(Ato I) cap. 3 - Um verdadeiro tirano.

191 22 51
                                    


Baela despertou com um sobressalto, sentindo um aperto no peito, como se uma sombra de mal agouro pairasse sobre ela. Ela se ergueu na cama, fitando o relógio que mal conseguia decifrar, aquilo só tinha uns pontinhos, era péssimo de se ler. Um leve toque foi ouvido em sua porta, eram suaves, Baela pensou que fosse sua mãe.

— Levantou cedo, filha. — Uma voz grave e áspera soou, a garota se virou depressa, vendo um homem de pele alva e cabelos brancos e longos a observando, seu pai, Daemon Targaryen. — Sua mãe me disse que você não estava bem...

Ela correu para os seus braços, abraçando-o com força, o velho quase perdeu o equilíbrio.

— Bem, isso é uma surpresa... — Mesmo estranhando, ele a envolveu em seu abraço, amava sua filha, embora não demonstrasse muito. — Filha? O que houve?

Baela tinha o rosto banhado em lágrimas, com a cabeça apoiada no ombro de seu pai, seu corpo tremia de tanto soluçar. Ela não tinha se despedido dele. Em sua vida anterior, Baela se arrependia de não ter expressado o quanto amava o seu pai, se ele estivesse vivo, jamais permitiria que ela tivesse aquele destino.

— Pai... — Ela chorava sem conseguir falar, o apertando mais.

— Foi um pesadelo? Querida, eu estou aqui. — Ele acariciou os cabelos dela com ternura, beijando sua testa.

Ela pensou um pouco.

— Sim... um pesadelo, onde você e a mamãe se foram... — Ela disse ainda chorando no colo de seu pai.

— Não vamos a lugar algum, estaremos sempre com você, querida. — Assim os dois permaneceram abraçados por longos minutos.

Ela sabia que era mentira. Ela sabia que o tempo era cruel e implacável. Ela sabia que um dia teria que enfrentar a dor da perda novamente. Mas naquele momento, ela só queria sentir o calor de seu pai, a segurança de seu abraço, o amor de sua família. Ela só queria esquecer o pesadelo que tinha sido a sua outra vida. Ela só queria ser feliz.

Quando Baela desceu para tomar seu café da manhã, notou que algo estava muito errado. Havia um menino, brincando com um lobo deformado na sala de sua casa. Ela o encarou por alguns segundos, sentindo seu coração afundar. Ela sabia quem ele era. Sua aparência era exatamente como ela havia sonhado. Baelon, o irmão que nunca havia nascido.

— Bels! Por que não falou comigo ontem? — Ele perguntou, com um tom de irritação. Pelos seus cálculos, ele teria 11 anos agora, assim como Joffrey tinha antes de morrer.

Joffrey, só de lembrar dele, ela viajou no tempo por alguns instantes. Ela quase nunca pensava nele na vida passada. O peso da vida adulta a esmagou sem nenhum tipo de suporte, mal tinha tempo para se lamentar e quando fizera isso fora nomeada de "Lady Louca".

A sensação era inexplicavel, sentiu-se em choque por longos minutos. Não sabia como reagir, apenas seguiu até ele e o abraçou. O garoto a abraçou de bom grado, sem hesitar em nenhum momento. Baelon olhou para a irmã e a deu vários beijinhos no rosto, pois achava que as lágrimas que saiam do rosto dela eram de tristeza. O sorriso dele era quadrado, doce e inocente.

— O que foi? Eu disse algo errado? — Ele perguntou, apesar de ter a aparência de seu pai, sua personalidade era bem divergente.

— Nada. Só fico feliz em ver você. — O menino sorriu envergonhado com as palavras da irmã mais velha. -— Estava cansada, foi um dia longo na escola. — A garota justificou o motivo de não ter falado com ele, seria estranho assumir que nem ao menos o conhecia. Os dois se sentaram no sofá e viram o grande lobo pular no móvel, se aconchegando em seus colos. Sua mão o acariciou por instinto.

 See You Again.Onde histórias criam vida. Descubra agora