Ameaças, flertes e convites

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No resto do dia, nada fora do comum aconteceu. Participei de todas as aulas como a ótima aluna que sou, almocei com Jisoo - já que Jennie e Lalisa estavam ocupadas -, maratonei uma série nova e dormi na poltrona do meu quarto, achando que seria injusto dormir duas noites seguidas na cama.

E, mais uma vez, fui acordada pela música estridente vindo do celular de Lalisa. Mais uma vez, ela não acordou.

Por que programar o despertador todas as manhãs se nem isso é capaz de te acordar?

— Lalisa — rosno, cansada. Meu pescoço dói por culpa da posição em que dormi. Como já era de se esperar, a morena não mexe um músculo.

Arrasto meu corpo sonolento até a cama dela, chamando-a novamente, mas sem sucesso.

Vejo que seu celular está ao seu lado na cama. Se ela não irá desligar o alarme, farei isso eu mesma, porque essa música está quase ensurdecedora para minha cabeça cansada.

Inclino meu corpo por cima de Lalisa, tentando alcançar o aparelho, mas ele está longe demais. Apoio uma mão ao lado da cabeça da adormecida, me esticando sobre a cama para desligar o alarme.

— Roseanne? — a voz rouca de Manoban soa, confusa. Olho na direção dela, percebendo que estou perto demais. Nossos rostos estão praticamente colados enquanto me inclino sobre ela.

As sobrancelhas da morena estão pressionadas levemente, os olhos pequenos e preguiçosos, a boca entreaberta.

— O que está fazendo?

Observo seu piercing prateado em seu lábio brilhar com a luz do dia e... Ela tem razão. O que estou fazendo?

Me impulsiono para longe abruptamente, caminhando de costas até o lado oposto do quarto. Calma, Rosé. Coloque a cabeça no lugar.

— Seu despertador — pronuncio com dificuldade — está me irritando.

Após me encarar com um sorriso ladino, Lalisa se espreguiça lentamente antes de decidir desligar a música que toca no volume máximo. Tenho poucos segundos para aproveitar o silêncio, porque meu celular começa a vibrar no mesmo instante.

E, cara, nunca me senti tão aliviada por receber uma ligação. Agarro o dispositivo, atendendo sem sequer checar o identificador, tudo para fugir desse clima estranho com Manoban.

— Alô — resmungo, passando os dedos pelos meus fios loiros.

— Park?

Engulo em seco. Como sempre, uma palavra já é o suficiente para eu entender o tom da chamada. Desvio o olhar para Lalisa, que se senta na cama, me analisando atentamente.

— Número errado.

— Não precisa fingir, Roseanne. Eu te conheço — é a mesma voz da última chamada.

Decido não responder. Qualquer coisa que eu disser pode levar Manoban a estranhar o assunto e desconfiar que há algo errado. Não preciso de Jisoo preocupada com ameaças novamente.

— Não tem nada a dizer desta vez? — ele espera a minha resposta, que não chega. — Tudo bem. Só quero dizer que eles estão mais perto do que imagina. Espere uma surpresa nos próximos dias, Park. Você e aquela — Ele pausa, pensando — Kim, não é?

Meu coração dispara. Se ousarem encostar um dedo em Jisoo por minha causa, sou capaz de explodir essa cidade inteira em busca de vingança. Saio do quarto para que Lalisa não escute quando sussurro:

— Fique longe dela.

— Eu? Ainda não entendeu, Park? Estou do seu lado. É um conselho amigável.

Efeito Borboleta | CHAELISAOnde histórias criam vida. Descubra agora