Amvri
Minha manhã passou correndo entre uma reunião e outra. No almoço Maria e eu fomos ao nosso restaurante favorito, a quatro quarteirões do escritório e contei tudo que Kian e eu conversamos durante nossa ida a cafeteria. Minha amiga pediu um pedaço generoso de torta de morango para comemorar minha ousadia depois de três anos apenas sendo passiva e eu comi alegre. Na parte da tarde eu precisava agilizar o máximo possível os projetos que apresentaria ao Mason Henry na semana que vem, por isso chamei o Thiago, que ocupou meu lugar como gerente depois que fui promovida a diretora.
— Esses são os relatórios de migração para os bancos de dados da AWS? — Thiago pergunta olhando em seu notebook os relatórios que compartilhei com seu e-mail.
— Sim. Coloquei o máximo de informação possível sobre os ganhos e a performance de dados que vamos conseguir depois da migração. — explico analisando o mesmo relatório no meu notebook. — Separei também uma apresentação para demonstração de como irá funcionar o novo processo de consumo de dados na nuvem. O Gabriel, nosso engenheiro de dados tem certificação da AWS Certified Database e gostaria de incluí-lo na apresentação para retirada de dúvida sobre o conhecimento e experiencia pratica com banco de dados relacionais e não relacionais.
— Claro, vou falar com ele e repassar as informações. — Thiago sorri. — Isso está muito bom, tenho certeza de que Mason vai adorar.
— Assim espero. — respiro fundo, sentindo minha cabeça doer. Eu venho trabalhando em tantos projetos nos últimos meses, mas a migração do banco de dados de servidores locais para a nuvem é uma batalha que venho travando a anos.
Sempre que eu levantei a ideia Geraldo interveio com muitos defeitos sobre as linguagens de programação e ferramentas que hoje usamos para desenvolver aplicativos não ser compatível com o banco de dados em nuvens. E quando tentei sugerir que começássemos a utilizar linguagens mais atuais, ou até mesmo as novas ferramentas de Low Code, eu fui figurativamente apedrejada com uma palestra sobre como plataformas Low Code não chegam aos pés da programação raiz de verdade. O dinossauro possui razão até certo ponto, porém pra alguém que come, bebe e respira programação desde criança, ele possui pensamentos muito ultrapassados.
Por isso nos últimos anos fui introduzindo gradativamente novas linguagens para desenvolvimento de Software com funcionários mais jovens e de mente aberta. Atualmente estou com uma equipe de quinze pessoas totalmente preparadas e com experiencia em AWS para que eu finalmente consiga defender o projeto sem que o dinossauro vença desta vez.
Uma batida na porta nos interrompe e eu peço para que entre. Não me surpreendo quando Maria entra na sala, ela quase sempre me visita durante o dia. Como diretora do RH, ela sabe de todas as fofocas que acontece pelo escritório e vem correndo me contar quando pode. Contudo, percebo que ela está irritada, e não com a cara animada que faz quando vem me contar algum boato.
Maria cumprimenta a mim e Thiago antes de se sentar no meu sofá branco e suspirar.
— Pela sua cara imagino que não seja nada bom. — comento a observando massagear as têmporas.
— Infelizmente não. — resmunga e então me encara. — Uma de suas analistas de sistemas pediu demissão hoje.
— O que? Quem? — questiono alarmada.
— Nathalia Olisses. Ela veio direto falar com o RH por que não queria que o gestor tentasse retê-la.
Passo a mão pelos cabelos, tentando me lembrar da funcionária pelo nome. Somos uma empresa de tecnologia, portanto a maioria dos funcionários são da área de T.I, então é impossível que eu grave o nome e rosto de todos.

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Dominadora
RomansaAmvri Miller é diretora de T.I na corporação Tech Pass e uma profissional excepcional. Com apenas 28 anos é uma líder em destaque na empresa e tem grandes planos para o futuro, mesmo que um funcionário muito influente seja sua maior pedra no sapato...