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01 || Queda Livre, Queda Iminente, Queda Longa

"Precisamos resolver nossos monstros secretos, nossas feridas clandestinas, nossa insanidade oculta

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"Precisamos resolver nossos monstros secretos, nossas feridas clandestinas, nossa insanidade oculta."

Michel Foucault

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129 d. C

Haviam poucas coisas mais belas do que a destruição iminente.

A queda lente de um penhasco invisível, frente uma ameaça silenciosa que cercava e matava pelas sombras... era assim que Visenya Targaryen se via na manhã de seu Vigésimo Quarto Dia de seu Nome.

Uma década havia se passado desde que montou Vermithor, se casou e deu à luz aos seus dois únicos filhos, Rhaegon e Vhaegor. Uma década que assumiu um manto sangrento de intrigas, um manto que a fez trair e mentir deliberadamente e abrir mãos de coisas que prezava, de pessoas que um dia amou e agora eram fantasmas... ainda mais fantasmas de sua vida. Desde o marco em Derivamarca ela já não era mais vista como uma coisinha bonita e recatada por maior parte dos nobres presentes na Corte, ainda que houvessem alguns tolos o bastante para acreditar em sua falsa inocência.

Visenya Targaryen via aquela queda lenta nos últimos anos, uma que era impossível de ignorar de tanta iminência.

A sua própria queda... e daqueles ao seu redor, por mais que tivesse tentado diminuir esse impacto. Havia parado de acreditar que poderia salvar tantas pessoas, como Alicent ou Aemond, e começava a pensar no dia que deveria enfrentá-los diretamente. No dia que não haveria mais decoro, cuidado ou aquele fio de respeito e aquela semente de algum carinho que morrerá em algum tempo que ela já não se lembrava... quedas, tudo se tratava disso.

"Em que dia vamos nos enfrentar diretamente?", ela pensava nas refeições que ainda eram compartilhadas com a Rainha Verde. "Em que dia vamos queimar?", ela pensava em todos os momentos que estava ao lado do marido, tanto compartilhando a cama como durante as brigas. "Em que dia vamos sangrar?", ela pensava sempre que via Aegon e ele lhe oferecia alguma palavra e sorriso, seja ele amigável ou repulsivo. "Em que dia vamos nos odiar?", ela pensava em todas as visitas de Daeron.

E, o questionamento mais forte e mais recorrente, era com o seu Rei e pai: "Em que dia vamos nos despedir para sempre?". Era a sua queda mais perigosa, a mais lenta e iminente... o Rei estava morrendo e já não parecia haver nada que Visenya pudesse fazer para salvá-lo, dada a sua piora significativa nas últimas luas que até mesmo levou a jovem a escrever duas vezes pedindo para que a irmã fosse para a Corte, que se mudasse definitivamente para Porto Real e cercasse o Trono de Ferro o quanto antes.

Para seu descontentamento, Rhaenyra não quebrou a ordem do pai para que a mesma e sua família permanecessem em Pedra do Dragão, apenas enviou seu meistre de confiança para a Corte e uma promessa que em breve estaria ao lado do pai... uma lua havia se passado desde a carta e Visenya sentia cada pedaço do seu corpo remoendo tudo o que a cercava.

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