Anahí resolveu então que estava na hora de falar com Alfonso.
Acordou decidida naquele sábado. Não seria uma conversa fácil e ela sabia disso, mas seria sim uma conversa necessária e inevitável.
Deu uma ultima olhada no espelho antes de sair e viu ali refletido as marcas dos últimos dias. Todo choro, magoa e tristeza estavam presentes em suas olheiras, seu olhar triste e sua postura derrotada. Tentou disfarçar com um pouco de maquiagem mas não resolveu muito.
Alfonso também não estava muito melhor. As noites mal dormidas e a culpa eram visíveis em sua expressão. Pensou em ir até o apartamento dela, afinal ele ainda tinha a chave, mas seria pior se assim fizesse.
...
Anahí parou por um segundo, respirou fundo, lembrou das palavras que Christian havia lhe dito, e com o ultimo fio de coragem que lhe restava tocou a campainha da casa de Alfonso.
Alfonso não poderia imaginar quem podia ser a maluco a perturba-lo em uma manhã de sábado. Qualquer um que o conhecesse um pouco melhor saberia que ele não estava bem para visitinhas matinais.
Levou um susto ao abrir a porta e se dar conta de quem se tratava. Um susto bom, um certo alivio. Ela estava ali na sua porta, ela tinha ido lhe procurar:
- Annie! - A voz dele saiu como um sussurro, estava tão feliz em vê-la que se quer reparou o quanto abatida ela estava. Sua vontade era abraça-la, cair de joelhos e pedir perdão até a morte se fosse preciso, mas naquele momento ele estava maravilhado demais em ver Anahí depois de tantos dias, para conseguir ter qualquer outra reação.
- Precisamos conversar. - Ela disse.
- Claro... Entre! - Ele deu passagem e então ela entrou. Se sentiu péssima ao voltar ali. Antes adorava aquela casa; não era muito grande e ele tinha se preocupado em deixar o lugar com a cara dele, sem esquecer de dar pequenos detalhes que fosse a cara dela, como vasos de flores colocados aqui e ali, agora porem aquela casa lhe dava vertigem. Olhou para um porta-retratos na sala de estar, aonde os dois apareciam felizes, uma realidade completamente distante agora, pensou ela.
- Eu preciso saber - Ela respirou fundo criando coragem para perguntar - Por que você me traiu? - Então ele percebeu a magoa nos olhos dela e o alivio que sentiu ao vê-la se fez medo. Ele imaginava porque ela estava ali.
- Eu não sei, Annie... Eu sou tão idiota. Eu estava chateado; merda! Você precisa me perdoar. - A voz dele era descontrolada.
- Você já tinha me traído antes? - As lagrimas queriam sair, mas ela não choraria. Já tinha chorado o bastante, ou ao menos achava que tinha.
- Poucas vezes. - Ele admitiu. Poderia ter mentido, dito que aquela foi a unica vez, mas já tinha errado tanto, e vê-la ali tão fragilizada não o deixava continuar errando assim.
- Quantas vezes? - Ela quis saber.
- Quatro ou cinco. - Confessou. Aquela conversa já o estava deixando a beira da loucura e do desespero. Seu estomago revirava e sentia sua garganta queimar - Me perdoa, Annie. - Pediu novamente.
- Quatro ou cinco? - Ela ironizou sentindo os olhos arder, já não seria mais possível controlar as lagrimas - Você nem sabe dizer quantas vezes... Talvez sete ou oito...
- Não, Anahí! - Ele esbravejou - Nos últimos anos eu fui fiel a você... Durante quase oito anos eu fui sim fiel a você! - Aquelas palavras não ajudaram em nada, muito pelo contrario, ouvir aquilo; para Anahí, era como ouvir ele dizer que seu amor por ela tinha diminuído, que o respeito tinha acabado e que ela já não era o bastante. - Eu sinto muito ter feito isso...
- Eu também sinto. - E como sentia.
- Me escuta, Annie - Ele então caiu de joelhos diante dela com os olhos marejados. Imploraria seu perdão de joelhos - Eu te amo e você sabe disso. Eu errei feio e me arrependo demais por isso. Me mata te ver assim, está me matando ficar longe de você. Me perdoa, por favor, e eu prometo passar o resto da vida me tronando um homem melhor por você, o homem que você merece. Tudo o que eu preciso é que você me perdoe.
- Eu posso te perdoar; provavelmente eu vou, mas eu não posso mais ficar com você. - Alfonso recebeu aquelas palavras como um chute no estomago.
- Acho que não entendi.
- Eu não confio mais em você, não consigo mais... Eu vou te perdoar, mas acabou.
Anahí então se virou, deixando um Alfonso que nunca gostou que o vissem chorando, de joelhos, com lagrimas transbordando incontrolavelmente, e totalmente sem saber como reagir ao que tinha acabado de ouvir:
- Eu não vou te deixar. Não vou desistir de você. - Ele disse com um tom de voz que era mais como um alerta.
- Você deveria! - Ela respondeu.
Então Anahí se foi, deixando ao lado do porta-retratos a chave que ela tinha da casa dele...
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New Love.
Roman d'amourAnahí, 23 Anos, estudante no último ano da faculdade de letras. Alfonso, 25 anos, formado em publicidade. Trabalha em uma pequena agência local. Se conheceram ainda adolescentes, na época do colégio. Descobriram muitas coisas juntos, poderiam ter...