cinco minutos

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Eu poderia tocar essa maldita campainha, pedir desculpas e ver aquele sorriso e aquele maldito rosto que consegue me deixar maluco. Ou eu poderia virar as costas e ignorar esse sentimento, mas eu sabia que não conseguiria. Eu ficaria mais um dia pensando nele e no que poderia ter falado antes de estragar tudo. Para de ser covarde. Vai, faz uma coisa por você mesmo uma única vez.

Então, toquei. O barulho de espera me deixou tão nervoso que achei que iria vomitar. A demora de ser atendido estava me fazendo suar. Eu limpei as palmas das mãos tantas vezes na calça que ardeu. Desviei o foco para a barra da camisa e mexi ali por alguns minutos que pareciam intermináveis até ouvir o portão destravado em um click baixo.

Ele apareceu com um sorriso que logo se desmanchou quando me viu. Isso fez com que a vontade de vomitar e desaparecer crescesse. Era quase angustiante saber que eu sou o motivo da sua indiferença. Ele ficou ali me analisando. Eu preciso falar alguma coisa.

- Oi.

- Qual a parte do "não me procure mais" você não escutou?

- Eu sei, mas eu não consigo. Essa é a verdade. Eu não consigo ficar longe de você. Isso parece confuso porque em um momento eu sou só um idiota, e no outro, estou na sua porta a essa hora para fazer um pedido de desculpa que eu não sei por onde começar, muito menos se você vai aceitar. Mas, por favor, me perdoa. Eu posso ter te tratado mal, mas acredita em mim, eu só não consegui lidar com o fato de você ser a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Depois disso, ele ficou em completo silêncio, o que estava me deixando apreensivo. Esse pedido pode ter parecido ruim, mas foi o melhor que eu consegui. Então, por favor, fala alguma coisa, nem que seja uma ofensa, um xingamento, qualquer coisa.

- Eu vou perdoar você dessa vez, mas na próxima vez que você fizer uma coisa parecida com essa, eu vou sumir da sua vida da pior forma possível. Eu vou fazer com que doa mais em você do que em mim, pode acreditar. Você tem sorte que, por algum motivo, meu coração não me deixa ficar bravo com você. Minha mente pegou a raiva, colocou em um potinho e socou no fundo da minha mente, senão eu estaria pensando na sua morte e não nessa sua carinha bonita.

Eu estava feliz porque, apesar de estranho, isso foi quase uma declaração. Então, não podia esconder o sorriso estampado na minha cara. Ele tinha um sorrisinho discreto que tentava esconder com uma carranca, mas falhou.

- Você vai ficar aí com essa cara de pateta ou vai entrar? - Ele disse, abrindo mais o portão em uma forma de convite. Então, eu entrei.

A casa dele era grande, mas confortável. Não parecia um museu, diferente da minha.

- Nossa, você aceitou rápido, né? Se eu tivesse planejado te torturar, seria fácil.

- Até parece que você faria algo assim.

- Eu posso parecer inofensivo, mas eu tenho muita habilidade nesse termo. - Eu ri um pouco disso.

- Ah, é? Então, me mostra. Vamos de cinco minutos sem levar pro coração.

- Feito. Quem ganhar pode pedir qualquer coisa.

Ele não atacou primeiro, então eu também não me mexi. Ia esperar que ele atacasse.

- Você é espertinho, querendo que eu ataque primeiro pra memorizar os meus movimentos e contra-atacar direto no meu ponto fraco. Estou impressionado.

Eu ri porque o safado tinha razão; era exatamente o que eu estava fazendo, mas parece que ele sempre está um passo à frente de mim.

Vamos lá, para de ser frangote. Alguns minutos atrás, não estava botando fé nas minhas habilidades, agora está com medinho.

Estou pensando se vale a pena acertar esse rostinho perfeito por nada. Quando fechei a boca, ele lançou um soco em direção ao meu rosto que por pouco não acertou em cheio. Fiquei chocado por um tempo, mas não poderia abaixar a guarda; ele poderia lançar outro golpe a qualquer momento.

Cometi o erro de tentar golpear o pescoço dele, então ele segurou meu braço, levando-o para trás das minhas costas e chutando a parte de trás do meu joelho, fazendo-me cair ajoelhado. Esse garoto tem agilidade.

Parece que te subestimei, anjo. Você até que tem alguma habilidade. Claro que não usei nem um por cento do que sei fazer, mas era legal deixá-lo feliz; ele era mais ou menos na luta. Se eu quisesse, daria uma surra nele fácil, mas não quero.

Diz o que vai querer, eu disse, olhando por cima do ombro.

Não pensei ainda. Mas não teve graça; nem se esforçou, ele disse depois de me soltar, meio emburrado.

Você sabe se defender e não lutar, a não ser que tenha fetiche em apanhar. Só sei luta de rua; essa luta não tem limites. Ia acabar machucando você sem querer.

Não tenho fetiche nenhum, seu idiota.

A gente brigando por algo bobo de novo. Me diz quem te ensinou esses movimentos aí.

Nossa, e a parte de não levar para o coração, eu em.

Você que ficou todo emburradinho do nada.

Não fiquei. E quem me ensinou foi meu irmão.

Por quê?

Quando me assumi, ele ficou com medo de eu sofrer na escola. Então, ele me ensinou a me defender do jeito ogro dele.

Hmm, tá explicado. E você precisou usar em algum momento? Perguntei meio preocupado.

Só você que me enchia o saco; os outros achavam que você já fazia bullying o suficiente por eles. Mas você só me provocava mesmo.

Sei que adorava quando eu te provocava; dava pra ver estampado no seu rosto, disse, me aproximando dele, que por algum motivo não se movia. Se não quiser que eu faça o que quero, é melhor se mover agora. Mas ele só me olhou com a sobrancelha arqueada, sem sair do lugar.

Antes que eu chegasse perto o suficiente, ele veio na minha direção, me beijando. Fiquei um pouco espantado porque foi muito rápido, mas logo retribuí. O seu beijo era bom, os seus lábios carnudos deixavam o beijo macio. Levei as minhas mãos até a sua cintura, pressionando um pouco o local, e ele passou os braços ao redor do meu pescoço. mordeu o meu lábio com um pouco de força, fazendo-me soltar um grunhido de dor. Depois, deu vários selinhos em cima. Quando voltei a olhar para ele, estava ofegante e com um sorrisinho lindo para caramba.

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