[Narrado pelo autor]
Desaparecer daquela forma não era comum, nem mesmo para feiticeiros. Joaquim não sabia dizer o que aconteceu e Marcus ainda estava imóvel tentando raciocinar. Sua primeira ação pós o ocorrido foi pegar o celular e tentar ligar para Thay. Mas o celular parecia estar desligado. Ele tentou Carlim, mas também nada. Nem Otávio atendia, o que já é muito estranho por si só.
Horas tentando ligar, mas ninguém atendia. Ele mandou Joaquim dormir e ficou tentando contato sem sucesso algum, até desistir. Já estava amanhecendo e nada. Falou com sílvia sobre o acontecido e perguntou o que ela sabia sobre “desaparecer em chamas”, já que fogo é o lance dela. A família dela tinha muita prática com teletransporte por fogo, mas apenas os mais velhos. Tal habilidade não foi ensinada a ela, já que Ástria foi destruída quando ela era bem jovem. Muita coisa dos mais velhos foi perdida com a extinção dos Kakinaire. Mas fogo verde? Ela nunca ouviu falar. Não é como o fogo azul. Barão pode ter apenas se teletransportado, ou se enviado até a morte, ou... sei lá. Vindo de um feiticeiro e não um kakinai, ela não sabe o que pensar exatamente. Mas Marcus ouviu dizer que Thay precisava de ajuda. Talvez... ele só tenha ido pra onde Thay está. Parece que os dois estão bem próximos ultimamente.
Enrico: — Ah... perdão a intromissão, mas... eu já vi algo assim antes. Tipo, não com fogo verde. — Marcus e Sílvia se viraram pra ele. — Quando eu me envolvi com aquela gangue, tinha uma menina que controlava o fogo. Chamavam ela de Mestiça. Não sei o nome real, mas ela conseguia se... não sei, ela se transformava em fogo comum e desaparecia. Ela sempre voltava depois, e usava isso pra fugir de treta. Normalmente ela voltava pelada, mas não sei se é efeito do fogo ter queimado as roupas dela, ou porque ela era doida da cabeça mesmo.
Sílvia: — Faz sentido ser teletransporte. Pra minha raça isso era desgastante. Talvez seja pra qualquer um, por isso essa Mestiça só use em casos de fuga. Enrico pode ter razão. Talvez seja só teletransporte.
Marcus: — Depois de tudo o que vivi, sei que o fogo muda de significado de acordo com a cor. Pode ser e... pode não ser. — suspirou. Mais uma vez pegou o celular.
Sílvia: — Eles não vão atender, cê já tentou a madrugada toda.
Marcus: — Vou ligar pro Mickael.
Dessa vez não demorou tanto. Mickael atendeu no terceiro toque. Apesar de ainda ser sete da manhã, a voz dele parecia animada.
Mickael: — Fala.
Marcus: — Nossa. — riu e Mickael respirou fundo.
Mickael: — Perdão, é que estou no meu hospital e estou cheio de trabalho. Sem tempo pra simpatia. Seja direto. — Marcus suspirou.
Marcus: — Você tem notícias da missão do Otávio, Carlim e Thay? — deu pra escutar que Mickael prendeu a respiração. Parece que ele tem, mas não quer falar. — Me diga, por favor. Sei que você sabe de algo.
Mickael: — Tchau, Marcus.
Marcus: — Não, não, não, não, não! Não desligar, por favor! M-me perdoe por...
Mickael: — Vou perguntar. — interrompeu-no — Mas Philip não está agora. Alguns Diractre foram convocados para ir à Grécia, provavelmente chamados pelo Tavinho. O que eu sei é que há criaturas feridas por lá, então meu navio médico foi também, levando todos meus alunos e quase todos meus colegas de trabalho. É por isso que estou muito atarefado aqui. Se eu conseguir notícias, eu aviso.
Marcus: — Obrigado, e... perdão. Fui idiota. Mas volte, por favor. Você não terminou de estudar e deixou uma bagunça no meu laboratório. — Mickael riu, trazendo um sorriso para Marcus também.
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ABOOH - CONTINUAÇÃO
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