Between Sex and Blood

CAPÍTULO IV: Papéis

- A cidade está um caos pelas catástrofes de ontem! A FSE retornou às Américas, e com ela, o pesadelo global. O homem conhecido como "NY'S Prince" que há cinco anos aterroriza nosso país e o mundo, finalmente retornou às suas vis origens. Enrico Passione, presidente da organização, afirma que não descansará até que o criminoso esteja morto. Atualmente, o valor de sua cabeça excede oito bilhões. Vivo ou morto, O mundo busca loucamente por tê-lo em suas mãos. Estamos aqui com Angelique Bourgeois, agente da FSE, a fim de esclarecimentos. Angelique, vo...

- Ahh! Somos sensações!

Cardan rebolava internamente, desligando a televisão e retomando o foco ao xadrez. Sua mente desfuncional não precisava de nada.

- Hã? Eu não vi ninguém falando de você.

Retrucou Stan, arrancando o controle de suas mãos. Não fora creditada pelo mar mortal, mas o show de cabeças de Cardan se mostrava excitante a emprensa. Em mil novecentos e oitenta e cinco, garotas não recebiam credibilidade. As garotas nova-iorquinas nos enxergavam como garotos de programa, modelos PlayBoy ou simplesmente strippers. Eu daria cada uma de minhas fãs a ela, se fosse capaz.

- Oito bilhões? Será que esse valor diminuiria se descobrissem o que toda aquela tralha esconde? É bom que estejam tão excitados com uma reportagem. Coroas da burguesia tentando me dilacerar não é bem a minha idéia de diversão.

Talvez fosse atacado por um mendigo. Posso supor que mendigos não carreguem revólveres, ou baleariam um bancário. Não que eu sinta medo. Lutas não passavam de partidas de jogos. Sobretudo... Quem concluiria que o autor de toda aquela história seria um leres garoto?

A vida é confusa. Os humanos são confusos. Os sentimentos são confusos. Sentimentos são humanos? Um filhote chora ao ser retirado de sua mãe? Ganha um abrigo, uma família amorosa que o alimenta e o mima, mas quem há de dizer que este era o desejo do animal? Talvez fosse feliz como um leres vira-lata. Uma vítima inocente que fora cruelmente arrancada do que, para ele, significava o paraíso. Mas este não passa de um exemplo. O que eu realmente quero dizer é muito simples: Sentimentos e humanidade. O que alguém inteiramente desumano pode sentir?

- Clifford quer se sufocar em si mesmo.

Meus pensamentos se desintegraram, ao ouvir a voz de Cardan. Nenhuma outra palavra saiu de sua boca. Stan e Jake questionaram, mas logo também se calaram. Se compreenderam ou não suas idéias, eu realmente estou me fodendo. Aquele cuzão era um completo idiota, que não desejava nada além de zoar com a minha cara. Se eu apenas o ignorasse, seria melhor. E então, moveu a rainha. Eu perderia daquele jeito... Estava realmente delirante.

- Merda...

Suspirei, batendo em minha testa em negação. Neste momento, suas últimas peças foram movidas. As minhas, devoradas. Foi uma partida injusta... Eu mal conseguia pensar. Cardan sabia disso.

- Cara... Só estamos nós quatro aqui. Você não precisa agir como uma pedra agora.

Estava bêbado, alcoolizado. Claramente não fazia a menor idéia de que merda saía de sua boca. Uma leres zombaria. Todavia... Naquele mesmo instante, toda a atmosfera fora alterada. Por trás de minha nuca, escutava silenciado.

Uma voz. Sua maldita voz.

- Lobinho!

Com um charuto quebrado e uma barba deformada, vinha ele... Outra vez. Carregava garrafas de cerveja e armas medievais. Não estavam visíveis, mas eu afirmava conscientemente. Com seus minúsculos olhos e voz quebradiça, adentrou o local, gargalhando estridentemente. Lawrence Butler, o líder da máfia.

- Veja só como está crescendo! Eu assisti a reportagem hoje, você realmente vem se tornando um homem brilhante.

Despojou-se ao meu lado, bagunçando meus cabelos e gargalhando. Tudo apenas para alguns elogios? Uau. Sem soltar-me por um único segundo, desviou o seu olhar para Cardan, que se contorcia em asco ao vê-lo.