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- Não parece meio tarde pra colocar um anel no meu dedo? – Perguntei encarando o anel prata com uma bolinha roxa brilhante.

- Quero de volta quando nos encontramos.

- Juama você gostaria de fugir comigo? – Perguntei erguendo a sobrancelha e faz uma cara de desapontado e inclina a cabeça sobre meu ombro, me viro e encaro Ben caminhando até a gente.

- Fica para uma próxima então.

- Achou que ia me atrasar? – Perguntou Ben sorridente.

- Achei que chegaria a tempo para me impedir.

- Impedir? Vou é te jogar nesse avião, a vida te deu uma oportunidade incrível, estou tão feliz e orgulho de você pequena Jess.

- Queria te guarda num potinho. – Disso o abraçando e Zad diz.

- Vou buscar um

café e dar privacidade para vocês.

- Garoto esperto. – Falou Ben observando Zad se afastar.

- Fiz uma boa escolha né.

- Fez, você acertou Nikola. – Ben falou calmamente e com um brilho nos olhos.

- Tem algo que eu precise saber? – Perguntei com o cenho franzido.

- Só que vou sentir sua falta e que te amo muito.

- Eu vou vir te visitar, em seis meses tá ok. E também te amo muito Ben, você é o pai que pedi para Deus.

Ele solta uma risada baixa e limpa uma lagrima no canto do olho.

- Um pai não abandona seu filho Jess.

- E você não está me abandonando, tá mais pra eu tar.

- Você ainda vai crescer muito, eu sinto muito tá, por não te proporcionar coisas boas.

- Você do meu lado foi e sempre vai ser o suficiente do meu lado.

- O que fiz para merecer uma filha tão bondosa?

- Ah, eu tenho um presente para você, de despedida. – Falo enfiando a mão na bolsa. Pego a pequena caixa e o entrego.

- Uma chave? – Perguntou destampando a caixa.

- Chave do carro do Matheus, agora é seu.

- O que? Não, toma de volta. – Disse fechando a caixa mais não pego

- Ben, o carro é especial para mim e quero que ele seja seu, estou te dando porque confio em você.

- Não quero que sua última imagem minha seja eu chorando. – Ele diz virando de costas e aperto um lábio no outro.

Meu voo é anunciado e graças a Deus Zad já está de volta.

- Até um dia. – Disse se levantando, não estou pronta para esse momento.

- Today... – Digo já sentindo lagrimas nos meus olhos.

- And Tomorrow... Tchau Juama.

- Tchau Jess. – Disse deixando um beijo demorado na minha testa.

- Meu Deus menina, arruma esse cabelo. – Disse Kiara passando pela sala. – Já tem quase vinte anos.

Desde que Kiara descobriu que não contei pra ninguém sobre meu aniversário, ela sempre coloca isso nas conversas.

Fiz dezoito anos dia vinte e sete de dezembro e estamos em outubro, ou seja, quase dezenove.

Faz oito meses que não vejo Zad, mas conversamos todos os dias como se fosse um namoro a distância e confesso que gosto disso, vi Marlon e o pessoal no último verão, e eles vieram me visitar com Leo e Kiara, e decidiram se mudar pra cá no Natal, fiquei feliz, minha relação com eles melhorou bastante principalmente com Marlon e Yuna.

Mas ainda não sei se vou ficar aqui, porque Ben e Zad estão lá e quero ficar com eles, Zad provavelmente sabe que eles vão se mudar pelo fato de serem vizinhos e ser amigos de Matt, mas mesmo assim não tocou no assunto então também não toquei.

A verdade é que não vejo a hora de forma mês que vem e volta para os Estados Unidos, vou ficar lá até o Natal, e meu aniversário, Kiara insistiu muito que não passássemos meu aniversário viajando então vamos voltar dia vinte e oito, passar o ano novo aqui no Canadá e depois eu decido o que faço.

Simples simples.

Não gosto muito do meu aniversário porque minha mãe não está nele, mesmo quando ela não a lembrava estava do meu lado, e Ben sempre deu um jeito de me mandar um feliz aniversario ou um bombom que eu amava.

Agora fazer meu aniversário sem a presença dela dói ainda mais o fato de ter demorado tanto a ler a carta dela que perdi a chance e eu daria qualquer coisa só pra ler aquela carta, daria qualquer coisa só pra ter mais cinco minutos com ela.

Espero não ter sido a pior filha do mundo.

Quando enfim Kiara pega sua última mala, Leo comemora e disfarça quando ela a olha, eles fazem o casamento ser algo desejável. Eu quero me casar um dia, mas balanço a cabeça quando penso em Zad, porque estou morta de cansaço depois de um voo tão longo.

- Marlon já me ligou três vezes e nem é meu pai biológico. – Leo diz erguendo o celular o que me faz pensar, o que houve com o pai de Leo.

Mas talvez não seja da minha conta.

Quando Marlon abre a porta Merit corre e me abraça derrubando minhas malas e passando a mão no meu cabelo diz.

- Você estava linda na formatura, que bom que está de volta.

Cada aluno só poderia levar duas pessoas a formatura, então como Kiara e Leo estavam lá eles foram e foi muito legal.

- Que bom vão morar no Canadá, lá é incrível. – Falei saindo do abraço. – De longe a melhor escolha de Marlon.

- Isso porque você não o que ele permitiu. – Disse Yuna sorrindo vindo ao meu encontro.

O que me leva a dois pontos.

Um por que todos estão saindo se eu poderia apenas entrar.

Dois talvez se Leo e Kiara tivesse vindo comigo a atenção não seria focada em mim como estar agora. – Mas Kiara quis ver a mãe dela primeiro e Leo como um bom marido a levou.

- Qual a grande novidade?

- Conto no jantar, vamos entrar. – Disse Marlon colocando todos para dentro.

- Bom te ver. – Disse Yuri subindo para o quarto com uma caixinha de suco.

- Comprimente direito sua irmã. – Disse Marlon colocando as mãos na cintura e Yuri acena me dando um tchau.

- Yuri. – Merit grita, mas ele o dá as costas.

- Está tudo bem gente. – Tento amenizar a situação, porque até eu gostaria de tirar um cochilo. – Nunca fomos próximos mesmo.

- Nem eu. – Comentou Yuna

- Bom. – Começou Marlon. – Jess você conhece a casa, fique à vontade, preciso dá um pulinho na empresa, não demoro.

- Ta bom.

- Juízo. – Disse calmamente saindo e Yuna rir me fazendo semicerrar os olhos.

- Relaxe, querida, pode ir descansar, levo suas malas mais tarde. – Merit diz pegando a mala da minha mão.

- Obrigada. – Falei com um sorriso amigável e fui subir as escadas passei por Yuna e mostrei língua brincando e ela faz o mesmo.

O quarto está do mesmo jeito que deixei, não á nada diferente a não ser a falta de poeira e cobertores novos forrados na cama.

A porta atrás de mim bate me fazendo olhar imediatamente, mas está tudo normal até eu olhar para frente pois um barulho na sacada.

- Porra. – Praguejei baixo indo até a sacada.

Vendo uma pedra e um papel amarrado, sorrio já sabendo de quem seja e me agacho para pegá-la.

Olho para a rua, mas não tem ninguém, abro o papel e leio baixo a mensagem.

- Tenho o benefício dá dúvida, olhe para trás.

POR UM ACASOOnde histórias criam vida. Descubra agora