Capítulo 4.

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Anahí resolveu então que estava na hora de falar com Alfonso.

Acordou decidida naquele sábado. Não seria uma conversa fácil e ela sabia disso, mas seria sim uma conversa necessária e inevitável.

Deu uma ultima olhada no espelho antes de sair e viu ali refletido as marcas dos últimos dias. Todo choro, magoa e tristeza estavam presentes em suas olheiras, seu olhar triste e sua postura derrotada. Tentou disfarçar com um pouco de maquiagem mas não resolveu muito.

Alfonso também não estava muito melhor. As noites mal dormidas e a culpa eram visíveis em sua expressão. Pensou em ir até o apartamento dela, afinal ele ainda tinha a chave, mas seria pior se assim fizesse.

...

Anahí parou por um segundo, respirou fundo, lembrou das palavras que Christian havia lhe dito, e com o ultimo fio de coragem que lhe restava tocou a campainha da casa de Alfonso.

Alfonso não poderia imaginar quem podia ser a maluco a perturba-lo em uma manhã de sábado. Qualquer um que o conhecesse um pouco melhor saberia que ele não estava bem para visitinhas matinais.

Levou um susto ao abrir a porta e se dar conta de quem se tratava. Um susto bom, um certo alivio. Ela estava ali na sua porta, ela tinha ido lhe procurar:

- Annie! - A voz dele saiu como um sussurro, estava tão feliz em vê-la que se quer reparou o quanto abatida ela estava. Sua vontade era abraça-la, cair de joelhos e pedir perdão até a morte se fosse preciso, mas naquele momento ele estava maravilhado demais em ver Anahí depois de tantos dias, para conseguir ter qualquer outra reação.

- Precisamos conversar. - Ela disse.

- Claro... Entre! - Ele deu passagem e então ela entrou. Se sentiu péssima ao voltar ali. Antes adorava aquela casa; não era muito grande e ele tinha se preocupado em deixar o lugar com a cara dele, sem esquecer de dar pequenos detalhes que fosse a cara dela, como vasos de flores colocados aqui e ali, agora porem aquela casa lhe dava vertigem. Olhou para um porta-retratos na sala de estar, aonde os dois apareciam felizes, uma realidade completamente distante agora, pensou ela.

- Eu preciso saber - Ela respirou fundo criando coragem para perguntar - Por que você me traiu? - Então ele percebeu a magoa nos olhos dela e o alivio que sentiu ao vê-la se fez medo. Ele imaginava porque ela estava ali.

- Eu não sei, Annie... Eu sou tão idiota. Eu estava chateado; merda! Você precisa me perdoar. - A voz dele era descontrolada.

- Você já tinha me traído antes? - As lagrimas queriam sair, mas ela não choraria. Já tinha chorado o bastante, ou ao menos achava que tinha.

- Poucas vezes. - Ele admitiu. Poderia ter mentido, dito que aquela foi a unica vez, mas já tinha errado tanto, e vê-la ali tão fragilizada não o deixava continuar errando assim.

- Quantas vezes? - Ela quis saber.

- Quatro ou cinco. - Confessou. Aquela conversa já o estava deixando a beira da loucura e do desespero. Seu estomago revirava e sentia sua garganta queimar - Me perdoa, Annie. - Pediu novamente.

- Quatro ou cinco? - Ela ironizou sentindo os olhos arder, já não seria mais possível controlar as lagrimas - Você nem sabe dizer quantas vezes... Talvez sete ou oito...

- Não, Anahí! - Ele esbravejou - Nos últimos anos eu fui fiel a você... Durante quase oito anos eu fui sim fiel a você! - Aquelas palavras não ajudaram em nada, muito pelo contrario, ouvir aquilo; para Anahí, era como ouvir ele dizer que seu amor por ela tinha diminuído, que o respeito tinha acabado e que ela já não era o bastante. - Eu sinto muito ter feito isso...

- Eu também sinto. - E como sentia.

- Me escuta, Annie - Ele então caiu de joelhos diante dela com os olhos marejados. Imploraria seu perdão de joelhos - Eu te amo e você sabe disso. Eu errei feio e me arrependo demais por isso. Me mata te ver assim, está me matando ficar longe de você. Me perdoa, por favor, e eu prometo passar o resto da vida me tronando um homem melhor por você, o homem que você merece. Tudo o que eu preciso é que você me perdoe.

- Eu posso te perdoar; provavelmente eu vou, mas eu não posso mais ficar com você. - Alfonso recebeu aquelas palavras como um chute no estomago.

- Acho que não entendi.

- Eu não confio mais em você, não consigo mais... Eu vou te perdoar, mas acabou.

Anahí então se virou, deixando um Alfonso que nunca gostou que o vissem chorando, de joelhos, com lagrimas transbordando incontrolavelmente, e totalmente sem saber como reagir ao que tinha acabado de ouvir:

- Eu não vou te deixar. Não vou desistir de você. - Ele disse com um tom de voz que era mais como um alerta.

- Você deveria! - Ela respondeu.

Então Anahí se foi, deixando ao lado do porta-retratos a chave que ela tinha da casa dele...

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