"Autodidata"

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Capítulo 27

Mais uma vez, naquela sala iluminada com a pouca luz do sol da tarde que alguns de seus pequenos raios batiam contra as lâminas guardadas em um pequeno arsenal feito de madeira para sustentar os bastões, espadas, adagas e as demais armas que estavam penduradas naqueles ganchos ligados ao arsenal. A quem tivesse boa audição não seria muito difícil de ouvir o som de água e vento saindo de alguns ralos e dos grandes canos nas paredes.

Daquela mesma sala não se sabia se realmente estava vindo uma brisa gelada, ou se era a intensa adrenalina que congelava o corpo da jovem e intrigante guerreira; que estava frente a frente com o rato mutante que a encarava por um bom tempo. Aparentando estudá-la, sendo movido até mesmo por um certo sentimento de empolgação por sua curiosidade, pois o rato ia presenciar todo o potencial daquela jovem que salvara a vida de seus filhos e que causou terror nos olhos de muitos do Clã do Pé.

Retribuindo com um olhar tanto destemido quanto focado naquele momento, Méri aparentava conter as milhares e fortes emoções que estava sentindo naquele momento. Seu rosto estava sereno como a mais fria noite, mas por não mexer um único músculo enquanto Splinter não falasse, com suas mãos fechadas um tanto trêmulas, e apertando levemente seus lábios, Splinter sabia que a emoção mais forte que a jovem estava sentindo era o nervosismo.

No calor do momento em que aceitara os desafios que o mestre rato lhe propôs, a confiança e animação de Méri se elevaram ao seu máximo. Contudo, assim que entrara na sala para dar início á tais provações, uma demasiada sensação de incerteza tomou conta dela. Seus pensamentos assim que atravessou a grande porta foram as milhares de dúvidas de si mesma e de seu maior medo, pois ela mais do que qualquer um sabia do seu maior problema ao aplicar sua própria técnica de combate.

Sua pele que já era pálida como a neve parecia que era capaz de atingir um tom ainda mais branco por conta de tais incertezas em seus pensamentos. Mas ao respirar fundo e engolir a seco o seu medo e nervosismo, faltava agora exterminar a imensa sensação de desconforto por sentir que as quatro tartarugas ajoelhadas no chão ainda olhavam para ela com um olhar de espanto, aquele contínuo olhar cômico mas constrangedor que fizeram quando a mesma falou uma frase em japonês.

Aquela, na verdade, era a única frase que Méri sabia do linguajar daquele lugar do oriente. Ela nunca havia aprendido aquela língua que parecia tão complexa de se entender e pronunciar. Mas graças a Kenshin, ela conseguiu pronunciar tal frase com o passar do tempo; sendo a única frase que aprendera com seu amigo de infância asiático.

Além da palavra “Chō”, cujo significado é borboleta, Méri tinha o conhecimento somente dessa frase e da palavra “Ganko”, que significava teimosa. Essa era a palavra que mais saia da boca de Kenshin em sua língua de origem quando se referia a Méri, pois desde que o momento em que se conheceram, a teimosia dela era o que sempre colocava os dois em problemas. E sendo sempre o seu amigo que se dava mal no fim.

O que fez Méri se lembrar que na infância, Kenshin acreditava que ela trazia má sorte e confusão para si mesma, por isso sempre a acompanhava para protegê-la de sua própria “má sorte”; mesmo com Méri se irritando com tal atitude que feria seu orgulho de criança. Um pensamento tão adorável que fez com que a amizade genuína dos dois durasse até os dias de hoje, pois toda “má sorte” precisa de um “azarado” para aturá-la e vice-versa.

As Tartarugas Ninja - "Laços e Honra"Onde histórias criam vida. Descubra agora