Capítulo 19

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Capítulo 19

Zadock se levantou e se afastou de mim, enquanto eu encarava o Anjo Negro nos olhos ele girava sua lança com uma mão entre os dedos, girando a lança num movimento extra rápido ele bateria o cabo nas minhas pernas se eu não tivesse pulado a tempo.
– até que você é rápida pra uma garotinha.
– dias de treino.
– como?
– achou mesmo que eu te enfrentaria só com a cara e a coragem?
Puxei minhas espadas da cintura e fiquei em posição de ataque (posição de ataque: pernas afastadas, joelhos meio dobrados, mãos afastadas segurando uma cada espada na mesma reta dos ombros) enquanto encarava seus olhos repletos de sede de sangue.
– Mas o que é isso? – começou a rir maleficamente – só pode estar brincando, as espadas de Liam?
– que foi? Sentiu medo?
– Senti que você vai virar pózinho igual a ele.
Ele girou rapidamente a lança acima de sua cabeça com uma só mão e num movimento rápido ia me atingir com um único golpe na barriga com a ponta afiada de sua lança se eu não tivesse desviado dando um mortal para trás fazendo a ponta passar de raspão na minha barriga.
– que foi? Só vai ficar desviando? Foi esse o seu treino?
Corri em sua direção, o mesmo iria me impedir usando o cabo da lança para me impedir, mas enquanto ele achava que eu pularia, me joguei de joelhos no chão então com minhas espadas iria cortar suas pernas num movimento de “X” mas ele foi mais rápido e se afastou me fazendo deixar apenas um corte no meio de sua calça.
– Sua…
Ele iria me furar novamente com a ponta da lança mas com uma rápida cambalhota desviei indo para o lado direito e logo me pus de pé.
– não tão cedo urubuzão.
Ficamos de frente para o outro enquanto andávamos em círculos.
Com a ponta da lança ele tentou me acertar no rosto, fui para o lado oposto, então ele tentou novamente furar meu rosto então me esquivei indo para o outro lado apenas mexendo o pescoço e minha cabeça, foi quando pela terceira tentativa dele me furar peguei no cabo de sua lança eu pretendia puxá-lo para mim, mas obviamente ele tem mais força e acabou me puxando para si.
– Ingênua.
Então chutei aquilo que ficava entre suas pernas, e quando ele se curvou de dor golpeei seu queixo com meu joelho, e quando iria estocá-lo no peito com a espada direita ele pegou meu punho no mesmo segundo e me jogou para longe, senti um pouco de dor na perna, tinha caído de mal jeito.
Senti a raiva crescer dentro de mim, enquanto ele se aproximava de mim com o cabo oposto da lança (o que não ponta) pressionou contra minhas costas me fazendo ranger os dentes de dor.
– estão vendo povo Montfort? É isso o que acontece quando se tenta desafiar o Anjo Negro.
Logo ele começou a rir, e aquela risada me dava um ódio enorme, ele forçou mais o cabo contra minhas costas e eu gritei de dor.
– por sua rebeldia, garota estúpida, irá acabar como Liam o guerreiro tolo.
Enquanto ele ria percebi que tinha baixado sua guarda, rapidamente com uma rasteira o derrubei, fui em sua direção afim de cortar sua garganta mas usando cabo da lança novamente ele se defendeu fazendo pressão em minhas mãos me jogando para longe novamente, mas dessa vez cai de bruços para cima, me levantei rapidamente e mal pisquei os olhos quando ele me acertou com o cabo da lança na minha costela esquerda me fazendo cair de dor.
– Desiste de uma vez, garota! Não está vendo que sou muito mais forte e poderoso? Não vê que você é fraca? Uma fraca que quer bancar a heroína?
Se aproximou de mim novamente me pegando pelo pescoço comecei a tossir conforme ele apertava, meu ódio por ele só aumentava, e ainda porque eu estava perdendo a luta, droga! Meu sangue fervia, mas não era pelo enforcamento, era pela raiva.
Ele começou a me erguer pelo pescoço, segurei em sua mão e num movimento rápido girei minha cintura pra cima o golpeando com um chute na lateral da cabeça o deixando atordoado, pulei em suas costas ia cortar sua garganta novamente, sentia uma fúria invadir meu corpo, percebi que ele iria cair para trás então me soltei dele o deixando cair sozinho no chão, num movimento rápido golpeei sua mão direita com a minha lâmina (era a mão que ele usava a lança).
– MAS QUE DROGA! QUE MERDA!
– Tá reclamando do quê? Nem dor você sente.
Peguei sua lança e joguei no lago ali perto, ele ficou na posição de boxeador e veio correndo em minha direção tentando me golpear com um soco, me abaixei e fiz um corte não muito profundo em sua perna passando por entre elas, logo fiquei de pé novamente e me virei, ele iria me dar outro soco mas segurei seu punho e com o joelho lesionei seu braço direito o quebrando, pude ouvir o crack do osso.
– QUE MERDA! OLHA SÓ O QUE VOCÊ FEZ GAROTA IDIOTA!
– Tá triste porque vai ficar feio ou porque não consegue mais usar essa porcaria que você chama de braço?
Num rápido movimento eu fiz o giro que aprendi, mas pulei e girei no ar, tudo parecia estar em câmera lenta novamente ia cortar seu pescoço passando minhas espadas por cima da minha cabeça, mas ele se abaixou se esquivando.
– Emily seus olhos…!
Ouvi Zadock me chamando de longe mas logo a voz dele sumia aos poucos, eu só focava no Anjo Negro, com um giro rápido golpeei ele com um chute na cabeça fazendo ele cair.
– EU TE ODEIO! TÁ ME OUVINDO SEU COMEDOR DE CARNIÇA?! EU TE ODEIO PROFUNDAMENTE!
Corri em sua direção com a intenção de esfaqueá-lo repentinamente, podia até ver a cena na minha cabeça, mas Zadock me impediu enquanto Sidney o amarrava ainda atordoado.
– ME SOLTA! EU VOU MATÁ-LO! VOU MATÁ-LO! ME SOLTA!
– se acalme! Emily, sou eu!
Meus batimentos eram acelerados e eu estava ofegante, só pensava em tirar a vida dele, queria vê-lo sofrendo, gritando de dor, embora ele não sentisse dor.
– SE ACALME AGORA!
Encarei Zadock nos olhos e aos poucos fui me acalmando, minha respiração foi voltando ao normal e logo aqueles pensamentos sumiram e meu coração batia normalmente outra vez.
– não consegui… me controlar, desculpa.
– Emily seus olhos brilharam! Eles…eles acenderam em um tom vivo e ofuscante! Foi como se seu ódio se fundisse com a maldição… eu nunca vi tal coisa….
– do que está falando?
Sidney se aproximou de nós.
– ele já está preso naquela corda, não quero tirar a máscara… não tenho coragem.
Me levantei e fui em direção ao Anjo Negro, carregava minhas espadas, me aproximei dele e ainda sentia raiva daquele ser…
– eu vim de uma família… muito rica.
Do que ele estava falando?
– mas o que é isso agora?
– meus pais viviam viajando a trabalho e tentavam compensar a ausência me dando brinquedos quando eu ainda era criança… fui crescendo e a compensação da ausência deles se transformou em eletrônicos e dinheiro…
– não estou entenden-
– CALE-SE! – ele me interrompe – não basta eu ser humilhado por você, não posso contar minha história? Heim? Você logo vai acabar com tudo isso! – Ele parecia estar chorando – com 12 anos… 12 anos eu me suicidei… eu era apenas uma criança Emily… uma criança cheia de dinheiro, cercada por empregados e eletrônicos mas nunca pelos meus pais, ou pelo afeto deles… quando vim para este mundo… percebi que havia poucos habitantes e logo me familiarizei com o ambiente, foram chegando mais pessoas e eu tive a ideia de virar governador… ninguém sabia que era eu… mas pela primeira vez na vida me senti alguém, era poderoso! As pessoas gostavam de mim.
– Até depois que passaram a ter medo! – Zadock gritou – ELAS PASSARAM A TER MEDO DE VOCÊ!
– Mas nunca foi… nunca foi minha verdadeira intenção… acreditem em mim, eu só queria… só queria ser amado…
– isso não te dá motivos para se sentir superior a qualquer um aqui, acabou pra você.
Com um único movimento rápido cortei sua máscara em duas partes e elas caíram… não parecia real, porque o rosto que eu vi me fez paralisar completamente.
– podre.
Cuspi em sua face e dei as costas me afastando dele.
– J-jack..? P-por que? – Zadock gaguejava – por que?
Ele não iria ter uma resposta…Senti uma mão em meu ombro, era Sidney.
– vamos…acabar logo com isso.
Me ajoelhei no chão estendendo meu braço enquanto Sidney estava se preparando com panos para estancar o sangue.
Fechei os olhos com força enquanto mordia um pano, sentia ardor, um formigamento… não olhei, não queria ver como estava. Sidney logo estancou o sangramento e eu após me recuperar um pouco me levantei e todos me encaravam, inclusive Jack.
– parabéns Emily você foi forte.
– muito corajosa.
Agradeci aos dois com um sorriso e parti em direção ao lago, logo meu braço começou a doer muito, a dor se espalhava, sentia vontade de me jogar no chão e me espernear, mas não podia fazer isso.

Eu estava de costas para todos mas tinha quase certeza de que lágrimas eram derramadas naquele momento, no momento em que coloquei os pés no lago e senti a água… a água que não molhava, olhei para o céu uma última vez… e começou a chover, era como Jack tinha dito… eram como gotas de sol que caíam sobre meu rosto, olhei para trás mais uma vez… a chuva caía e olhei pro céu novamente. o céu que tinha uma coloração diferente… então mergulhei… e ali comecei ae afogar, mas foi um afogamento diferente, um afogamento sem desespero por estar “morrendo” foi calmo pois eu sabia que estaria vivendo…

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