Borboletas, livros e basquete

106 16 1
                                    


Em um certo dia, aprendi que o simples bater de asas de uma borboleta seria capaz de causar um furacão do outro lado do mundo.

Por mais que achasse essa teoria linda, nunca acreditei em sua essência. Em que mundo um pequeno inseto seria capaz de desencadear mudanças tão radicais assim?

Nunca acreditei nessa história, até conhecer Lalisa.

A partir deste dia, passei a levar o efeito borboleta mais a sério. Passei a dar o dobro de atenção a cada ação da minha vida e correr sempre que vejo uma borboleta.

Correr muito.

Acho que essa explicação só serviu para deixar a situação ainda mais confusa. Tudo bem. Vamos diretamente para o início: uma quinta feira qualquer do ensino médio.

O professor de química discursava assiduamente, por mais que eu sentisse que absolutamente todas as almas da sala estavam flutuando - inclusive a minha. Sempre que eu tentava focar, algo puxava meu cérebro na direção oposta e, quando voltava à realidade, já havia perdido o fio do pensamento. Levou uma simples piscada para o quadro estar cheio de desenhos e escritas indecifráveis. A única coisa que entendi estava marcada em letras grandes por um giz branco: "Efeito borboleta".

Finjo estar decepcionada com isso, mas, na verdade, fico muito satisfeita em decidir desistir de prestar atenção em suas palavras. Isso só estava me causando uma dor de cabeça desnecessária.

Olho ao redor, desfrutando da visão perfeita que sentar na última cadeira da sala me dá; consigo ver tudo e todos. Identifico duas garotas trocando bilhetes, um rapaz mexendo em seu celular que ele esconde atrás do penal, uma aluna ruiva copiando as anotações rapidamente, mas se frustrando quando o professor apaga o quadro antes que termine. Eu seguro uma risada.

Já fui exatamente como ela, penso.

Sem mais bisbilhotar, deito minha cabeça em minha mesa e observo a vista pela janela. Eu odeio inúmeros aspectos dessa escola, mas a paisagem com certeza não é uma delas. Na verdade, é a única coisa que deixa esse lugar minimamente agradável.

Uma pequena borboleta azul entra pela fresta da grande janela e pousa em minha mesa. Eu sorrio, animada por vê-la de perto. Acho a maioria dos insetos nojentos, mas gosto de borboletas. São coloridas, não mordem e podem causar furacões, segundo meu professor de química.

Pensando nisso, percebo que não faz sentido algum estar aprendendo sobre o efeito borboleta em uma aula de química, mas decido ignorar, afinal, poucas coisas nessa escola fazem sentido para mim.

Prendo meus olhos na borboleta, que balança suas asas enquanto caminha pela mesa. Estou me sentindo no auge da minha paz quando Jisoo, sentada na cadeira atrás de mim, empurra meu ombro. Estou pronta para virar para trás e empurrá-la de volta, quando ouço a voz do professor.

— Roseanne Park, você está me escutando? — ele soa irritado. Ajeito minha postura e o olho, balançando minha cabeça em concordância.

Suas veias saltam em sua careca, deixando seu rosto mais vermelho que o normal. Ele parecia o Chama do Ben 10, mas sem o fogo e os poderes que o fazem parecer legal.

— Então, gostaria de fazer algum comentário sobre o assunto?

— Eu disse que estou escutando — rosno, cansada. — Não que entendi sua explicação.

Justamente quando estou prestes a dormir e repor meu sono, preciso ser interrompida por suas exigências irritantes. Já fiz mais do que o necessário para provar que sou capaz de ir bem sem prestar atenção em suas aulas, mas ninguém parece se atentar a esse fato.

Efeito Borboleta | CHAELISAOnde histórias criam vida. Descubra agora