☼︎•. Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 6

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ESTAVA TUDO indo perfeitamente bem.

Mas é claro, algo haveria de mudar.

Já fazia algum tempo que Dóris sentia um aperto no peito. Ela não reconhecia mais o Luke Castellan, o seu namorado. Ele estava mudado, arrogante, sombrio. Ele estava escondendo algo dela, ele sabia disfarçar muito bem, mas ela sabia que havia algo

Ela queria saber a verdade, ela queria entender o que estava acontecendo, ela queria ajudar o seu amor. Mas ele não deixava, ele não contava, ele não confiava. Ele a tratava como uma estranha, como uma inimiga, como uma tola.

Ela não aguentava mais, ela não suportava mais, ela não esperava mais. Ela decidiu confrontá-lo, exigir uma resposta, pedir uma explicação. Ela o seguiu até o chalé 11, onde eles moravam com os outros filhos de Hermes.  Ela esperou até que todos saíssem, para terem privacidade, para não terem testemunhas, para não terem interrupções.

Ela entrou no chalé sem bater, sem pedir licença, sem se importar. Ela o encontrou de pé, diante de um espelho, com uma cicatriz no rosto, com uma espada na mão, com um olhar no vazio. Ela se aproximou.

Ao ver Dóris se aproximando ele abriu um sorriso e ia puxa-la para um beijo, mas ela o afastou. Ele a olhou com uma feição confusa.

— Luke, eu preciso falar com você. — falou Dóris, sem rodeios. — Já fazem semanas e eu não aguento mais guardar isso para mim. —ela disse, com uma voz suave. — Luke eu preciso que seja sincero. Você está escondendo algo de mim? Se tiver fale, eu estou disposta a te ouvir, a te entender, só quero que fale.

— Não há nada para falar, Dóris. Não há nada para saber, não tenho nada a esconder. — ele disse, com uma voz seca.

— Como assim, não há nada? Claro que há, Luke. Há muita coisa. Há coisas que eu sei que você não me conta, que você não me explica, que você não me compartilha. Há coisas que você me esconde, que você me engana, que você me trai. Há coisas que me machucam, que me assustam, que me preocupam. — ela disse, com uma voz triste.

— Você está exagerando, Dóris. Você está imaginando coisas. Você está sendo paranoica. —  ele disse, com uma voz irritada.

— Não, eu não estou, Luke. Eu não estou exagerando, eu não estou imaginando, eu não estou sendo paranoica. Eu estou sendo realista, eu estou sendo observadora, eu estou sendo cuidadosa. Eu estou vendo as mudanças em você, Luke. Eu estou vendo as atitudes em você. Eu estou vendo as mentiras na sua cara. Eu posso sentir isso. —  ela disse, com uma voz firme.

— Espera aí, você tá falando sério? Você veio até aqui com a pretensão de me confrontar por que você tá “sentindo” que eu estou te escondendo algo? Não, definitivamente você se superou dessa vez. — disse rindo falsamente. — Era por isso que você tá estranha faz um mês? Que você tá fria, distante?

— Não faça isso, não contorne a situação para me passar como a louca da história Luke. Isso pode funcionar com as nossas discussões do dia a dia, mas isso é sério, vocês está diferente, eu vejo isso.

— Que mudanças, Dóris? Que atitudes? Que mentiras? Você não sabe do que está falando, Dóris. Você não sabe o que está dizendo. Você não sabe o que está acusando. – ele disse, com uma voz nervosa.

- Eu sei sim, Luke. Eu sei muito bem, Luke. Eu sei que você está diferente, Luke. Eu sei que você está distante, Luke. Eu sei que você está estranho, Luke. Eu sei que você está mentindo.– ela disse, com uma voz corajosa.

— Você tá se ouvindo? Tá dizendo que eu estou tentando te passar como a paranóica da história, mas você faz isso por si própria.

— Você está agindo como um idiota, um covarde.

— Ah por favor, vamos lá. — disse negando com a cabeça. — Vamos supor que você esteja certa, que você tá falando a verdade, que eu tô escondendo algo, que eu estou sendo frio. Não parou para pensar que ninguém mais percebeu isso apenas você?

— Isso é óbvio! Eu sou a sua namorada, Luke, não só isso, você esqueceu que antes disso eu era sua melhor amiga? Eu sei tudo sobre você, te conheço por inteirinho, seria estranho se eu não notasse.

—  Você está louca, Dóris. Você está delirando. – ele disse, com uma voz negativa.

— Não, eu não estou, Luke. Eu não estou louca, eu não estou delirando.  Eu estou falando o que eu sei, Luke. Eu estou falando o que eu vi, Luke. — ela disse, com uma voz sincera.

— O que você viu, Dóris? O que você viu que te faz pensar assim? O que você viu que te faz me julgar assim? — ele perguntou, com uma voz curiosa.

— Eu vejo você toda as noites, eu te observo, você anda se remexendo como um louco enquanto dorme, você nunca fez isso. — ela disse.

— E daí, Dóris? E daí que ando tendo sonhos estranhos. Isso não prova nada, Dóris. Isso não significa nada. Isso não muda nada. São. Só. Sonhos. — ele disse, com uma voz indiferente.

—Como não, Luke? Como não prova? Como não significa? Como não muda? Isso prova que você não está me compartilhando as coisas, Luke. Antes você me dizia tudo, tudo o que você fazia, as que pensava, até os seus sonhos mais bizarros e aleatórios, Luke. Isso muda tudo entre nós. — ela disse, com uma voz magoada.

Um silêncio ensurdecedor se instaurou.

— Eu sinto muito se fiz você pensar dessa forma. — começou. —  Mas eu não posso te contar algo que estou escondendo quando essa coisa não existe Dóris, sinto muito.

— Ok.

— Ok. — repetiu.

— Se você não confia em mim para me dizer o que está acontecendo eu vou respeitar sua decisão.

— Dóris eu já te falei...

— Não, Luke, está tudo bem, eu só estou sendo paranóica e louca, estou imaginando coisas onde não existem.  — disse ela com a voz falhando.

— Dóris.

— Não, está tudo bem, só me deixe colocar os pensamentos no lugar está bem? Até lá eu prefiro não conversar com você. — Luke evitou a olhar nos olhos.

— É isso mesmo que você quer? Um tempo?

— Sim, é exatamente o que eu preciso.

— Ok.— nenhum dos dois se atreveu a falar nada. — Vou estar aqui te esperando quando decidir voltar.

Dóris sentia uma dor no peito, como se uma faca a rasgasse por dentro. Ela acabara de ter uma discussão com Luke. Ela não suportava mentiras, as ofensas, as acusações. Ela saiu correndo do chalé 11, onde eles moravam com os outros filhos de Hermes, e foi até a praia, procurando um refúgio, um consolo, um alívio. Ela se sentou na areia, observando o mar.

Ela se sentia péssima, não só pela discussão que acabou de ter com seu namorado, mas também porque ela só queria seus pais ao seu lado, ela não entendia porque eles a haviam deixado, ela só queria um abraço agora. Só queria ter uma mãe que a consolasse quando ela estivesse mal, estivesse triste.

Ela se sentia sozinha, perdida, rejeitada. Ela começou a chorar, a chorar muito, a chorar sem parar. Ela soluçava, tremia, sufocava. Ela estava tendo uma crise de ansiedade, uma crise que ninguém via, ninguém ouvia, ninguém ajudava.

𝗗𝗢́𝗥𝗜𝗦 | Luke CastellanOnde histórias criam vida. Descubra agora