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— Não estou gostando disso.

Isa, Matt e eu já estamos do lado de fora da escola na manhã de segunda, aglomerados para nos proteger do frio. Normalmente, fazemos a corrida nesse horário, mas nessa manhã fomos avisados para nos reunirmos na beira do lago atrás do colégio.

Vejo uma série de barcos de madeira pintados em cores vivas na praia, os remos equilibrados entre eles, e eu posso imaginar qual será a atividade física de hoje.

Como esperado, a dra. McKee caminha até nós, vestida num conjunto esportivo verde e sem graça com o brasão de Gregorstoun sobre o peito. Seu cabelo está puxado para trás, preso num rabo de cavalo alto, e suas bochechas estão coradas de frio e, acho, também de animação. Um apito prateado está pendurado em seu pescoço e ela mal se contém parada no mesmo lugar.

— Estudantes! — ela chama. — Nesta manhã temos um verdadeiro presente para vocês!

— Isso não é um presente — Isa diz em voz baixa, num tom vagamente revoltado. — Esses barcos são o oposto de um presente, esses barcos são…

— Um pesadelo? — completo, e Isa olha para mim, abraçando-se com força.

— Eu ia dizer “pepino”, mas, sim, posso ver que pesadelo faz mais sentido.

— Como é que pepino faria algum sentido? — pergunto, mas ela agora está olhando para a dra. McKee, que está gesticulando em direção aos barcos.

— Como vocês sabem — ela diz —, o Desafio é daqui a apenas algumas semanas. Considerem isso como um aquecimento. Vocês formarão pares com seus colegas de quarto e quem conseguir atravessar o lago e voltar primeiro ganha.

Ah, não. Remar com Vanessa?

Olho ao redor para ver onde ela está e, como sempre, ela está entre Caroline e Ilse, todas as três conseguindo fazer com que seus conjuntos esportivos pareçam muito mais interessantes do que de fato são.

O sr. McGregor dá um passo à frente. Ele está vestindo o uniforme de sempre – um suéter pesado e calças de cor indeterminada –, os tufos de cabelo branco espalhados ao redor da cabeça e a barba parecendo especialmente densa esta manhã.

— E a dupla vencedora — ele diz, erguendo uma caixa de madeira adornada — receberá isto! — Ele então abre o fecho da caixa: — Antigas pistolas de duelo passadas de geração em geração na família McGregor por mais de…

— Ahhh, não — a dra. McKee diz, movendo-se para a frente com as mãos esticadas. — Não, não, não, ninguém vai ganhar uma dessas, sr. McGregor, apesar do… valor inestimável.

As sobrancelhas do sr. McGregor ganham vida própria enquanto ele faz uma careta para ela, mas ele fecha a caixa reclamando bem baixinho.

— Pessoal! — a dra. McKee diz para todos nós num tom de voz mais alto. — Os vencedores vão receber um jantar gratuito no restaurante do Bayview Inn, na vila.

— As pistolas provavelmente são menos letais — Matt murmura ao meu lado.

Não tenho desejo algum de ganhar um jantar ou um par de pistolas antigas, mas gosto de ganhar por princípio, então, já estou esfregando as mãos em antecipação enquanto o sr. McGregor nos entrega coletes salva-vidas antiquados e nos direciona aos barcos alinhados na margem.

Vanessa se acomoda no nosso barco sem sequer olhar na minha cara, sentando-se no banco com o queixo nas mãos enquanto olha ao redor.

— Quer dar uma ajuda? — pergunto a ela.

— Não muito — ela responde, e engulo muitas respostas que passam pela minha cabeça, me concentrando, em vez disso, em empurrar o barco da margem.

Sua Alteza Real; ginessaOnde histórias criam vida. Descubra agora