multidão grita, alguns de benção, outros de horror e outros só sorri.

O Lorde Octavius olha para mim agora e levanta a sobrancelha grisalha, me desafiando.
Mas eles tiraram tudo de mim, bem não vou dar a satisfação de lutar, que venham então! Isaías olha de um para outro. E mas rápido que já vir agir ele chuta um dia soldados que me segura bem no meio das pernas e vai pra cima do segundo, me deixando livre.

—Vá — ele grita e leva um soco.

Olho uma última vez pra ele, não vou perdoar, não quando teve a chance de me avisar antes, não aletas.
Ele sabia e mesmo assim não disse, apenas que o povo suspeita!
Corro o mais rápido que minhas pernas permite. Ao longe ouço ordens para me seguir, cães latindo vindo atrás de mim. Mas não paro, desço a colina escorregando, e tropeçando.
Sinto uma pulsação me chamando para o meio da floresta, como se ela soubesse que estava em apuros. Consigo ouvir que os soldados estão perto me chamando de "bruxinha" mas não olho para trás.
Não consigo ver nada adiante, meus olhos estão se acostumando com a escuridão do bosque. Meus pulmões queimam e gritam, meus pés estão machucados, mas para onde eu vou?
Não sei responder isso também, então paro de correr perto de uma clareira, com a respiração pesada.
Mas o último fôlego meu me escapa, já bem na minha frente está o fosso. Os latidos dos cães estão se aproximando, tenho duas opções: morrer nas mãos deles, ou a queda à frente. Então tomei minha decisão e sigo para o abismo.

                          °°°

Meu corpo está caindo, consigo sentir o impacto que logo virá. Está frio, muito frio.
É assim a morte? Fria e escura?
Mas também há presença, uma antiga e pesada. Reconheço e a procuro na vasta escuridão.

— Oras... — diz uma voz fria e terrível — Que surpresa o destino não?

Meu sangue congelado pareceu esfriar ainda mais, não consegui me mexer, mas ainda sentia a queda — Quem é você? — pergunto e meus lábios quase grudam.

—Não se lembra de mim — estala a língua — Fico magoado.

Por favor.

— Por favor o que? — diz e sua respiração está bem atrás de mim quente — Está com medo?

— Sim — digo.

Quer me ver?

— Não — então digo — Não, sei na verdade? Você é a morte?

A coisa ri — Morte eu que blasfêmia, sou um guardião.

— Guardião? da morte — ouso.

Você é igualzinha a sua mãe.

— Conhece minha mãe? — meu coração parece que vai sair do peito — Como?

Quem você acha que a levou para terra dos humanos?

Terra dos humanos como assim?

"Também sei ler mentes" disse a voz da criatura na minha cabeça. Dou um grito.

Quer respostas, menina? Quer saber da onde você e sua mãe vem?

                            °°°

Agnes

A clarividente se olhava no espelho e gostou do que viu, seu vestido preto com couro e linhas de ouro. E suas jóias também de ouro dão um ar de tesouro, um tesouro de dragão. E pensando em dragão ela deveria ver sua montaria.
Estava tão ocupada com a visão que se preparou durante os dois dias que seguiram a visão. Mas se ela tivesse sido sincera estava com medo de falhar. Não poderia, não de novo.
Reunindo coragem ela subiu a escada para ir ao encontro do seu senhor.

Sua caminhada demorou um pouco, pessoas passando fazendo reverência e pedindo bênçãos para o Norte. Todas ela ignorou, estava nervosa e não queria ouvir ninguém.
Seguindo para as portas duplas do salão privado do seu senhor, já ia pedir para abrir quando elas foram abertas por Klaus, o guerreiro passou por ela com o rosto tomado pela fúria. A clarividente abriu a boca para perguntar se tudo estava bem, quando ele seguiu pensando firme e colocou o elmo.
Definição de que tudo estava indo mal então. Se ele nem mesmo parou para fazer suas implicâncias. Um tremor percorreu o castelo, ela fechou os olhos e fez uma oração para seus deuses.

— Meu senhor — saudou a clarividente, olhando para o grande macho debruçado sobre um mapa das terras de Uden, ele levantou a cabeça e seus olhos cinzas a olharam e depois voltou para mapa mas resmungou um comprimento.

— Agnes.

— Tenho informações que podem ajudar — ela engole, mas sua garganta já estava seca — A responder algumas de suas perguntas...
Seu senhor esticou as costas largas, e sua altura monstruosa e disse em um tom baixo e rouco, como se falar com calma fosse difícil.

— Seja mais clara, clarividente! — ordenou.

Com toda sua coragem, ou a que restava dela Agnes falou — Eu, tive uma visão que ela virá para este continente e está perdida. Você vai ter suas respostas quando enfim a encontrar.

Ele apenas rosnou um "hurt" e se virou para as janelas que formam um arco, sua armadura toda preta sendo engolida pela escuridão. Seus cabelos grandes e brancos soltos as costas são a única luz que vinha dele.
Agnes perguntou se deveria sair, já que ela jogou a bomba em cima dele. Ele vinha procurando por décadas a mulher de cabelo beijada pelas chamas, desde que sua mãe a antiga clarividente teve a visão que esta mulher iria mulher o curso da guerra, e ele deveria ser ele a achar.

O chamado do Norte Onde histórias criam vida. Descubra agora