CAPÍTULO 116: Na Visão de Quem Vê

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[Narraso pelo Autor]

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As coisas pareciam calmas para quem assistia do lado de fora. Mas tudo estava bem conturbado para quem presenciava a experiência.

Na visão de Diogo, ele estava sentado na beira do parapeito de um prédio de vinte andares, ao lado Igari, um Djinn bem hiperativo que o fazia rir o tempo todo. Seus truques não funcionaram contra Diogo, então a única saída foi conversar diretamente com ele e seguir o conselho de Anael. Diogo precisa conversar com pessoas que procuram redenção, assim como ele... assim como Zadril necessitava antes de buscar a própria destruição. Todos se sentem culpados diante dos recentes acontecimentos. Eles sentem a presença do caçula em Diogo e cada um queria passar um certo tempo com ele, mesmo sendo bem difícil. Cada um queria se redimir pelos erros do passado e Igari foi direto ao assumir seu erro e pedir perdão ao Diogo, mas Diogo sabia que não era o trabalho dele perdoar ninguém. As pessoas precisam aprender a perdoar a si mesmas, para assim terem a mente limpa e tranquila. Zadril também não foi um dos melhores irmãos, mas é claro que o destino dele poderia ter sido diferente. No entanto agora é tarde. Mas Diogo... eles são tão parecidos que chega a assustar os Jinni. Bem que Anael os alertou.

Igari: — Fim de conversa, meu chapa! Hora de eu te ensinar umas coisinhas que eu sei.

O Djinn pulou do topo do prédio. Diogo não sentiu medo algum, só acompanhou. Sentiu como se estivesse caíndo de verdade, mas prestou atenção no novo amigo. Igari cerrou os punhos e apontou os braceletes contra o chão antes de cair. Ao se chocar contra o asfalto, foi protegido com uma aura dourada, rachando a estrada, mas sem ele receber um arranhão. Diogo rapidamente o imitou. Mirou com o bracelete e gerou um escudo dourado ao redor de si, que amorteceu sua queda, mas destruiu a rua.

Igari: — Isso mesmo, amigo! Agora... vamos falar de raiva, meu caro. — toda a estrada desapareceu, e o cenário foi tomado pelo branco absoluto. — Sou um dos espíritos do fogo, engrandecido pela chama interior que cada ser possui. Todos nós possuímos nosso lados, nossos outros lados para outros lados ao lado de... mais lados. O lado que nós demonstramos aos amigos próximos... o lado que mostramos para amigos distantes. O lado que os parentes distantes veem... o lado que a sua família vê. O lado que você mostra para desconhecidos... o lado que você mesmo vê. O lado que você vê em si está nu. Nu e cru. Diante de um espelho você vai enxergar uma paisagem secundária gerada por uma fonte direta de reflexão. O lado que você enxerga em seu reflexo não chega aos pés do lado que você enxerga em si mesmo, cru e nu, despido e incandescente.

A criatura, usando a forma do pai de Diogo, deu a volta nele e deslizou as mãos por seus ombros, causando formigamentos em todo seu corpo.

Diogo: — Não estou entendendo...

Igari: — Dentro de ti há poder, há entendimento, há autoridade, há a capacidade de impor sua voz diante da repressão eterna dos mortais e dos imortais. Eu quero essa chama em você, meu caro amigo. — riu de uma forma esquisita. — Você tem sido acolhido, tem sido um sentimento de apego e afeto. Hoje quero te conhecer como o fogo que queima com voracidade, uma voz acima de muitos. Seu pai... — na hora todas as expressões ruins vieram para o rosto do garoto. — Seu pai. Lembre-se das surras com galhos de pitangueira. A queimação em suas mãos... em suas pernas.

Manchas avermelhadas começaram a surgir nas mãos e nas pernas de Diogo, o assustando. O garoto se afastou com medo e sua respiração se alterou.

Diogo: — Não... pare! Por favor, pare!

Igari: — Dói, não dói? Sofrer a dor pelos erros dos outros. O fogo cresce na criança que adormece. Quanto mais a dor aumenta, mas a sua criança se entrega a uma morte terrível. Isso queima, não é? — as marcas vermelhas em seu corpo começaram a sangrar e Diogo estava entrando em desespero. Enquanto isso a criatura que o torturava com seu passado ria. — Sim, esse fogo... as vontades repentinas não foram de atentar contra si mesmo. Por um momento tu querias ter uma voz. Todavia tu tens essa voz e eu quero ela.

ABOOH - CONTINUAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora