Capítulo 6
Acordei suando frio, de novo aquele pesadelo do espelho e o pior era que nada fazia sentido pra mim.
Passei o dia todo dia pensando sobre tudo aquilo, sobre os outros ao meu redor, eu era a culpada disso tudo porquê se eu não tivesse essa maldição nada daquilo estaria acontecendo.
Decidi caminhar pelo bairro a fim de esquecer aqueles pensamentos, mas não deu muito certo pois a cada quarteirão que eu andava via amigos se divertindo, ou então uma família feliz, namorados sorrindo e se beijando… Aquilo só piorava minha situação me fazendo voltar para casa e me trancar no quarto.
Naquele dia, minha mãe voltou mais cedo do trabalho, ela normalmente voltava entre as 18:20 e 19:00, ela chegou 17:36, eu estava sentada no chão do banheiro enquanto a água morna caía sobre meu corpo, ouço uma batida na porta.
– filha?
– Oi...
– achei que não estivesse em casa.
Levanto e desligo o chuveiro.
– você chegou mais cedo?
– Sim, hoje foi aniversário do meu chefe então todos decidiram comemorar no restaurante aqui perto.
– E você não foi?
– não, decidi vir pra casa e descansar um pouco.
abro a porta segurando a toalha enrolada no meu corpo.
– mas achei que você estivesse no lago uma hora dessa...
– não tô muito bem pra ir no lago hoje.
Subo as escadas passando por ela na porta e chego no meu quarto me atirando na cama, minha mãe aparece logo em seguida.
– você não pode ficar assim pelo resto da vida.
– não tô afim de discutir agora mãe... Sério.
– e quem disse que eu quero discutir?
– não tenho vontade de fazer nada mãe, tudo parece uma mentira.
– Emily... Coisas erradas acontecem, e tá tudo bem filha.
– As coisas erradas acontecem comigo, né? Aliás com a gente.
– De novo, Emily?
– mãe eu realmente não quero conversar, me deixa sozinha por favor, só quero ficar sozinha.
– Tudo bem, vou tomar um banho.
Ela sai do quarto e eu visto meu pijama, “ah mas tá cedo” tô nem aí.
Vou até minha janela do quarto e observo o pôr do sol dali.
– do lago é bem mais bonito…
Deito e fico pensando em todas as coisas que já me aconteceram na vida, e não percebo o tempo passar quando minha mãe grita da cozinha.
– Emily não vai jantar?!
– não!
Alguns minutos depois decido sair do quarto, abro a porta e no primeiro degrau da escada sinto uma tontura acabo tropeçando em meu próprio pé e caio lá de cima rolando escada a baixo, até chegar no chão.
Meu braço doía TANTO.
– Ai!
– EMILY?!
Minha visão está turva, mas consigo ver minha mãe chegando até mim estava meio embaçada, agora estou gritando de dor no chão.
– filha, você se machucou?!
– meu braço mãe... Meu braço... Dói.
– onde meu bem?!
Desesperada, ela procura algum corte ou machucado.
– acho que… eu…
Depois disso não me lembro de mais nada, desmaiei.– vamos ter que fazer uma cirurgia... Mas não se preocupe, não foi nada grave, na radiografia mostra que ela quebrou a ulna do antebraço.
– ah que bom doutor, muito obrigada.
Ela deu leve suspiro de alívio.
– por nada, vai dar tudo certo.
Ele se retira e vai para a sala de cirurgia, para onde eu estava sendo levada.Algumas horas depois... Minha mãe estava do meu lado.
– Tá vendo mãe, isso só acontece comigo – olho para o gesso – isso pesa...
– filha... Foi um acidente, acidentes acontecem.
– Não mãe, acidentes acontecem comigo especificamente, quando que eu vou pra casa?
– amanhã cedo... – Ela suspira e senta na cadeira – tá sentindo alguma dor?
– não...
– quer alguma coisa? Uma água?
– não, obrigada.No dia seguinte cheguei em casa e fui direto pro quarto, o médico disse que em mais ou menos 4 (quatro) ou 6 (seis) meses o osso colaria, aquilo já era um inferno, significava que eu teria que ir pra escola assim.
Minha mãe dizia que era apenas um acidente, o que claramente não era, pelo menos não pra mim.
Naquela tarde como sempre eu iria ao lago, minha cabeça estava cheia de mais de tudo aquilo, e cada vez mais meu coração se apertava, estava com saudade da Maya e o Daniel por mais infiel que ele fosse, caramba ele foi meu primeiro amor e logo acontece isso comigo, sinceramente cara, que azar.
Quanto mais eu pensava mais eu chorava, mais eu tremia e mais eu sentia vontade de sumir daquela vida, assim quem sabe eu ficaria em paz de uma vez, quem sabe as pessoas ficariam em paz sem mim por perto, senti uma vontade imensa de me jogar naquele lago, e quando menos percebi... A água do lago entrava pela minha boca, pelos meus ouvidos e pelo meu nariz, eu estava tentando me segurar na água como se isso fosse possível, de repente perdi meus movimentos... E pude ver tudo se apagando ao meu redor, e meu corpo se afundava mais e mais... Parecia que aquele gesso no meu braço só aumentava a velocidade do meu afogamento e conforme eu ia me afogando mais eu perdia as esperanças e também meus movimentos pois sentia meu pulmão cada vez mais cheio de água era o meu fim...ou será que não?
VOCÊ ESTÁ LENDO
OLHOS VIOLETAS| A marca da Maldição
FantasiUma Maldição de Família. Uma garota azarada. Um mundo alternativo. Um romance de época. Os olhos violetas. Acompanhe a jornada de Emily e viva cada momento com nossa protagonista.