- Então, vocês se protegem? – Marlon pergunta e arregalo os olhos.
- Da chuva? Claro. – Finjo que não entendi sua pergunta.
- Estou falando de...
- Para. – Corto ele. – Não vou ter essa conversa com você. – Digo sem jeito.
- Devo chamar Merit, então?
- Não. Não quero falar sobre isso porque não tem o que falar. – Esclareço.
- É isso que chama de se afastar? – ele pergunta com certeza lembrando da nossa última conversa.
- Era a despedida. – Brinco sorrindo.
- Sério... Você deveria realmente se afastar.
- E eu vou. – Deixo claro e fica um silencio mortal no quarto.
- Você vai com Isac? – Ele pergunta
- Se eu quiser ir, você deixa? – Pergunto curiosa.
- É. – Ele diz simples.
- E por que não me deixou ir com Ben? Eu queria ter ido com ele.
- Ele parecia querer pegar o meu posto.
- Seu posto? – Franzo o cenho.
- Sim, seu pai sou eu, quero que você e ele saiba disso, se ele precisar de ajudar um dia ele pode contar comigo, eu o ajudaria porque ele é importante pra você, mas se você fosse você me esqueceria porque não me considera seu pai, e eu não consigo permitir isso.
- Já tem três filhos que criou, eu não faria falta. – Indago e ele solta uma risada pelo nariz.
- Dois. Criei dois. E claro, você ainda é muito jovem pra entender isso, quando você vira pai, quando descobre que tem um filho é impossível virar as costas, eu não conseguiria dormir a noite se você fugisse porque agora você é parte da minha vida, mesmo que você não queira e mesmo que tenha me pegado de surpresa.
Ele termina sua fala e concordo com a cabeça, um silencio, não mortal, mas talvez confortável.
- Eu adoraria ficar... – Indago – Se você deixar, eu quero ficar.
- Se você prometer não dar trabalho. – Ele brinca. E me abraça de lado. – Essa casa é sua agora também, sempre pode ficar aqui. – Ele diz calmo.
- Obrigada. – Falo baixo. Segundos se passam e ele ainda está no meu quarto, talvez queira falar da minha mãe.
- Me desculpa. – Peço e ele me olha. – Por não contar sobre a morte da minha mãe.
- Tudo bem, você deve ter tido seus motivos. Agora faz sentido.
- O que? – pergunto.
- Porque você ficava com raiva quando a gente fazia perguntas sobre sua mãe. – Aberto um lábio no outro e assinto com a cabeça. – Mas eu tenho uma pergunta.
- Pode fazer.
- Por que falou que sua mãe estava viajando?
- Porque eu queria acreditar que estava. Porque eu queria me despedir e não conseguir, porque eu sentir raiva de mim mesma por sentir raiva dela, não queria acreditar que não a veria de novo. – Respondo sincera.
- Sua mãe era uma pessoa incrível.
- Não o suficiente pra ficar com ela. – Digo
- Eu não era o suficiente. Meus pais não gostavam dela, e eu não queria magoar meus pais, então preferir magoar a mim mesmo, foi quando decidir não ter nada com Mérida, mais então o sentimento crescia, e eu escolhi ficar com ela no segredo, mesmo já estando com Merit. Isso é história pra outra hora. – Ele diz encerrando o assunto.
- Boa noite. – Falei quando ele se aproximou da porta.
- Boa noite filha. – Ele diz e sinto um frio na espinha.
Depois que ele sai, meu quarto vira um velório, um entrando após o outro, falando eu sinto muito e me abraçando, quando eu só queria dormir e acorda no outro dia.
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POR UM ACASO
RomansaBasta apenas uma carta para mudar a vida de uma pessoa. Quando Jess recebe uma carta onde terá que ir morar com seu pai que nem sabia que existia ver seus planos irem por águas abaixo. Mais nem tudo está perdido, é uma chance de ter a vida que sempr...