POR UM ACASO

19

Quando acordo não me mexo, Zad está sentado na cadeira do lado da minha cama debruçados, aposto que está dormindo.

Não me mexo e nem falo nada, apenas fico fitando o teto, e então eu lembro de tudo. Eu queria pular essa parte, queria não estar sentindo meu coração se abrir em mil pedaços novamente, de toda a minha vida eu não lembro de nada, nada que eu fiz para agradecê-lo, e ele fez tudo.

Viro a cabeça para o lado na tentativa de mudar meus pensamentos mais só piora, a caixa está do meu lado, está em cima da minha cama do lado da minha cabeça.

As lagrimas me invadem, aperto um lábio no outro tentando abafar o som, mais não adianta, fecho os olhos e levo a mão na boca.

Me sinto patética chorando quando devia fazer algo, me sinto patética por ter vindo para cá, me sinto patética por acreditar que minha vida estava entrando nos trilhos.

- Está tudo bem? – Zad pergunta passando a mão no rosto

Na verdade, não sei responder a isso. Minha cabeça está doendo e meu peito parece ter um buraco

- Vá para a sua casa. – Digo em meio lagrimas tentando controlar a respiração e o choro

- Eu quero ajudar você. – Ele fala e limpo o rosto

- Me ajudar? Como? Eu tô bem tá legal. Só preciso de um dia, pra voltar ser a pessoas que vocês odeiam, você pode me dar esse tempo? – Questiono sem paciência

- Nikola...- Ele começa

- Não me chama assim. – Mando me sentando na cama e o choro volta, eu nem pude dizer meu nome de verdade para Matheus ele descobriu sozinho, é o meu nome e agora toda vez eu o escuto lembro de Matheus falando e sorrindo

Porra, como dói a droga do peito

- Não me chama assim. – Repito mais baixo chorando e ele me abraça, ele coloca o queixo sobre minha cabeça e fica ali, mas eu o empurro e me levanto da cama

- Eu não quero um abraço Juama, eu estou bem, estou bem não preciso mais de um dia porque você parece não ter a capacidade de entender isso.

- Você está errada – ele fala – Erradíssima. Eu já perdi minha irmã mais nova e meu pai eu sei como é a dor que está sentindo, acredite eu passei por isso, e toda vez que eu pedia pra ficar sozinho eu não queria isso de verdade, eu queria um abraço, mas eu não tive e eu posso te dar, posso te ajudar há não passar por isso sozinha.

- É tem razão, eu não quero ficar sozinha, mas eu preciso, então sai do meu quarto, sai do meu quarto Juama.

- Por que está me chamando assim?

- Porque é o seu nome. – Indago friamente segurando o choro

- Today and Tomorrow. É isso, é sobre se apoiar e você me manda embora na primeira oportunidade.

- Não quero pensar nisso agora. – Indago e passo por ele abrindo a porta, desço em direção as vozes, e passo pela cozinha, tem muita gente até Kiara está aqui. Até Ben. Ben está aqui.

- Ben. – Minha voz sai em som de súplica, ele se levanta e caminha até mim

- É inútil perguntar como você está... – ele começa a falar mais para ele colocar a mão no topo da minha cabeça e eu pergunto

- Posso voltar com você?