47

17 4 0
                                    

- Então, vocês se protegem? – Marlon pergunta e arregalo os olhos.

- Da chuva? Claro. – Finjo que não entendi sua pergunta.

- Estou falando de...

- Para. – Corto ele. – Não vou ter essa conversa com você. – Digo sem jeito.

- Devo chamar Merit, então?

- Não. Não quero falar sobre isso porque não tem o que falar. – Esclareço.

- É isso que chama de se afastar? – ele pergunta com certeza lembrando da nossa última conversa.

- Era a despedida. – Brinco sorrindo.

- Sério... Você deveria realmente se afastar.

- E eu vou. – Deixo claro e fica um silencio mortal no quarto.

- Você vai com Isac? – Ele pergunta

- Se eu quiser ir, você deixa? – Pergunto curiosa.

- É. – Ele diz simples.

- E por que não me deixou ir com Ben? Eu queria ter ido com ele.

- Ele parecia querer pegar o meu posto.

- Seu posto? – Franzo o cenho.

- Sim, seu pai sou eu, quero que você e ele saiba disso, se ele precisar de ajudar um dia ele pode contar comigo, eu o ajudaria porque ele é importante pra você, mas se você fosse você me esqueceria porque não me considera seu pai, e eu não consigo permitir isso.

- Já tem três filhos que criou, eu não faria falta. – Indago e ele solta uma risada pelo nariz.

- Dois. Criei dois. E claro, você ainda é muito jovem pra entender isso, quando você vira pai, quando descobre que tem um filho é impossível virar as costas, eu não conseguiria dormir a noite se você fugisse porque agora você é parte da minha vida, mesmo que você não queira e mesmo que tenha me pegado de surpresa.

Ele termina sua fala e concordo com a cabeça, um silencio, não mortal, mas talvez confortável.

- Eu adoraria ficar... – Indago – Se você deixar, eu quero ficar.

- Se você prometer não dar trabalho. – Ele brinca. E me abraça de lado. – Essa casa é sua agora também, sempre pode ficar aqui. – Ele diz calmo.

- Obrigada. – Falo baixo. Segundos se passam e ele ainda está no meu quarto, talvez queira falar da minha mãe.

- Me desculpa. – Peço e ele me olha. – Por não contar sobre a morte da minha mãe.

- Tudo bem, você deve ter tido seus motivos. Agora faz sentido.

- O que? – pergunto.

- Porque você ficava com raiva quando a gente fazia perguntas sobre sua mãe. – Aberto um lábio no outro e assinto com a cabeça. – Mas eu tenho uma pergunta.

- Pode fazer.

- Por que falou que sua mãe estava viajando?

- Porque eu queria acreditar que estava. Porque eu queria me despedir e não conseguir, porque eu sentir raiva de mim mesma por sentir raiva dela, não queria acreditar que não a veria de novo. – Respondo sincera.

- Sua mãe era uma pessoa incrível.

- Não o suficiente pra ficar com ela. – Digo

- Eu não era o suficiente. Meus pais não gostavam dela, e eu não queria magoar meus pais, então preferir magoar a mim mesmo, foi quando decidir não ter nada com Mérida, mais então o sentimento crescia, e eu escolhi ficar com ela no segredo, mesmo já estando com Merit. Isso é história pra outra hora. – Ele diz encerrando o assunto.

- Boa noite. – Falei quando ele se aproximou da porta.

- Boa noite filha. – Ele diz e sinto um frio na espinha.

Depois que ele sai, meu quarto vira um velório, um entrando após o outro, falando eu sinto muito e me abraçando, quando eu só queria dormir e acorda no outro dia. 

POR UM ACASOOnde histórias criam vida. Descubra agora