violeta

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Hoje é um feriado féerico o nome é dia do reino, marca o aniversário de um rei muito importante ou sei lá oque, dura uma semana inteira. Como não tenho que ir trabalhar , vou caçar na floresta, não tem ninguém lá então sem testemunhas,sem crime.
   Confesso que estou com medo de Jeremy, não o vejo desde o episódio em que fiz o nariz dele sangrar, e quer saber? Não me arrependo.
Ele mereceu,  afinal porque chamar aqueles pirralhos nojentos só pra fazer isso?
  Tomo coragem e saio pela porta, não vejo ninguém, devem estar todos no festival, penso, vou ter que pagar um atalho pra desviar da multidão. Normalmente os seres inferiores não são convidados, ou são convidados só para servir aos seres puros. Não dou muita importância então parti rumo a floresta.
  Chegando lá procuro rastros de animais, não tem muita coisa por aqui. Decido então me posicionar em uma árvore perto de um pequeno córrego, alguma hora um animal aparece.
Depois de um tempo ouço um barulho vindo do outro lado do córrego, preparo o arco para atirar, vejo que é um cervo.
  Espero o cervo se mover um pouco para o lado e então atiro, acabei errando o tiro que era para ser certeiro como sempre. O cervo cai mas logo se levanta, a flecha acertou sua perna. Ele tenta correr, já foi mais longe do que o alcance de minhas flechas, desço da árvore e caio no chão coberto de folhas, minhas costas doem mas não posso perder o cervo, uma caça desse tamanho vale ouro.
  Começo a correr, o cervo para e cai no chão lembro da minha faca. Me aproximo do cervo lentamente, a adaga em mãos.
  Cravo a adaga e mato o cervo, depois, passo a faca para remover a pele. Fico um bom tempo fazendo isso, deixo o que sobrou da carcaça ali mesmo, não quero ficar lá por nem mais um segundo .
Dei muita sorte hoje, penso, consigo umas duas moedas de ouro por esse cervo inteiro. Querendo ou não, é um bom negócio, mas vou ter que esperar até o fim do feriado para poder vendê-lo.
  Então, percebi um pequeno movimento no topo de uma árvore, acho que é um esquilo, de qualquer forma não dou muita importância.
  Estou chegando perto da cerca, sei disso porque a muito tempo, fiz marcas discretas no tronco das árvores. Sinto que tem algo atrás de mim, então, com medo de ser pega paro e olho pelo canto do olho, não tem nada, sigo adiante rumo a cerca. Tem cinco marcas nas árvores, um cervo, já passei, um coelho, passei também, uma flor e umas marcas aleatórias. Depois dela, a cerca.
  Passo por um buraco, tem muita gente que passa por eles pra chegar até aqui, já dá até para ver minha casa.
  Quando abro a porta, alguém diz atrás de mim.
-  Bom dia Dália, tudo bem?
É a voz que eu menos queria ouvir, Jeremy.
- Jeremy escuta...
- Não quero mais escutar nada de você.
Vejo que ele está segurando uma faca, na certa vai tentar me matar Só tentar, porque oque ele não sabe, é que também estou armada.
  - Esse foi meu primeiro dia do reino... E voltei cedo apenas para fazer oque devia ter feito a muito tempo
  Cego de raiva  pressiona a faca sob meu pescoço, já está começando a sangrar.
- Não ousaria me matar...
Digo, ele me faz dar um passo e encosto na porta.
- Jeremy, você não sabe com quem está se metendo
Ele traz a faca para meu rosto,desliza a faca cortando-me. Isso não fica assim.
- Jeremy você vai se arrepender
- Ah, acho que não vou não...
Sinto seu hálito em meu rosto. Ele só quer me assustar, penso, não vou derramar nem uma lágrima sequer.
E então ele me solta, imediatamente pego minha faca, com um movimento, minha faca está em sua garganta .
- Vai pagar caro goblin.
A faca tremia em minhas mãos, nunca matei nada alem de animais na floresta, não vou mata-lo só darei um susto.
- Dália...
Disse ele, já estava assustado, mais do que eu.
Só que eu não pretendo parar, decidi que quero mais, só vou parar quando lágrimas fluírem de seus olhos, quando implorar e ficar de joelhos aos meus pés. Estou com mais raiva dele do que ele de mim.
- Pare com isso Dália...
A essa altura já podia acompanhar o fluxo de suas lágrimas.
- E qual é a palavra mágica?
- Dália...
- Diga pra mim
- Por favor Dália
- humm, que estranho, não tá dando pra ouvir nada
- Por favor
- Disse alguma coisa?
- Por favor! Dália não me mata, por favor! Caralho Dália, não!
Ele está desesperado, caiu aos meus pés, está tremendo como nunca vi antes. Não aguento mais vê-lo ali e logo meus vizinhos voltarão.
- Antes de vir até minha casa apenas para me ameaçar e me machucar, saiba que a vingança pode ser doce para você, mas quem  mais vai apreciar sua morte, sou eu.
  Então com as duas facas na minha mão, deixo-o ir. Tremendo, chorando e com um corte no pescoço.
 

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