Nostalgia

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Tenho procurado caminhos nostálgicos para me sentir um tanto confortável com o fato de que eu sou essa pessoa quem vos fala.

Eu não vou mais ser o mesmo de antes.

Tento me sentir feliz e conformado com essa condição. Não como algo ruim, mas sim, algo a se pensar, evoluir e seguir. Evoluir em âmbitos que eu não conseguia me permitir. Seguir uma vida que eu não estava preparado para ter.

Tão leve quanto era.

Tão boa quanto costumava ser.

É muito bom saber e entender que grande parte das coisas pelas quais eu sempre lutei e tentei ser, finalmente estão no lugar correto. Num ponto específico que eu posso sentar e dizer:

"É isso, estou pronto".

E sim, é inegável e talvez até impossível dizer que tudo está posto corretamente em seu devido lugar.

Nem sempre eu vou conseguir, nem sempre eu vou ser feliz e confortável, nem sempre o tudo que já existe vai me deixar satisfeito.

Eu nunca vou estar 100% satisfeito.

Mas às vezes eu terei que aceitar o que é, e o que posso ter e ser. À contra gosto? Sim! Mas aceitarei.

É algo que parando para pensar, também sempre fez parte do que eu já fui algum dia, e talvez, eu não tenha mudado tanto assim. Meus caminhos nostálgicos me fazem refletir muito melhor sobre essas peculiaridades internas.

Não tomo mais decisões precipitadas porque quando sento comigo mesmo e começo a entender melhor o tipo de atitude que eu quero tomar, automaticamente lembro que eu não posso regredir em algo que eu costumava tanto ser. E nunca foi algo bom para mim.

Eu não quero mais regredir.

Não mais, porque ao invés disso, eu posso me acalmar e pensar no tanto de mal que estarei fazendo a mim mesmo. Decisões precipitadas sempre acompanharam um "ser eu" que era inseguro, imaturo, indeciso, e por tanta indecisão do próprio ser, sempre escolhia se precipitar. Talvez "escolher" não seja de fato a expressão correta, quando na verdade era o que dava para ser.

Vamos corrigir isso daqui.

"Decisões precipitadas sempre acompanharam um "ser eu" que era inseguro, imaturo, indeciso, e por tanta indecisão do próprio ser, não sabia o que fazer, e por não saber, lhe restava apenas uma opção: fazer."

Acho que ficou melhor assim.

Sentir saudades de quem eu já fui também é consequência desses caminhos nostálgicos que procuro quase diariamente. Se eu não sentir mais saudades de mim enquanto ser imaturo, nunca vou conseguir chegar no ápice do meu auto contentamento. Nunca vou chegar na plenitude da maturidade.

Existe uma linha tênue bem definida: eu não posso ser como você, meu eu do passado; eu não quero ser como você, meu eu do passado; mas eu posso ser como você, meu eu do passado.

Não sei se deu para entender onde eu quis chegar.

Os caminhos nostálgicos que eu tenho procurado são pontes para eu chegar na ressignificação do meu eu. Às vezes metade de cada, às vezes 60%-40%, às vezes 90%-10%, mas sempre eu. Às vezes meu eu do passado, em outra perspectiva. Às vezes meu eu atual, cada vez melhor e mais confiante. 

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