𝗧𝗛𝗘 𝗗𝗘𝗩𝗜𝗟 𝗘𝗬𝗘𝗦, ellie williams

𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥 𝗦𝗘𝗩𝗘𝗡

❛ A VERDADE ❜

ELLIE ESTÁ SENTADA em cima do móvel em frente a janela, enquanto Jenna está na ponta da cama. Elas ficam em silêncio por um tempo. A Moore fica perdida em seus pensamentos, ela quer começar a perguntar tudo o que está pensando mas não sabe por onde começar e como Ellie irá responder. Ela queria saber por que a garota está com Joel. E várias outras coisas. Mas ao mesmo tempo ela não queria que Ellie se sentisse pressionada em responder.

— Eu acho que o Joel vai me deixar com o Tommy. - Ellie diz e logo Jenna olha para ela, pensando sobre o que deve responder.

— Por que você está com ele? De verdade. - Ela finalmente pergunta o que tanto queria.

— Você já sabe por quê. - Ela responde sem dar muita importância.

— Me conta logo o que vocês estão escondendo. - Jenna sabe que Ellie está mentindo então continua tentando descobrir a verdade. A garota fica em silêncio por alguns segundos.

— Eu sou imune. - A Moore olha para ela e faz uma cara de frustração.

— Porra para de mentir, Ellie.

— Eu não estou mentindo. Eu sou imune. - Diz. — Eu fui mordida meses atrás... - Jenna a interrompe.

— Caralho do que você está falando? - Ela resmunga enquanto continua frustrada pela resposta de Ellie, que soa como mais mentiras.

— Fui mordida e nada aconteceu. - Ellie diz com confiança e Jenna olha para ela. — Eu ainda tenho a marca da mordida. - Ela levanta a manga da blusa revelando a mordida. A Williams vai até a garota e estende o braço para ela. Jenna analisa cada detalhe da mordida atentamente. Seu braço está com marcas de dentes quase invisíveis e de cor normal. Realmente parecia uma mordida, mas com certeza não era recente. Jenna suspira surpresa pela informação que pensou que fosse falsa ser totalmente verdadeira e real.

— Por que você não me contou isso? - Ela pergunta com dificuldade enquanto raciocina a informação.

— Joel achou melhor que eu não contasse para mais ninguém. Nem para você. - Ellie senta na cama ao lado de Jenna. — Ele é contrabandista. A Marlene, líder dos vagalumes, me ajudou quando eu fui mordida. Ela ia me levar para os vagalumes e eles iam fazer uma vacina, mas ela se machucou. Ela era amiga do Tommy, então confiou no Joel e em uma mulher para me levarem. Mas é só eu e o Joel. E agora você também. - Jenna olha para baixo, a ansiedade está começando a tomar conta do seu corpo. — Eu não vou te infectar se esse é seu medo. Também não posso te deixar imune. - Ela segura a mão de Jenna ao perceber seu nervosismo.

O olhar das duas se encontra. Os olhos de Ellie brilham, ao mesmo tempo que demonstram agitação. Jenna suspira enquanto desvia o olhar da garota. Ela ainda não pode acreditar que Ellie é imune. Mas isso é real, até demais. Como os sentimentos que sente pela garota. Ela não imaginava que fosse algo tão sério. Todos que ela viu serem infectados se transformaram em poucos instantes, mas Ellie sobreviveu a isso. E está totalmente bem. Como isso é possível?

— Por que você tem aqueles pesadelos? - A Williams pergunta quebrando o silêncio. Jenna odeia falar sobre isso. Ellie percebe que ela permaneceu em silêncio e mudou sua feição após a pergunta. — Desculpa.

— Tudo bem. - Ela volta a olhar para a garota. — Eu sonho com meu pai... Quando ele morreu. Ele foi infectado. Eu atirei nele. - Ellie olha atentamente para ela. — Quase sempre eu sonho com isso. É sempre igual, toda vez. Como se eu estivesse lá de novo. 

— Às vezes eu sonho com o dia que eu fui mordida. - Comenta. — É a mesma coisa comigo. Isso é uma merda.

— É mesmo. - Concorda.

— Você lembra da sua mãe?

— Não. E você?

— Também não. A Marlene era amiga da minha mãe. Ela jurou que iria cuidar de mim. - Diz. — Que bela ajuda que ela me deu. - Fala com sarcasmo e Jenna sorri. Elas voltam a ficarem em silêncio. Logo a Williams olha para a garota e pergunta algo. — Por que nós estamos assim?

— Assim como? - Jenna desvia o olhar da garota e olha pela janela. O céu está coberto pelo escuro da noite. Mesmo com o mundo assim, ainda sobrou coisas bonitas, e a preferida de Jenna é o céu.

— Você gosta de mim, Jenna? - A garota sente um frio na barriga assim que escuta a pergunta. Ela tenta parecer que não ficou nervosa com a pergunta. Jenna volta a olhar para Ellie e pensa em algo para responder.

— Eu acho que você gosta de mim Williams. - Ela sorri enquanto olha para a garota. O olhar de Ellie vai até a boca dela e depois volta para seus olhos.

Antes que elas pudessem fazer qualquer coisa, elas escutam alguém abrindo a porta do quarto. É o Joel. "Merda" Jenna pensa. Ela olha para Ellie e se levanta para sair do quarto. A garota passa por Joel mas o ignora. Logo fechando a porta e se encostando contra ela, para ouvir a conversa.

— Por que você está aqui?

— Vim falar com você... - Ele é interrompido.

— Não, por que você ainda está aqui? - Pergunta. — Se vai me largar, me larga logo. - Joel não responde. — Eu te defendi hoje porque... - Ela desiste de continuar a fala.

— Essa decisão é para o seu bem. Ficará melhor com o Tommy. - Ele dá uma pausa na fala. — Ele conhece melhor a região...

— Você se importa comigo ou não? - Jenna escuta o barulho da garota se levantando da cama ao gritar.

— É claro que me importo.

— E do que tem medo? - Pergunta. — Eu não sou ela. A Maria me falou da Sarah e...

— Não. - Ele responde seco.

— Eu sinto muito pela sua filha, Joel. Mas eu também perdi pessoas.

— Você não faz ideia do que é perder.

— Todo mundo que eu amava morreu ou me deixou. Todo mundo, menos você! - Grita. — Então não me diga que eu vou ficar segura com outra pessoa, porque eu só vou ficar com mais medo.

— Verdade. Você não é minha filha. E eu não sou seu pai. - Diz. — Ao amanhecer, cada um segue seu caminho.

Jenna rapidamente sai da porta e Joel sai do quarto. Ele passa pela garota e a olha sério, logo ela entra no quarto de Ellie, o ignorando. Os olhos da garota estão inundados de lágrimas. Jenna vai até ela e a abraça. A Williams limpa as lágrimas dos olhos.

— Obrigado. - Diz enquanto separa o abraço. Jenna sorri gentilmente e leva a garota até a cama. As duas deitam ao lado uma da outra.