De propósito

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Eu tentei ser amoroso.

Tentei me reanimar. Dar uma chance às pessoas, aos amores, às amizades, ao prazer de amar, de verdadeiramente entregar sentimentos bonitos a quem fosse merecedor. Em todos os âmbitos de relacionamento.

Juro, eu tentei.

Furei minha bolha, me dei novos caminhos. Disse a mim mesmo que enquanto eu não chegasse onde queria, sentimentalmente falando, não seria suficiente para mim.

Eu até me afastei de algumas pessoas para saber se o que elas tinham por mim era realmente verdadeiro. Coloquei desculpas em tantas coisas, menos em mim mesmo. E por causa disso, acabei as magoando, de certa forma.

Não tenho certeza.

Eu quis uma virada de chave. Uma nova jornada com nossos ciclos.

Eu tentei demais.

E não é que eu não tenha conseguido.

Só não me deixaram prosseguir tentando.

Me desanimaram.

Me esfriaram.

Não foram recíprocos comigo.

E dessa vez, não foi culpa minha.

E o pior é saber que eu não estou voltando ao que eu era antes. Antes fosse.

Estou sendo frio de propósito. Estou sendo aquém de quem já fui, mas só para mostrar que eu posso ser igual a quem não me deixou ser eu mesmo. Ser recíproco de propósito.

Não é bom. Também não é ruim.

E não me assusta mais como no começo do processo.

Sendo assim, se não para abrir os olhos alheios, e quem sabe tentar fazer o outro reverter e rever suas atitudes comigo, também para me deixar mais alerta com quem verdadeiramente merece todo meu sentimentalismo esbaforido, gigante e bondoso.

Eu não estou voltando a ser quem eu era antes, e isso não me incomoda mais. Aceitei que devo ser assim com quem faz pouco caso do que eu posso dar.

Eu me entrego demais.

Quem me conhece, sabe.

Eu sou mais coração que cabeça. Sou mais emoção que razão. E eu vou continuar sendo assim, só que dessa vez, e por tempo indeterminado, em papéis invertidos.

De propósito.

Apenas pela diversão de saber que eu mereço mais das amizades que considero, dos amores que me apaixono, e do todo que não faz valer a pena tudo que entrego.

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