Humana?

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Rebecca estava mancando e mal conseguia abrir os olhos, Freen correu até ela e a ajudou a se manter em pé, a levou até a cama de ferro e a sentou ali.

-Becky! O que houve? - Ela perguntou enquanto checava o demônio, seu rosto estava cheio de arranhões, seus olhos não abriam direito.

-E.. Eles - Rebecca gaguejou

-Merda, você ta bem? - A menor perguntou e quase se bateu, merda Freen, claro que ela não está bem sua acéfala

-Dor - Becky gemeu e encostou as costas na parede

-Onde dói, babe? - Freen colocou a mão na testa do demônio para verificar se a sua temperatura fria de sempre tinha mudado, ela estava pegando fogo.

-T.. Tudo, p.. Principalmente aqui - Rebecca choramingou e apontou para o seu peito

-Eu vou dar uma olhada, ok? - Freen se ajoelhou na frente da garota e ela assentiu

Então Freen desabotoou a blusa que Rebecca usava e arregalou os olhos, deixou um suspiro assustado escapar.

O tronco de Rebecca sangrava, arranhões estavam em todo lugar, o peito de Becky estava tão ruim que Freen jurou que vomitaria se isso não fosse piorar tudo.

-Ai porra - Ela murmurou quando viu os arranhões negros espalhados pelo peito da garota, diferente dos arranhões com sangue no resto do corpo de Rebecca, aqueles eram negros e profundos, azuis puxando para o roxo.

Freen se lembrou do estojo que tinha embaixo da cama e tirou de lá, os estojos de primeiros socorros que tinham sobrado nos quartos depois do abandono do hospício serviriam para alguma coisa afinal.

-Eu vou cuidar de você, ok? - Perguntou e Rebecca assentiu

Então Freen tirou soro e gaze dali, ela sabia que aquilo nunca envelheceria, porque como Rebecca tinha dito, nada era como na realidade quando se troca de dimensão.

O soro ardeu na pele fragilizada de Rebecca, ela soltou um gemido falhado, Freen suspirou e deu toques mais leves nos arranhões, quando ela chegou nos arranhões do peito, resolveu não mexer ali, então ela apenas enfaixou a garota e lhe entregou um comprimido para dor, que ela não tinha certeza se fazia efeito em demônios.

-Melhor? - Perguntou

-Um pouco - Rebecca sorriu fraco

-Agora deita aí, você tem que repousar - Freen mandou e ajudou Rebecca a se deitar.

-Eu to sentindo uma coisa diferente - Becky confessou

-O quê? - A menor perguntou

-Minha boca ta seca - A garota de olhos castanhos claros respondeu

-Você deve estar com sede - Freen murmurou e pegou uma garrafa de água

-Você vai enfiar uma garrafa na minha boca? - Rebecca arqueou uma sobrancelha

-Chama-se beber água - Revirou os olhos e colocou a garrafa com cuidado dos lábios da garota, que bebeu a água curiosamente.

-Isso me deixou melhor - Comentou

-Claro que deixou, água mata a sede - Freen fechou a tampa da garrafa

-Mas por que eu sentiria isso? Eu não sou nem sequer humana

De repente os olhos de Rebecca ficaram brancos

-Agora você vai ser humana pelo tempo que nós quisermos, vai desfrutar da fraqueza e das necessidades humanas, depois nos diga o quanto se arrependeu, estaremos prontos para rir de você e lhe transformar num demônio 100% sem alma.

Apenas Rebecca ouviu aquilo, Freen se assustou com seus olhos totalmente brancos, mas não teve tempo de fazer nada, já que os olhos da garota logo voltaram ao normal.

-F... Freen - Becky gaguejou

-Oi

-Eu vou ser humana por tempo indeterminado - A garota de olhos castanhos claros estremeceu

-UKE 

-Eu não sei nem o que um ser humano sente, eu vou morrer, ou implorar de joelhos pra voltar a ser um demônio, é o que eles querem - Rebecca arregalou os olhos e tentou se levantar, gemeu alto de dor e voltou a se deitar

-Pode aquietar! Eu sou humana e sei o que um ser humano sente, eu vou te ajudar - Freen disse

-Merda, isso não pode estar acontecendo - Rebecca suspirou

-Sim, isso está, Rebecca - A menor respondeu

-Agora você precisa descansar - Freen disse

-Ugh, ta bom - Rebecca grunhiu

-Freen - Chamou antes de fechar os olhos

- Oi

-Eu não quero fechar os olhos, e se eu morrer? - A maior perguntou

-Morrer não se trata só de fechar os olhos, Rebecca - Freen sorriu com a inocência de Rebecca

-Você pode deitar comigo? - Perguntou

-Claro, meu amor - A menor disse docemente e se deitou com cuidado ao lado de Rebecca

-Freen, eu acho que eu consigo sentir emoções agora - Rebecca comentou enquanto fechava os olhos

-Por que você acha isso? - Freen perguntou distraidamente

-Porque minha barriga ta gelada, e eu consigo sentir o meu coração acelerar pela primeira vez em anos, e eu to com muita vontade de sorrir, qual é o nome dessa emoção mesmo? - A garota de olhos castanhos claros perguntou

-Você não vai querer saber, Becky - Ela riu e pegou a mão do demônio que agora não era um demônio

-Boa noite, Freen - Rebecca sussurrou

-Boa noite, Rebecca

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Freen acordou com uma respiração quente no seu pescoço, do jeito que aquele hospício era, seus instintos a fariam estapear o que quer que estivesse ali, mas aí Freen se lembrou da noite passada. Ela se virou e deu de cara com Rebecca dormindo tranquilamente.

Ela teve que sorrir, Rebecca estava grudada e abraçada nela como se ela fosse um urso de pelúcia, o corpo embrulhado em bandagens praticamente se fundia com o seu. A Rebecca humana era uma coisa extremamente fofa e abraçável, diferente da intimidante Rebecca-demônio.

Os dedos de Freen passearam até o rosto se Rebecca e acariciaram a pele macia com leveza, Rebecca torceu o nariz e acordou com um olhar confuso que se acalmou quando ela viu Freen ali.

-Hey! Você não morreu - A menor riu

-Acho que eu estou realmente humana - Becky concordou, sua voz estava rouca por causa do aono

-Como você se sente? - Freen perguntou

-Dolorida, uma merda, frustrada, cansada... -

-Wow, isso é bem específico - Arqueou uma sobrancelha

-Eu posso passar o dia nessa cama? - A maior fez bico

-Claro que pode, a gente ta presa aqui - Freen riu

-Que animador. Eu estou presa aqui e estou humana - Rebecca revirou os olhos

-Eu posso te mostrar uma coisa do século 21 - Freen deu de ombros

-Me parece interessante 

𝗙𝗲𝗻𝗼̂𝗺𝗲𝗻𝗼𝘀 𝗣𝗮𝗿𝗮𝗻𝗼𝗿𝗺𝗮𝗶𝘀 - 𝗙𝗿𝗲𝗲𝗻𝗯𝗲𝗰𝗸𝘆Onde histórias criam vida. Descubra agora