MY LAST GOODBYE

1.3K 71 30
                                    

Catarina

Observo os quadros pendurados dos maiores tenista de todos os tempos no famoso corredor do Arthur Ashe Stadium. Ao caminhar sinto o meu nervosismo que sentia quando estava prestes a  jogar a partida da minha vida. A recrutadora do evento que eu estava acompanhando, parou analisando uma foto específica. Por curiosidade me aproximo mais para entender sua admiração, é era uma foto minha. A última vez que tinha ganhado um Grand Slam nesta mesma quadra.

— Essa é minha vitória favorita. — a menina disse, admirando a foto. — Desde a primeira partida do torneio, estava claro que ninguém poderia levar esse troféu para casa além de você. Achei que veria jogar por anos.

— A gente nunca sabe quando vai ser a última vez. — digo, encarando a foto da minha figura mais nova. Segurava o troféu com um sorriso enorme.

— Você sente falta dessa parte da vida?

— Todo dia. — digo, honestamente.

Ela me deu um sorriso genuíno, segurando minha mão.

— Precisamos ir. Você entra daqui alguns minutos. — ela disse, assenti.

Caminhamos juntas em direção ao palco que estava montando para abrir mais uma edição de Grand Slam que começaria amanhã. Eu tinha sido convidada por ter feito inúmeras partidas neste torneio e ganhado mais de doze prêmios aqui. Chegamos no bastidores, alguns fotógrafos começam tirar fotos minhas, outros continuavam o planejamento que imagino ser do evento.

— Está pronta, senhora Piquerez? — o rapaz perguntou, tímido.

— Estou, meu bem. — digo, ele sorriu. — Meus filhos estão todos na primeira fila?

— Sim. — a outra jovem respondeu. — Está na hora, Cate.

— Tudo bem. — digo, respirando fundo.

Escuto o meu nome ser anunciado e barulhos de aplausos. Caminho em direção ao palco sorridente. Vejo alguns rostos familiares, os tenistas novos que me encaravam como se eu fosse uma lenda. Cumprimento Carlitos que estava ao lado do altar com microfone, com um abraço rápido, o velho tenista murmurou algo no meu ouvido como "arrasa no estilo Catarina."

— Obrigada. — digo, encarando os meus filhos na primeira fila. Maitê estava com seus cabelos longos loiros presos e um vestido vintage da Versace. Callum sorria da mesma maneira que seu pai, vestindo Celine, atual patrocinadora dele. Valentina tinha um sorriso tímido, lembrava muito o sorriso da minha mãe, diferente dos irmão, vestia um terno caro feito por medida. — Confesso que fiquei surpresa pela ligação, ainda mais quando está velho, qualquer coisa fora da rotina anima a gente. — brinco, todos riram. — No caminho para cá, passei pelo famoso corredor que durantes quase uma década atrás era um privilégio poder andar por ele. Para minha surpresa, tinha uma foto da última vez que estive dentro dessa quadra, no qual ganhei o meu último Grand Slam. — digo, desviando o meu olhar para o meu esposo que me olhava atentamente, mesmo olhar de quase trinta anos atrás. — Tênis por muitas das vezes foi um escape da minha vida pessoal. Entrar em quadra era a minha motivação, a razão da minha existência e tudo era para ter aquela sensação, aquele frio na barriga que sentimos ao passar naquele corredor. Não foi fácil perder essa parte da minha vida, muito menos perder um dos meus amigos que também tinha a mesma motivação que eu. — digo, limpo a lágrima ao mencionar o tenista. — Esse esporte me ensinou muito valores, me deu muitas amizades e principalmente me fez quem eu sou hoje em dia. Muitos de vocês sonham em ser os maiores do mundo, mas não aproveitam toda a caminhada. Um conselho de todo o meu coração; aproveitem cada minuto antes de chegar no topo, aprendam e falhem, tenha o privilégio de sentir pressão, porque quando isso acabar, uma certa noite vai desejar sentir nem que seja por meros segundos.

Me afasto do microfone para limpar as lágrimas seca do meu rosto, enquanto todos se levantam me aplaudindo de pé. Abro um sorriso para a grande multidão, desviou o meu olhar para minha família que também estava emocionada.

Naquele instante sabia que todo sacrifício que tinha feito dentro dessa quadra, tinha valido a pena.

Antes de sair da quadra, me despeço. Sabia que seria minha última vez aqui.

Após sair do grande palco, sou recebida por alguns antigos tenistas, ficamos conversando bastante e relembrando os tempos de tour. Até os meus filhos aparecerem junto com os seguranças.

— Você arrasou tanto, mãe. — Tina disse, me abraçando. — Queria ter visto você jogar.

— Ó querida, eu também. — digo, abraçando fortemente.

— Sua sorte que pode me ver, maninha. — Callum disse, se aproximando de nós duas. — Me diga uma coisa que a senhora não sabe fazer.

— Em tênis? nada. Como uma senhora de idade, quase tudo, querido. — brinco, me afastando da mais nova e encontrando os braços do meu garoto.

— Espero que eu seja igual a você. — o tenista murmurou, em meus braços.

— Vai ser bem melhor, meu bem. — digo, em tom de voz firme.

Nós nos afastamos depois de alguns minutos. Dando de cara com a minha cópia que ainda parecia emocionada.

— Ele estaria orgulhoso de você, mãe. — ela murmurou, em meio às suas lágrimas.

— Seria o primeiro te abraçar. — Callum disse, puxando a caçula para seus braços grandes.

— Sinto falta dele. — Tina sussurrou.

— Quando eu olho para vocês, ainda consigo vê-lo. — digo, respirando fundo. — Ainda consigo sentir sua presença, ainda vejo o seu amor mesmo que ele não esteja mais conosco. — digo, eles assentiram com a chave. — Me prometem algo? Quando eu também for de encontrar o pai de vocês, algo que não vai demorar para acontecer pois todos nós sabemos que não conseguimos ficar muito tempo longe um do outro. Prometam que não vão se afundar em tristeza, mas vão viver a vida da melhor forma possível, e principalmente continuarão unidos.

— Tudo bem, mãe. — Maitê disse, meio receosa.

— Eu prometo. — Tina disse, sorrindo ao meu as lágrimas.

— Eu também. — Callum disse.

— Obrigada. Eu amo vocês como nunca amei nada nessa vida. — digo, eles se juntaram em minha volta em um abraço.

Aproveito a cada minuto desse braço. Pois eu sabia que estava próximo o dia de encontrar o meu amor.

FIM

YOU'RE LOSING ME - JOACO PIQUEREZOnde histórias criam vida. Descubra agora