Quando eu acordei de manhã com o sol entrando pelas persianas da janela – que obviamente a gente esqueceu de fechar –, eu senti um cheiro diferente, uma textura diferente dos lençóis. Mais o cúmulo pra mim foi quando eu abri os olhos com uma dificuldade terrível, porque minha cabeça doía tanto que eu fiquei com vontade de chorar, a minha boca mais seca que o deserto, e o teto não era o da minha casa. E como eu sei disso? É porque eu não tô vendo nenhuma estrelinha grudada, esse teto tava limpinho.
Nesse momento, eu estava entre três decisões: me matar, surtar ou vomitar. E a escolhida do momento foi a última. Eu levantei da cama e abri as duas portas que tinha no quarto. Uma delas tem que ser um banheiro que tenha uma privada, porque eu tô com a sensação que vou botar até meus bofes pra fora. E eu acertei, atrás de uma das portas tinha um banheiro. Só deu tempo de agachar perto da privada e colocar tudo pra fora.
Eu não estava entendendo balhufas de nada. Eu não bebo, então como eu cheguei a essa situação de vomitar a beça na casa de um desconhecido e se eu tiver feito algo burro – quer dizer, mais burro do que ficar tão louco a ponto de não lembrar de nada?
Quando eu levantei da privada e olhei na direção da porta, meu coração deu um tranco e meu corpo inteiro gelou. Eu estava na casa do cachorro, que merda! Que merda!
"Que cara de espanto é essa, príncipe?"
"Como você tá tão calmo nessa situação deprimente?"
"Porque quem tá na situação é você."
O pior de tudo foi quando eu olhei para meu corpo. Eu não lembro de muito, mas tenho certeza de que estava usando calça e blusa, não só um blusão.
"Você até que fica bem nessa situação", ele diz, apontando para meu corpo meio nu. Esse babaquinha.
"Olha, tem escova de dente ali na gaveta e toalha na outra. Você pode usar e pegar uma roupa minha. Então, eu vou indo pra você poder se trocar. Tchauzinho."
Como assim só isso? A minha cabeça tá quase explodindo com perguntas. Como eu vim parar na casa dele bêbado e usando só uma camisa?
Depois de me martirizar com tudo isso, eu finalmente me preparei pra sair do banheiro. Eu só queria um buraco pra entrar e não sair nunca mais, se for possível.
"Ahn, você pegou a roupa que eu posso usar?"
"Não. Quem tem que pagar é você. É só entrar ali e escolher uma. Não é um bicho de sete cabeças. A não ser que você prefira ficar assim. Eu não me incomodo não."
Depois dessa, eu com certeza vou vestir algo. Pode ser que tenha acontecido alguma coisa ontem, então não vou dar brecha pra que tenha chance de acontecer de novo. Não que eu ache ele feio, longe disso. Ele tem quase tudo que eu preciso. Um corpo bonito pra caramba, o rosto nem se fala, mas a personalidade é matante.
No closet dele só tem roupa preta, difícil ver uma de outra cor. Então, eu escolhi uma calça e uma blusa normal. Era confortável e tinha cheirinho de amaciante.
"Ei, olha, ele sabe escolher o que vestir por conta própria. Que bonitinho.
Que dom que você tem de deixar o clima pesado. Cruzes."
Olha, toma água e remedinho pra passar a dor.
Eu revirei os olhos pra ele, então peguei o copo de água e tomei o remédio. Mas ainda tava com a pulga atrás da orelha pra saber o que aconteceu.
"Uhmmm, aconteceu algo, se sabe, ontem?"
"Você quer saber se a gente transou ou o porquê de você tá louco?"
"Os dois. Eu tava com vergonha de mim mesmo."
"Pra primeira pergunta é não. Eu não transaria com você sóbrio, imagine louco do jeito que você tava. Pra segunda, sua mãe nunca te ensinou a não aceitar bebida de estranhos? Não, bebeu bebida batizada que algum sem noção com malícia te deu. Ah, e sobre a roupa, eu troquei porque você tinha vomitado e eu não iria colocar você na minha cama do jeito que tava."
"A, sim. Eu tava aliviado por não ter rolado nada. Eu queria lembrar da minha primeira vez. Não que eu queria que a minha primeira vez fosse com ele. Eu com certeza fiquei parecendo um pimentão com esse pensamento.
O que se tá passando aí em, olha, eu não quero nem saber, viu. Vem, vamos tomar café."
Eu segui ele até a cozinha. A casa dele é gigante e tem uma decoração meio rústica, deve ser pra combinar com ele. Era incrível de bonita.
"Senta aí, eu vou fazer café pra você."
"Olha, até parece que é bonzinho."
"Se acha que isso vai ser de graça, minha bondade tem limite e você extrapolou ela ontem."
"Até parece que eu tenho algo que você queira."
"Claro que tem, e você sabe muito bem o que é. Não se faz de sonso."
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Everything In My Life Is About You
Acak"Um garoto de língua afiada, com um humor pouco mórbido, é atormentado por outro garoto com ares de badboy. Este último tem cara de que te mataria e te mataria mais, por algum motivo ainda não descoberto por ele. adora quando o primeiro garoto o de...