4. APROXIMAÇÃO

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Eu me aproximei da casa em silêncio, como só um predador experiente é capaz de fazer.

A casa tinha térreo e um andar superior, não era uma grande construção, mas tinha um quintal espaçoso delimitado pela floresta, e uma árvore frondosa ficava bem ao lado, na frente de uma janela de vidro.

Eu estava empoleirada em uma árvore no limite do quintal, observando a janela aberta enquanto esperava. O vampiro ruivo havia saído pouco depois das oito da noite, dizendo ao Joseph que precisava caçar, e um lobo branco gigante apareceu entre as árvores, farejando o ar.

Nunca tinha visto um animal como esse. Não era lua cheia, então não podia se tratar das crianças da lua, ou comumente chamados de lobisomens, contra quem o Caius travou uma guerra durante décadas até quase extingui-los.

E não parecia um lobo normal, pois se comportava como um ser inteligente e controlado, que não ameaçava atacar ninguém ali, mesmo estando perto de uma rua cheia de casas e pessoas em suas vidas cotidianas, com jantares em família ou assistindo jogos de baseball na TV com os amigos, regados a cerveja barata e frituras.

Ele não estava caçando, parecia estar vigiando a casa do meu pai.

Sobrenatural ou não, uma boa predadora sabe que deve ficar contra o vento quando perto de outro predador, para o seu cheiro não chegar até o outro. O vento trazia para mim o odor de cachorro molhado, mas o lobo não fazia ideia de que eu estava ali.

Esperei durante horas, imóvel, até que o vampiro voltou. Era estranho pensar em Edward Cullen como meu cunhado, pois eu ainda nem tinha assimilado a existência de um irmão por parte de pai.

Edward correu direto para a janela e, estranho o suficiente, o lobão ganiu, deu meia-volta e partiu.

Fiquei tentada a seguir o animal para ver aonde ia e se tinha outros como ele, mas isso me tomaria tempo, era uma distração desnecessária naquele momento.

Deixando o vampirinho ter um tempo de privacidade com o namorado, fui para perto da outra janela e espiei o quarto do meu pai. Teria feito isso mais cedo, se não tivesse ficado surpresa e cautelosa com a presença do lobo.

Na escuridão, eu podia ver perfeitamente o rosto enrugado e os cabelos brancos de Charlie. Ele dormia profundamente e eu não conseguia entender como a mulher ao lado dele  conseguia dormir com seus roncos altos.

Fiquei ali observando o sono de um idoso com saúde debilitada, me lembrando das pesquisas que fiz sobre ele e da sua homenagem a mim no cemitério. Eu tinha razão, o amor dele por mim era incondicional. Ele não me esqueceu com o tempo como Jane disse que faria.

Mais uma hora se passou e eu não me cansava de observar aquele homem que antes só existia nas minhas  lembranças fabricadas pela mídia. Atenta ao silêncio do quarto de Joseph, quando os sons de beijos e sexo pararam, eu voltei para o meu primeiro ponto de observação.

Me preparei mentalmente para o próximo passo. Edward tinha que sentir minha presença e me confrontar, pois assim eu conseguiria me aproximar dos Cullen. Curiosidade sobre minha família humana era a desculpa perfeita para a minha presença nessa cidade minúscula.

Tomei impulso e saltei para a árvore perto do quarto do meu pai, fazendo barulho para que Edward me ouvisse. Demorou alguns segundos para que eu sentisse o impacto do corpo dele contra o meu, me derrubando no chão com um barulho de rochas se chocando.

Nós lutamos. Bem, eu fingi que estava lutando, pois apesar de muito rápido, meu cunhadinho não era habilidoso como eu em combate físico. Para evitar que fôssemos ouvidos, eu levei a luta para dentro da floresta, o mais longe que conseguia para fazer controle de danos.

Mais Quente Que o Sol (Jasper + Bella)Onde histórias criam vida. Descubra agora