06. Um pedaço do passado

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Shen Jiu entrou no prédio, o porteiro se levantou para chama-lo, mas o imortal apenas estalou os dedos e uma névoa de sono rondou o homem o fazendo cair e bater a cabeça na mesa, Jiu acabou sorrindo de canto com a cena e entrou no elevador, as câmeras de segurança não conseguiam focar nele, graças a energia ressentida e espiritual que interferia, por conta do seu mau humor por ter que se locomover no meio da noite ele não estava com vontade de parecer um simples mortal, suprimindo sua presença.

Shen Qingqiu empurrou Binghe ao ouvir a campainha sendo tocada, Luo Binghe caiu deitado na cama, acabando por rir ao ver a cara de desesperado do seu namorado.

— Coloque uma blusa e finja que não estava tentando nada fora do decente! — mandou Shen Qingqiu, prendendo o cabelo baixo e indo até a porta, ao abrir encontrou Shen Jiu. — Irmão! Faz tempo que não nos vemos, né?

— Dois meses, tudo graças a você — corrigiu Shen Jiu, entrando quando o irmão deu espaço para ele, ele foi até o sofá e se sentou, cruzando as pernas. — O que eu devo fazer? 

— Ir no trabalho por mim, fazer as tarefas que conseguir e socializar.

— Socializar? — repetiu Shen Jiu. — Com humanos?

— Pare de ser difícil, irmão! Vai ser só por alguns dias — insistiu Shen Qingqiu, parando na frente do mais velho, olhando de maneira avaliadora. — Não pode ficar nessa forma. Não pode ficar um pouco menos... divino?

Shen Jiu olhou para as suas roupas, não achava elas inadequadas, na verdade, era uma das melhores que tinha, o cabelo longo e preto chegava na altura do quadril, parcialmente preso por um prendedor de ouro luxuoso, usava roupas tradicionais em branco e verde claro, as unhas grandes e levemente arredondas e anéis em quase todos os dedos, parecia mais uma fantasia de divindade ou um ser místico em forma humana.

— Seja um pouco mais humano, por favor.

O mais velho revirou os olhos e estalou os dedos, as roupas mudaram para uma blusa branca de gola alta, por cima um blazer preto e calça social preta, agora parecendo um pouco mais com um humano, um humano muito bonito e mau humorado.

— O seu cabelo, ainda está bem lon-

— Não vou mudar o cabelo — interrompeu Shen Jiu, se levantando para ver o resultado no espelho. 

— Certo, diga que foi um procedimento estético ou uma peruca.

— Tsk. Chato — resmungou Shen Jiu, havia chegado fazia nem dez minutos e já recebeu mais de uma ordem. — Quando pretende ir?

— O trem sai daqui duas horas, mas antes de eu ir você precisa ler tudo isso — disse Shen Qingqiu, indo no quarto e voltando com uma pilha de livros, colocando encima da mesa. — Regras de trânsito, regras sociais, código penal, código civil, como usar um celular e... direitos humanos.

— Se essa parafernália não for para eu usar como lenha para uma fogueira, não faço ideia do motivo de me dar.

— Você vai estar com os meus documentos, se você cometer um crime a culpa será minha!

Shen Jiu soltou um estalo com a língua e pegou um dos livros, não precisava dormir, mas não gostava de ler coisas que julgava uma perda de tempo, mas não podia mentir sobre o fato de não ter algo melhor para fazer além de olhar para as paredes até o horário de ir para o trabalho.

— Estou pronto, mestre — avisou Binghe, segurando malas.

— Vai leva-lo?! 

— Sim — respondeu Qingqiu, quando o ele viu a expressão do seu irmão mais velho ficar mais severa achou que era hora de uma conversa séria. — Binghe, pode indo tirando o carro da garagem?

A Raposa no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora