Antúrio

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  Acordo em minha cama, como sempre pego o uniforme que Sue me deu, penteio meu cabelo, escovo os dentes, lavo a cara e saio pra trabalhar.
  A casa está com um cheiro diferente, penso. Mas não é nada mal, oque é estranho, não tenho dinheiro pra comprar perfumes ou essências.
  Decidi não pensar muito nisso, apenas abri a porta. Estava um clima agradável lá fora. Quer dizer, até que ele chegou.
- Bom dia Dália, roupa nova né?
  Nem dá tempo de responder, sinto algo bater em minhas costas, é frio e está escorrendo até as minhas pernas. Lama.
  As crianças que fizeram isso sairam correndo, Jeremy não parava de rir. Então, dei um soco nele, seu nariz sangrou.
- Humanos podem não ter direito algum aqui, mas goblins nojentos também não tem, e a propósito, vá calar essa boca seu idiota!
  Ele está furioso, consigo ver, está segurando o nariz ensanguentado. Sinto repulsa.
  Imediatamente saio dali, com medo dele me machucar, mas ele só me olha, a fúria estampada em seu rosto.
  Assim que chego vejo Antúrio parado em frente a porta.
  - Você está atrasada, aconteceu alguma coisa?
  Ainda com raiva de Jeremy, respondo:
- Um problema com meu vizinho, um goblin nojento.
Ele me fita e diz :
- Sujou seu uniforme, foi seu vizinho?
- Uns pirralhos nojentos jogaram lama em mim.
Respondo.
- Vem cá, deixa eu te ajudar
  Nem protesto, apenas o sigo até uma salinha reservada, ele puxa uma cadeira para mim e eu me sento.
- Aqui é a sala dos funcionários, seja bem vinda.
Diz ele segurando um lenço molhado.
- Agora deixa eu limpar isso aqui...
  Deixo que limpe meu uniforme, mas não sinto o toque do lenço, está usando magia. Fico com um pouco de medo, afinal eu nunca vi um féerico fazer magia, devia estar estampado em meu rosto porque ele pergunta:
- Tudo bem aí?
- Sim
Respondo
- Não fez nada?
- Oque?
- Com o goblin,  você não fez nada?
- Fiz o nariz dele sangrar com um soco.
Por incrível que pareça, ele sorriu.
- Eu faria o mesmo
Diz ele.
- Prontinho, nova em folha.
- Valeu.
  Então nós dois saímos como se nada tivesse acontecido e começamos a trabalhar.
- Bom dia Dália, não te vi hoje.
Disse Sue.
- Ela estava comigo nos fundos, organizando algumas plantas.
Antúrio me salvou, penso.
- Ah vocês dois...
- Bom dia, gostaria de olhar o preço das orquídeas.
Diz uma fada no balcão, Sue vai correndo atendê-la.
- Organizem a vitrine.
- Está bem Sue.
- Vem cá Dália, vamos organizar a vitrine.

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