morte

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Não, ele estava fazendo algo bem mais estranho do que tentar me matar. Será que ele queria me desestabilizar para ficar mais fácil me sufocar até a morte?

Ta, estava muito próximo. Eu estava sentindo sua respiração perto do meu pescoço, fazendo a minha barriga dar uns choques esquisitos. Ele até colocou a mão na minha cintura; minhas pernas ficaram parecendo gelatina. O que esse idiota está tentando fazer coisa boa, não é,Tenho certeza, mas por que estou tão entregue? Eu não posso cair no charme dele. Em um choque de realidade, eu acordei para a vida e empurrei ele, nossos corpos se afastaram.

Ele soltou um grunhido. Não sei se foi de surpresa pelo empurrão repentino ou de dor. Quando olhei na sua direção, ele estava com a cabeça meio baixa, os olhos pressionados e mordendo o lábio, com uma expressão de dor. Porra, será que eu machuquei ele? Mas o empurrão nem foi forte; acho que ele só está fazendo drama.

"Ei, eu machuquei você?"

"Não, eu já estava machucado."

"Você está sentindo dor?" E claro que ele tá sentindo dor, que pergunta burra, Barcode.

"Não, tá tudo bem."

"Então deixa eu ver para você. Merda, por que eu tava tão bonzinho de repente? Deve ser a consciência pesada."

"Não precisa."

"Se não precisa, por que ele está pressionando o lugar que parece doer, com essa cara de cachorrinho que caiu da mudança?"

"Me deixa ver logo." Ele me encarou por um tempo, parecendo que tava pensando se iria ceder ou não, mas no fim ele cedeu e começou a levantar a blusa. Eu espero que ele não esteja pensando em nenhuma gracinha.

Quando o machucado ficou à mostra, meus olhos quase caíram. Como ele estava bem desse jeito, com essa cratera na cintura? O machucado estava muito grande e parecia inflamado.

"Você passou algum remédio nisso?"

"Não, eu não tive tempo."

Eu tentei não olhar nos olhos dele de novo, mas falhei miseravelmente. Ele parecia triste e envergonhado. Pode chamar a ambulância, porque uma coisa que essa criatura não tem é vergonha.

Quando ele desviou o olhar do meu, fui até o meu armário pegar alguns remédios para cuidar da sua ferida. Então, arrastei ele pela mão para sentar no banco do vestiário.

"Levanta,a criatura ia levantar do banco, meu Deus.

"Não, do banco e sim a sua blusa, para eu olhar a ferida. Inteligência rara."

"Aaaaaa, entendi."

Quando eu ia chegar perto, ele soltou um gritinho de dor que fez eu levar um susto.

"Aí, porra! O que você tem? Eu nem tinha tocado em você!"

"E por que doeu sem nem tocar?"

"Você não sabe nem mentir; até nesse instante você tava cheio de graça."

"Sim, até você magoar ela."

"Isso nem tinha começado a cicatrizar para eu poder ter magoado."

"Tá, tá. Faz logo isso."

"Olha, quer saber, faça você sozinho." Ia vestir minha roupa para ir para o refeitório, mas ele decidiu colocar sua mania em jogo e segurou meu braço.

"Nossa, anjo, você é muito esquentadinho mesmo, viu? Desculpa, eu não consigo fazer sozinho, então me ajuda, ou você vai me deixar morrer com uma infecção?"

"Tá, então senta aí e fica quieto."

"Ui, além de esquentadinho, é mandão. Tô amando descobrir os seus lados quentes."

"Vai se fuder." Eu disse, olhando nos seus olhos, mas ele só deu um sorrisinho cheio de malícia, como sempre.

"Eu poderia enfiar o dedo nessa ferida para me vingar, mas eu fui bonzinho. Limpei tudo direitinho, passei o spray para desinflamar."

"Olha, essa pomada aqui, você vai passar quando estiver quase cicatrizado, é para não ficar cicatriz."

Eu sentei do lado dele no banco e segurei seu rosto para passar pomada no seu lábio, que tinha um corte.

"Nem é meu aniversário ainda, e você já quer me dar um beijo de presente, é?"

Eu comecei a fazer um barulhinho com a boca.

"O que significa isso?"

"Significa que o despertador tocou, e está na hora de acordar do seu sonho. Fica quieto agora para eu passar a pomada no seu lábio."

Quando comecei a passar a pomada na sua boca, ele começou a olhar para a minha.

"O que cê tá fazendo? Para de olhar para a minha boca."

"Eu não tô olhando pra ela."

"E claro que tá; eu não sou cego."

"Então eu vou parar de olhar agora. Eu quero experimentar o sabor dela."

Ele se aproximou devagarinho, me olhando como se quisesse me engolir. Lá no fundo, eu sabia que ele queria; seus lábios estavam tão próximos dos meus que dava para sentir seu hálito de cigarro e bala de cereja.

Faltava pouco para acabar com a tensão e o espaço restante; seus lábios estavam roçando nos meus. Ele tinha colocado a mão no meu pescoço, e minha respiração estava presa. Ele ia avançar de vez.

"O Barcode."

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