Capítulo 13
Ficamos alguns segundos em silêncio, mas ele logo é quebrado por Zadock.
– quando Rose se jogou naquele lago, seu suicídio fez com que ela abrisse uma portal para os Montforts. Fazendo assim com que todo Montfort que se suicidasse viesse para cá, que é o nosso caso, e se caso algum Montfort sair daqui terá de encontrar sua alma gêmea em três dias.
Senti que em todo esse momento eu tinha sido muito egoísta.
– eu… sinto muito mesmo.
– tudo bem Emily, estou acostumado com jovens como você.
– então, o que aconteceu depois da morte dela?
– bom, no reino Montfort as coisas claramente começaram a dar muito errado, mas como pôde ver, Rei Damian já estava muito mal, depois de alguns dias da coroação do príncipe ele chegou a falecer deixando Sebastian muito triste e deprimido, mas depois da morte de Rose as terras ficaram inférteis e não eram boas para se plantar mais nada, o casamento do príncipe estava indo por água abaixo, e a rainha Odette se arrependeu profundamente de ter feito sua filha se casar com Sebastian pois eles estavam indo a falência.
– nossa… no final ele teve o que merecia, mas de um jeito diferente.
– Emily antes de mais nada quero esclarecer muitas coisas pra você, mas vou tentar ser breve.
– Ok…
– suas chances para sair deste mundo são pouquíssimas.
– quanto por cento?
– 0,5%
Arregalei os olhos, como assim?? Aquilo era quase impossível.
– mas por quê?
– você só tem esse 5 (cinco) após a vírgula pois tem somente um bracelete, isso facilita as coisas.
Olho para o meu bracelete.
– mas não sei se você já pensou nisso, mas neste mundo há um governador, ou você acha que vivemos de qualquer jeito?
– ah, faz sentido.
– mas este governador é… estranho, digamos assim, ele chegou alguns dias depois de mim, e ainda não havia muitas pessoas… então ele logo ganhou confiança de todos e se tornou governador do mundo.
Percebo que Zadock olha para Jack, o mesmo suspira fundo e baixa os olhos, eles pareciam tristes.
– como assim estranho?
– não vai demorar muito até ele vir atrás de você, muitas pessoas viram você somente com um bracelete, ele logo ficará sabendo.
– e isso é ruim?
– isso é péssimo, você é nossa esperança Emily, se ele souber que tem alguém tentando escapar daqui ele surta! Ele criou ambição no seu poder e quer continuar assim, pois se sente superior e poderoso.
– e alguém sabe como ele é? Ou o nome dele?
– sua identidade é secreta, ele usa uma máscara preta quando decide vir em forma de governador, o chamamos de anjo Negro.
– como assim “quando ele decide vir em forma de governador”?
– ele é um Montfort como qualquer um aqui, ele vive entre nós mas como nunca vimos o seu rosto nunca saberemos quem ele é, pode estar bem próximo ou muito distante.
– caramba… isso é muito complicado.
Ele olha através da janela e suspira.
– é capaz dele colocar outro bracelete em você para te prender aqui, você tem que ser esperta e corajosa.
– pelo que Jack me disse é impossível tirar o bracelete certo?
Ele assente.
– então o único jeito de tirar é cortando meu braço fora?!
– Infelizmente sim.
Sinto um mal estar e tudo começa a girar ao meu redor.
– não estou me sentindo bem…
Caio deitada no sofá.
– Emily! Pelo amor de Deus não me mata de susto menina!
– acho que minha pressão caiu, eu vou ter que…que… cortar meu braço fora?!
– você não é obrigada a fazer isso, mas esse seria o único jeito de você sair daqui.
– há mais uma coisa que ela precisa saber, sábio Zadock.
Me sento com ajuda de Jack e presto atenção no que ele tinha para falar.
– Há um tempo atrás houve um bravo Montfort, seu nome era Liam… ele era muito corajoso, enfrentava o Anjo Negro de cara a cara e um dia ele pensou em cortar seus dois braços pensando que conseguiria sair deste mundo.
– e ele conseguiu?
– Infelizmente não, ele perdeu os dois braços.
– o que?! Então como eu vou conseguir sair daqui?! Se nem este homem conseguiu com sua coragem? Imagine eu que sou uma medrosa.
Zadock me interrompe.
– mas ele não tentou uma coisa que eu acho que daria certo.
– o que?
– tirar os braceletes e se suicidar do mesmo jeito que você fez antes de vir pra cá.
– O QUE?!
Eu choquei naquele momento, aquele velho sabia do que tava falando?
– sim, acho que se ele fizesse isso ele conseguiria sair daqui.
– e onde ele está agora?
Jack responde dessa vez.
– bom ele… teve hemorragia e acabou “morrendo”, porque na verdade já estamos mortos, então digamos que virou… purpurina.
Zadock interrompeu Jack.
– mas isso é só uma lenda.
Olho para Zadock confusa, e ele me encara.
– uma lenda?
– sim, ninguém sabe se isso é verdade, isso é o que o Anjo Negro diz, acho que é para por medo em nós.
– faz sentido.
Jack encosta no sofá se espreguiçando.
– eu particularmente acredito.
Olho para ele.
– eu não sei se acredito… acho que a teoria de se suicidar após cortar os braços faz sentido, mas não tenho coragem para isso.
– mas você só cortaria um braço, sentiria menos dor.
– não! Que horror! Mesmo assim seria dor.
Zadock suspira como se já esperasse isso.
– eu vi o povo lá fora e… eles pareciam ser felizes, acha mesmo necessário?
– Emily, aquele povo não é feliz, são todos manipulados pelo Anjo Negro. Ele faz com que acreditem que este mundo é maravilhoso e que não precisamos voltar, mas é mentira! Todos queríamos voltar para nossas vidas, mas até ontem não tínhamos um pingo de chance, até você aparecer.
Suspiro e apoio a cabeça nas mãos.
– droga, essas coisas só acontecem comigo.
– Emily você não é obrigada a nada disso, mas vê este povo sofrendo e simplesmente ignorar mesmo quando tem uma chance de mudar isso, é desumano.
Olho para ele, e ele tinha razão.
– eu não tenho coragem o suficiente, eu sofria bullying na escola, sou uma franga!
– Emily, você tem tempo suficiente para pensar nisso.
– prometo que vou pensar.
– enquanto você pensa podemos explorar o mundo? Acho que seria bem legal, sabe tem tantas coisas que você precisa ver.
Jack parecia muito empolgado, eu amei a ideia.
– pode ser.
Me levanto me espreguiçando.
– a gente volta com uma resposta.
– sei que tomará a decisão certa.
Já estava quase saindo da casa quando Zadock me grita:
– ah, Emily mais uma coisa!
– o que?
– tome isto – ele me entrega uma capa de couro preto por dentro era forrada com um pano na cor roxa e tinha um capuz, ela era enorme, mas achei estilosa – para esconder seu bracelete único, sabe, para não chamar mais atenção.
– nossa, obrigada – visto a capa e me caiu bem – achei que ficaria maior.
– boa sorte.
– obrigada.
Assim deixamos a casinha do sábio, poxa tava tão bom lá, mas meu espírito de aventureira gritou mais alto.O vento soprava estranhamente quente, mas não tanto, ali no topo do monte eu tive uma visão ampla e clara da cidade que eu estava antes de vir pra cá. A cidade era pequena mas com um número equilibrado de pessoas vivendo nela, as ruas não eram muito movimentadas podia ser ver cerca de 30 (trinta) pessoas andando por ali, e nossa, as casas eram perfeitamente posicionadas, tão modernas mas algumas ainda pareciam ser de fadinhas, tão fofo. Havia poucos prédios e caramba! Eles eram feitos de cristais!
– por que não tem prédios feitos de vidros?
– é que todo vidro é substituído por cristal.
– existe vidro aqui?
– eu acho que não.
– isso é loucura.
Dou uma risada sincera.
– Vamos para a cidade! Tem algumas pessoas que adorariam te conhecer!
– mas não é perigoso? O sábio disse para não chamarmos atenção.
– ah relaxa, são amigos.Enquanto descíamos do monte por outro lado, reparei muito no mundo que eu estava.
O céu era tão lindo, uma mistura de rosa e roxo, a grama do monte era avermelhada e a cada canto que eu olhava avistava cogumelos gigantes, um cogumelo derramava água em outro que estava debaixo formando pequenas cachoeiras, no horizonte eu não avistava mais nada além de floresta, o que será que tinha lá? E os animais? Será que eram normais ou eram diferentes? Tantas perguntas!
Perto do pé do monte havia um riozinho que dividia o monte com as terras da cidade, a água era tão… diferente era um líquido brilhante como o sol, parecia pó de fada, porém líquido.
Jack foi na frente sem se importar com a água em seus pés e eu tentava achar algum jeito de passar sem me molhar.
Ele se virou e me vê tentando atravessar sem querer encostar na água.
– o que você tá fazendo?
– Tô tentando não me molhar.
Ele riu.
– a água não molha, pode vir.
– você acaba de falar um dos maiores absurdos que já ouvi.
Aquilo era ridículo, sério.
– é sério!
Ele se agacha e joga água em mim, então logo protejo meu rosto… eu não senti nada, só era morna e líquida, mas realmente não molhava, que bizarro.
– viu só?
Ainda não acreditando, agachei perto do rio e mergulhei minha mão e ela…saiu seca! Estava literalmente seca!
– isso mata a sede?
– não sei, nós não sentimos sede, só bebemos sucos extraídos de frutas mas não temos necessidade nisso, está água é usada mais para receitas de comidas e remédios, alguns dizem até que ela é boa para pele, e quando chove parece que gotas do sol estão caindo do céu, é muito lindo.
– eu preciso ver isso.
– precisa mesmo.
– eu amei aquele suco de fruta, existem mais sabores?
– sim! Minha amiga tem um bar na cidade, vamos lá.
– Beleza então.
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OLHOS VIOLETAS| A marca da Maldição
FantasiUma Maldição de Família. Uma garota azarada. Um mundo alternativo. Um romance de época. Os olhos violetas. Acompanhe a jornada de Emily e viva cada momento com nossa protagonista.