Capítulo 03

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SOB MONTANHA

— Ela se perguntava se alguém ainda se lembrava dela, se alguém ainda se importava. Ela tentava não pensar no que havia do outro lado da montanha, no que a esperava se conseguisse escapar. Ela tentava não pensar em nada, apenas em sobreviver.

A raposa havia deixado rastros pelo chão, era tipo um tapete brilhoso que asterin deveria seguir

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A raposa havia deixado rastros pelo chão, era tipo um tapete brilhoso que asterin deveria seguir. Era difícil enviar comandos para sua mente, mas tentava seguir o tapete brilhoso com restos de gotas das chamas. Um passo de cada vez, sentindo as suas asas illyrianas se arrastarem pelo piso frio e grudesco.

Continue, dizia a raposa em sua mente, e ela continuou, com medo da raposa abandona-la.

De onde saira essa raposa? Mas não se importou, apenas seguiu, e logo foi como levar um tapa na cara. Ela ergueu a sua mão, colocando-o na frente do seu rosto.

Os raios de sol escapavam pelos seus dedos. Asterin, aos poucos, foi abaixando a sua mãe e se aproximando da varanda, vendo o sol nascendo. Ela choraria, mas esqueceu até como se faz isso.

E sorrir....como se faz isso?

Asterin apenas encarou o céu amarelado, encantanda com a beleza. Aquilo só fazia ela ter certeza de que estava viva, que conseguiu. E graças a chama ardente que brilhou no meio da sua escuridão.

Ela inspirou e expirou o ar puro.

Pela primeira vez, era um ar limpo e gostoso de se cheirar. Faz tanto tempo que não sente isso, que havia se esquecido.

Ela queria demonstrar alguma emoção, mas não conseguia, era vazia, um cacto.

Vazia.

É assim que ela se sente.

Fraca.

É assim que ela se sente. Mas não deve, pois conseguiu sozinha se liberar da maldição, sem ajuda de ninguém, apenas da chama ardente.

Asterin suspirou.

Mas não sentia nada.

Como fazer para sentir emoções? Como que quebra o vazio? Ela tocou, delicadamente no parapeito, sendo a gelidez.  Asterin olhou para baixo, vendo a raposa, e deu um passo para trás.

A raposa bela, brilhando feito sol, inclinou a cabeça para o lado e seus olhos felinos desceram pelo corpo da mulher, indicando algo. Ela se olhou, e logo se lembrou de que estava nua, então forçou as asas se fecharem ao seu redor, e funcionou.

Ela esticou o pescoço para olhar a raposa bela, querendo vê-la. 

Não quer perde-la.

Era difícil de olhar, pois suas asas são enormes, maiores do que a dona. Asterin mordeu os próprios lábios, era doloroso descer um pouco as suas asas, eram rebeldes.

E viu os olhos felinos.

Ambos ficaram se encarando sem dizer nada, ele balançava o rabo peludo de um lado para o outro, como se estivesse ansioso. Então, ele fez um gesto com a cabeça indicando para segui-lo.

E asterin seguiu, devagar.

A raposa viu que ela não conseguia andar rápido, então, diminuiu o passo e o som da sua pata ecoava pelo que parecia uma caverna abandona.

Onde estou?, perguntou asterin, olhando para as paredes frias e de pedras. Onde que amarantha havia jogado ela? Em que inferno?

A raposa passou por baixo de uma cortina vermelha e asterin esticou as mãos, separando as cortinas, se deparando com vários cadáveres, cobertos de sangue. Seus olhos foram para a raposa que mordia uma fêmea morta, e que usava um vestido branco coberto de sangue e estavam um pouco rasgados.

Oh, ela entendeu.

Asterin olhou pelo lugar, parecia um salão de festa abandonada. Tudo estava destruídos, os lustres caídos no chão, algumas cortinas rasgadas e cobertas de sangue, e o chão...chão cheio de cadáveres. 

A morta-viva fez um gesto com a cabeça, indicando um macho morto. Ele usava roupa simples, e parecia confortável.

A raposa assentiu, como se tivesse gostado da roupa.

Quem são essas pessoas?, ela perguntou enquanto tirava a roupa do macho.

Asterin colocou a camisa branca coberta de sangue, que ficou um vestido dela, e depois colocou a calça preta. A morta colocou a camisa para dentro da calça e tirou as botas dele, apenas para não andar descalça por...para onde ia? Nem sabe onde está.

A raposa correu até a cortina que haviam entrado e asterin a seguiu, conseguindo acelerar mais seus passos, significando que estava conseguindo voltar a controlar seu próprio corpo.

A raposa correu e asterin correu, gostando.

Gostando dos seus pés acelerando, do cabelo balançando.

Gostou de está viva, novamente.

— Estou viva. — sussurrou, sua voz ecoando pelo corredor vazio e escuro, que estava sendo iluminado apenas pela luz da raposa em sua frente que parecia ansiosa em sair da prisão.

Asterin semicerrou os olhos em ver a raposa escalar, indo facilmente para cima, por um buraco que tinha no teto. Ela fez um gesto da cabeça, como se fosse um suba logo.

A morta-viva olhou ao redor e vira uma cadeira velha, e puxou até debaixo do buracão, subindo dela e logo pulou. A raposa mordeu a manga da camisa, puxando-a para cima.

Asterin suspirou e se deitou de costa, vendo o teto escuro e sombrio.

A raposa colocou seu rosto na frente, tampando a visão. Seus olhos felinos brilhavam.

Por dentro, asterin sorriu.

— Então, como me achou? — perguntou, seguindo a raposa pelo longo corredor que parecia nunca ter fim. Realmente, estava no inferno.

A raposa não disse nada, apenas andava com graça e elegância em sua frente, a levando para algum lugar.

Uma nova prisão talvez.

Ou...ou a saída.

Seu barriga se embrulhou, com medo de encontrar amarantha no corredor.

Ela morreu, disse a raposa e asterin parou de andar, vendo a raposa seguindo.

Morreu.

Amarantha morreu.

Por isso sua magia estava tão fraca e por isso que estava frequente em sua mente.

Asterin correu, indo até a raposa.

— Pra quem eu tenho que me ajoelhar e agradecer? — perguntou, mesmo sabendo que não se ajoelharia para ninguém. Nunca nem se ajoelhou para o seu pai, imagine para estranhos que mataram amarantha, estava agradecida. Mas se ajoelhar? Jamais.

A raposa não respondeu, apenas mexeu seu rabo peludo, e rebolou.

Asterin respirou, novamente, dessa vez com leveza.

Mas mesmo livre, não sentia nada.

Estava vazia e amarantha deve gostar disso.

Ela não era mais a princesa da corte noturna.

Ela não era mais a irmã de rhysand.

Ela era...um nada.

Corte de Cicatrizes Sombrias|ᵃᶻʳⁱᵉˡ ᵉ ˡᵘᶜⁱᵉⁿOnde histórias criam vida. Descubra agora