II - Tribunal do júri

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"Somos protagonistas de um romance não convencional, onde as curvas da vida desenham nossa história

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"Somos protagonistas de um romance não convencional, onde as curvas da vida desenham nossa história."

Em plena quarta-feira, a semana se arrastava como se cada dia fosse uma batalha a ser vencida. O peso das responsabilidades me seguia, e os dias úteis se perdiam na exaustão de cumprir prazos, uma realidade distante dos anos iniciais, quando conquistei meu cargo de promotora de justiça aos 24 anos.

O glamour inicial de ser promotora desvaneceu, dando lugar a uma realidade sombria e imprevisível. Carregar uma arma e manter-se em constante alerta tornaram-se parte da rotina, uma precaução necessária diante das ameaças que pairavam nos corredores dos tribunais.

Especulam por aí que sou o terror dos bandidos, mas, na prática, sou apenas uma profissional que faz seu trabalho. A decisão final cabe ao júri, pois meu papel é apresentar e trabalhar com as provas. Entretanto, a fadiga se torna um fardo difícil de suportar.

Até mesmo meu carro, agora blindado, reflete a necessidade de cautela em todos os momentos. Restrições sobre os lugares que posso frequentar tornam-me prisioneira de uma rotina que outrora era livre. As praias, antes refúgios da minha adolescência, agora são destinos inacessíveis, assim como qualquer lugar com grande aglomeração de desconhecidos.

A carga emocional torna-se mais densa quando penso em estabelecer relacionamentos. Não é apenas a falta de habilidade nesse campo, mas o medo constante que paira sobre minha vida, 24 horas por dia. A noção de que minha presença pode colocar alguém em perigo cria uma barreira difícil de transpor.

Recordo vividamente um caso marcante no início da carreira: um julgamento contra um poderoso mafioso, responsável por inúmeras mortes cruéis. Mesmo diante das ameaças e subornos, mantive minha integridade. O preço foi alto; em um atentado subsequente, meu carro, antes desprotegido, foi alvejado por uma metralhadora. O destino, ou talvez um milagre, impediu minha morte, mas cicatrizes em meu braço e pescoço atestam as marcas físicas dessa batalha constante pela justiça.

Anos após o violento episódio no pub, eu me via novamente em um ambiente semelhante. Sentada em uma mesa, cercada por amigos e uma namorada, a atmosfera do lugar era impregnada por risadas e conversas animadas. No entanto, a sombra do passado continuava a pairar sobre mim.

O zumbido alegre do pub foi abruptamente interrompido pelo estrondo inconfundível de uma moto. Dois homens, rostos mascarados pela escuridão, surgiram na entrada. O tempo pareceu congelar quando as primeiras balas cortaram o ar, encontrando alvos vulneráveis na nossa mesa.

O terror se instalou enquanto o caos se desenrolava. Um amigo caiu, atingido na perna, enquanto minha namorada escapou por pouco de um tiro que roçou seu braço. O eco das balas e os gritos de pânico ressoaram no pub, criando um cenário de desespero que me levou de volta àquele fatídico dia no passado.

Desde então, a decisão de me isolar tornou-se uma medida desesperada de autopreservação. Evitar qualquer lugar que possa representar uma ameaça tornou-se uma regra rígida. O pub que frequentei naquela sexta-feira, um refúgio que outrora considerava seguro, agora carregava o fardo de uma possível tragédia.

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