Capítulo 4

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Capítulo 4

Se você achou que tudo aquilo estragou meu dia, você está... ERRADO! Hehe, é preciso muito mais para estragar o dia em que eu vou ver a minha melhor amiga. Cheguei em casa toda ensopada e suja, fui logo tomar um banho enquanto minhas roupas estavam na máquina de lavar, lavei BEM meu cabelo, eu acho que passei mais de 20 minutos naquele banho (não façam isso pelo amor de Deus) mas foi pra tirar aquela água imunda do meu cabelo e do meu corpo, coloquei a toalha em volta do cabelo e vesti o roupão da minha mãe que por sinal ficava enorme no meu corpo.
  Fui para o quarto ver como estavam meus quadrinhos, ou pelo menos o que restaram deles, caramba tava tudo molhado, peguei o secador da minha mãe e deixei algumas páginas penduradas nos prendedores de roupa que estavam sendo sustentados por cordões de barbante que estavam amarrados no cabide que estava pendurado no prego da parede, liguei o secador de cabelo e coloquei em cima de uma cadeira próxima das páginas molhadas dos quadrinhos
– espero que dê pra salvar pelo menos algumas páginas.
Peguei minha mochila e tirei de dentro meu celular que estava ENCHARCADO, tentei ligar ele mas nem sinal de vida.
– droga... – Pego meus fones de ouvido – espero que estejam funcionando, mas isso eu vejo depois.
Coloquei um chiclete de menta na boca, pelo menos eles estavam inteiros.
 
  Fui na cozinha ver se tinha alguma coisa pra comer, preparei um lanche e fui assistir um pouco de TV (eu ainda estava de roupão... Cara é muito confortável) enquanto eu comia meu misto quente, olhei no relógio e eram 10hrs faltavam algumas horas até eu ver Maya! Desliguei a TV e decidi vestir alguma coisa, quando comecei a sentir um cheiro... DE COISA QUEIMADA, subi correndo as escadas tropeçando e quando cheguei no meu quarto AS PÁGINAS DO MEU QUADRINHO ESTAVAM PEGANDO FOGO! (Por causa do calor do secador... Eu tinha deixado no volume máximo pra secar mais rápido e bem perto, ok foi burrice minha mas na hora eu achei que daria certo) desliguei o secador e joguei as páginas do quadrinho pela janela.
– lá se vão... Minha alegria – caramba, agora eu não tinha mais quadrinho do 𝘮𝘪𝘳𝘢𝘯𝘩𝘢, nem celular... Que droga.

Terminei de almoçar e fui colocar minhas lentes, dei uma última olhada no espelho conferindo meu cabelo e saí. Parei de frente do portão da casa dela, reuni toda coragem e dignidade que ainda me sobraram e apertei a campainha.
– Olá... – não era Maya, era uma senhorinha, e que eu me lembre nunca tinha a visto antes.
Ela se aproximava do portão.
– A Maya está?
– Maya? Está falando de Mayara Winters?
– Sim...
– Mayara e seus pais viajaram para o exterior fazem 3 (três) dias, quem é você?
O QUE ESSA MULHER ACABOU DE DIZER? Maya viajou fazem 3 (três) dias? Então isso foi um dia depois da nossa briga... QUE? por que ela não me avisou? 
– Eu sou a Emily, melhor amiga dela.
Minha cabeça estava explodindo e meu coração já estava acelerando.
– Eu sou a vó dela, pode me chamar de Nina, eu vim para cuidar da casa até eles voltarem de viagem.
– Sei... – eu só queria me enterrar no chão – ela nem se despediu... – Essa frase eu falei mais para mim mesma do que para aquela senhora que me olhava.
– Estranho, já tentou ligar pra ela?
– Sim, um monte de vezes.
– sinto muito, se quiser pode usar o meu telefone.
– ah não precisa, obrigada de qualquer forma.
– que nada – ela sorriu – se precisar de alguma coisa é só vir aqui.
– ah, muito obrigada.
Fiquei sem jeito, ela é tão gentil.
– não precisa agradecer, você é a melhor amiga da minha neta, é o mínimo.
– obrigada tia Nina
Eu sorri para ela em forma de despedida e voltei pra casa...

  Maya tinha ido para o exterior...? Por que ela não se despediu de mim? Por que não atendeu minhas ligações? O que estava acontecendo? Eu tinha tantas perguntas, eu poderia usar o telefone da Tia Nina mas eu estava com uma certa raiva de Maya, poxa ela nem disse que ia viajar e nem pra onde, ela só foi, talvez pra sempre... Ok isso com certeza estragou meu dia... Minha semana... Minhas férias... Minha vida inteira... E lá estava eu sem a Maya, sem meu celular e o pior, SEM MEUS QUADRINHOS DO HOMEM ARANHA!
  Se eu tivesse um desejo, desejaria estapear a cara de Rose Miller até minhas mãos queimarem.
– SUA FADA MALDITA ISSO É TUDO CULPA SUA! EU TE ODEIO.
Eu gritava, chorava e jogava os travesseiros no chão... Quebrava meus quadros, atirava a primeira coisa que via pela frente na parede, tipo aquele pote de lápis… 
Eu cansei, cansei de jogar e quebrar minhas coisas e agora eu só chorava na minha cama abraçando meu ursinho, chorava de raiva e de tristeza... Vi um quadro que tinha jogado no chão, a foto era de Maya e eu, foi nossa primeira festa do pijama, foi a minha primeira festa do pijama na vida... Peguei a foto e aquele quadro com o vidro quebrado.
– por que Maya? Por que você se foi sem me falar... Sem se despedir da sua melhor amiga... Eu sei que eu vacilei, mas isso não justifica, poxa...
Olhei para minha penteadeira e vi a pulseirinha que ela tinha feito pra mim no verão do ano passado, eu nem sabia se ela ainda tinha a que eu tinha feito pra ela... Fizemos essas pulseirinhas juntas no quarto dela, foi um dia tão legal, a Maya é sempre incrível, ela sempre está sorrindo, uma coisa rara é ver ela de mau humor... Sempre tão Alegre e divertida... E agora ela está bem longe de mim, por minha causa talvez...

– Não fica assim princesa, você tem a mim.
Daniel sorria, eu estava na casa dele.
Desvio meu olhar para o chão.
– eu sei, mas a Maya... É diferente, sabe?
– Eu sei que ela é sua melhor amiga, mas eu tô aqui pra você e sempre vou estar.
ele pega na minha mão.
– obrigada Daniel... Sério, por estar do meu lado.
– e por que eu não estaria? Eu te amo.
– talvez por eu ser esquisita e amaldiçoada?
Dei uma risada mas ele não riu.
– Emily, eu já disse que isso não importa.
– eu sei...
Na verdade eu não sabia não, sério eu não consigo entender como alguém igual o Daniel iria querer ficar comigo, como Cynthia havia falado, e eu odiava concordar com ela, mas ela estava certa.
– independente de tudo, você é minha namorada agora, e eu prometo cuidar de você.
Ele põe uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, corei.
– eu te amo, sabia?
– eu também.
Ele me beija segurando meu rosto.
Ali eu sentia um misto de emoções, beijar o Daniel naquela situação que eu estava era reconfortante, eu me sentia acolhida mesmo estando triste.
Apesar da Maya estar longe de mim, eu tenho o Daniel comigo e eu sei que posso contar com ele sempre, mesmo eu achando impossível ele me amar, mas eu tinha decidido que no dia seguinte eu iria na casa da avó de Maya para ver se conseguiria algum contato com ela.

Naquele final de tarde eu me encontrava no lago, observando o sol se pôr, como sempre... Mas dessa vez eu não estava nem um pouco relaxada, minha mente só pensava na Maya.
Antes das 18hrs voltei pra casa e me sentia vazia por dentro, alguma coisa faltava na minha vida... Era Maya? Era o Daniel? Minha mãe? Eu não fazia ideia.
  Eu nem tinha jantado naquela noite, não sentia um pingo de fome então fui deitar, eram quase 21hrs quando ouvi umas risadas vindo lá de fora no portão, era minha mãe e o amigo dela, eu nem tinha visto ele ainda, não que isso importasse.
 
No dia seguinte decidi que ia na casa da tia Nina (ela não é minha tia eu sei) assim eu fiz, estava lá no seu portão 14hrs da tarde tocando a campainha.
A tia Nina vinha na minha direção para abrir o portão.
– Oi... Emily, né?
– Sim, eu queria usar seu telefone emprestado se não for muito incômodo.
– ah claro, entre por favor, não é incômodo nenhum.
– com licença.
Eu entro e ela fecha o portão.
– fica a vontade tá?
Ela abre a porta da frente e eu entro.
– sabe o que aconteceu? meu celular pifou.
– ah, eu entendo, pode usar esse aqui.
Ela me entrega um celular, eu pego.
– Muito obrigada.
– pode ficar o tempo que precisar, qualquer coisa me chama.
– obrigada…
Espero ela se afastar e digito o número da Maya.

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