Escolhas, retorno e liderança

79 17 3
                                    

Eu consigo acordar antes do despertador. Ao ver Lalisa deitada ao meu lado, entro em pânico e saio da cama rapidamente, voando quarto afora.

Jennie e Jisoo ainda estão dormindo, o que é ótimo. Passei um bom tempo pensando no que devo fazer, e acho que cheguei em uma conclusão.

Preciso fazer antes que Jisoo descubra o que está acontecendo. Ela com certeza tentaria me impedir.

Devo ir antes que perca a coragem.

Assim que mando mensagem, Gabriel estaciona o carro em frente à casa de Jisoo, como se já soubesse o que precisávamos fazer.

Vesti roupas escuras e uma jaqueta de couro antes de sair, encontrando Gabe encostado em seu carro, me esperando. Ele usa uma camiseta preta justa, jeans da mesma cor e uma jaqueta parecida com a minha.

— Bom dia — cumprimenta, forçando um sorriso.

Me arrasto até ele, dando-lhe um curto abraço desanimado.

— Noite difícil? — ele pergunta.

— Difícil — concordo. — Mas sem pesadelos.

— É uma evolução.

Assinto com a cabeça. Nós olhamos ao redor, atônitos. Tinha uma chance alta de tudo dar errado. De nunca mais voltarmos para cá.

Ou talvez eu estivesse sendo paranoica mais uma vez.

— Tem certeza de que não vão me matar?

— Rosé, — ele replica — eles ficaram sabendo do que aconteceu. Mas, mesmo que não soubessem, eles nunca virariam as costas para você.

Eu suspiro.

— A família sempre volta.

— A família sempre volta — ele repete, concordando. — É hora de voltarmos.

Entramos no carro, ostentando um silêncio mortal. Estávamos voltando. O lugar ficava a menos de quinze minutos de distância, mas nunca ousamos pisar lá desde que fomos embora.

Um bairro de distância. Um mundo inteiro deixado para trás.

Nós concordamos que, antes de fazer o que era preciso, iríamos ver a nossa mãe.

Caso tudo desse errado, não poderíamos sumir sem vê-la mais uma vez.

A casa continua igual às minhas lembranças. Ela tem dois andares, é pintada de branco com telhas azuis escuras. A grande árvore tapa parte dela, o que ajuda a tornar o lugar harmônico.

É quase como se eu nunca tivesse ido embora.

A porta de entrada se abre quando Gabriel estava prestes a tocar a campainha. Minha mãe surge, com um avental de cozinha por cima de seu vestido florido. Seus cabelos brancos estão presos em um coque.

Quando fui embora, eles ainda eram morenos.

Seus olhos arregalam.

— Filhos?

Ela toca os ombros de Gabriel, como se tivesse medo de que ele fosse uma miragem prestes a se dissolver no ar. Quando percebe que ele é real, ela o puxa para seus braços frágeis, o que faz os ombros de Gabe tremularem em um soluço.

Quando o solta, minha mãe vira na minha direção, suas sobrancelhas tensas. Eu sorrio sem mostrar os dentes, com medo de sua reação.

Sem pensar duas vezes, ela se pendura em meu pescoço, me puxando para perto. O seu perfume continua o mesmo, mas está muito mais baixa que eu agora.

— Rosie — ela sussurra, me apertando com mais força, temendo que eu desaparecesse.

Ela dá um passo para trás, tocando meu rosto com a ponta dos dedos.

Efeito Borboleta | CHAELISAOnde histórias criam vida. Descubra agora