Brotherly love??

08| Acordo

  Meus olhos se estreitaram e escureceram. Uma expressão descrita até como nojo.

O rancor nunca me fez muito bem.

- Kass?? - Exclamei e pude ve-lo se assustar. - O que ele teria a ver com isso? - Suspirei parando no lugar, vendo-me já nervosa.

- Ei, calminha...! - O garoto suavizou erguendo as mãos exitantes em tocar-me.

Suspirei, piscando algumas vezes, recompondo-me rapidamente.

Ele não irá me perturbar até quando não está.

Limpei a garganta prosseguindo.

- O que ele tem a ver com isso? - Ri nervosa, vendo seu sorriso retomar.

- Acho que nada... - Concordou lentamente com a cabeça, acompanhado por mim. Um olhar satisfeito. - Então vocês são... - Seus olhos se esforçavam para me ler. - Ami... - Iniciou, mas logo parou quando recebeu meu lento aceno negativo. Por fim, uma expressão confusa, a qual pedia respostas.

Mas nem eu sabia o que éramos.

- Irmãos...? - Sequer eu colocava certeza no que dizia. A palavra parecia completamente deslocada no contexto. - Esquece isso! Irmãos é demais! Eu sou intercambista. Só isso.

- Wow! Eu não esperava por isso. O seu sotaque é...perfeito...? - Sorriu impressionado, tirando-me um riso envergonhado.

Estava prestes a me gabar orgulhosa quando uma movimentação me toma a atenção.

Viro-me e de instante percebo a casa a alguns poucos metros de distância. Não preciso olhar muito para notar o movimento da porta e a saída do moreno. Mais do que nunca, Kass parecia inquieto. O garoto saí rapidamente pela porta da frente com seu olhar baixo. Parecendo avoado.

Por um momento me pergunto o porque de nota-lo mesmo estando tão longe.

Eu parecia senti-lo, e isso me incomodava imensamente.

Suspirei dando minha atenção ao rapaz à minha frente. O garoto encarava o mesmo ponto que eu, sua expressão agora se resumia em uma neutralidade estranha para quem apenas sorriu até tal momento.

- Qual o seu nome? - Perguntei rapidamente na esperança de tirar sua atenção sobre Kass.

- Ah, claro! - Colocou os olhos em mim, lembrando, e abrindo novamente seu sorriso simpático. - Jay...Meu nome é Jay!

- Apelido ou... - Ri surpresa com seu negar de cabeça.

- J, a, y. É estranho, eu sei! - Completou divertido. - É indiano. Nasci em terras americanas, mas minha mãe é a grande preservadora da cultura na família. - Cerrou os olhos com um concordar de cabeça bem humorado.

- Ei! Ele não é estranho, só diferente, ok? Acredite, eu já vi de tudo de onde vim.

- E de onde seria?

Limpei a garganta antes de lhe estender minha mão.

- Bom, prazer! Me chamo Isabelly e vim diretamente do Brasil! - Rimos quando aceitou meu aperto de mãos.

A conversa se entendeu pouco até que nos despedimos com a esperança de trombarmos nos corredores da escola no dia seguinte.

Passei o restante da tarde tentando me ocupar com tarefas domésticas na expectativa de acalmar minha agitação. As aulas começariam no dia seguinte, e junto, já aguardava o início das cobranças impostas por mim mesma.

Limpei e organizei tudo o que podia em meu quarto, tendo por fim o lugar arrumado tanto quanto quando eu o encontrei.

Caí sobre a cama com um suspiro cansado. Olho para a janela em meu quarto e vejo que a noite já tomou por completo lá fora.