EMERGENTES

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Após o nascimento das fadas, Divinel experimentou um período de tranquilidade que se estendeu por muitos dias e noites. No entanto, essa bonança foi abruptamente interrompida por tremores intensos na terra e agitações no mar, fenômenos que se espalharam por todo o território sagrado. De repente, a luz do dia foi encoberta por nuvens sombrias, como se o terror habitante dos mundos abaixo deles tivesse emergido, trazendo consigo seus horrores.

Até então, aquela era a tempestade mais terrível a assolar o reino divino. Solaro e Lúmina, acompanhados de seus fiéis parceiros animais, Yguinhok e Guhiaza, partiram prontamente de seus templos para resgatar toda a vida animal, conduzindo os mais fracos em segurança até abrigos em cavernas profundas.

— Que poder é esse? — rugiu o leão para Solaro, após resgatarem todos os animais da floresta de Vegieel. — A natureza está emanando um poder como eu jamais vi antes.

— Eu sinto o mesmo — concordou o deus sol, encarando apreensivo o firmamento, enquanto a chuva rígida caía sobre eles. — É um poder avassalador, tão grande que desafia até mesmo as minhas próprias forças. Contudo, não temos tempo a perder; devemos seguir para o sul. Não sabemos nada sobre seu guardião, ou se sequer possuem meios para se proteger.

O rei de Vegieel rugiu com consentimento, partindo em disparada entre as matas enquanto raios perturbadores caíam sobre as árvores ao seu redor, provocando uma terrível destruição. No entanto, o leão interrompeu abruptamente seus passos ao sinal de Solaro. Foi uma energia igualmente intensa que os assolava, ou melhor, perceberam prontamente ser a fonte da mesma. Naquele instante, não se revelou de forma ameaçadora, muito menos destrutiva, mas sim acalentadora. Diante deles, as árvores destruídas foram consumidas pela terra, e em seu lugar, emergindo de uma luz verde, nasceram novas, brotando em instantes. Partículas mágicas rodeavam-nas, exaltando todo seu esplendor. Eram estas as mais encantadoras, pois seus galhos eram braços e seus troncos corpos humanos, perfeitos. Exibiam orelhas ainda maiores e mais pontudas do que as das fadas, sendo mais belos do que estas, e tão divinos quanto o deus que os encarava.

Naquele momento, o céu começou a se abrir, deixando passar os raios de sol e iluminando prontamente o seu deus. Enquanto todos os tremores cessaram, irromperam do céu as fadas, em uma dança harmoniosa de cintilâncias douradas e prateadas. Ao alcançarem a floresta, dançaram ao redor das árvores, sorrindo enquanto, com sua magia, fertilizavam a terra. Com um sopro encantado, fizeram crescer ao redor das árvores a mais bela vegetação, restaurando toda a riqueza natural da floresta e até mais, deixando-a ainda mais impressionante.

Sob o poder das fadas, provenientes do sol e da lua, os troncos das árvores reluziam e se rachavam. Deles saíram os seres magníficos, revelando sua verdadeira aparência. Eles exibiam pele de tons pardos luminosos, olhos e cabelos castanhos; suas vestes eram grandes folhas que se ajustavam ao corpo, e seus ornamentos eram vinhas floridas. Uma delas usava uma coroa de rosas e segurava um cajado de madeira. Os demais ao redor dela se curvaram, e ela se aproximou graciosamente de Solaro, dizendo:

— Obrigada! Seu amor por Lúmina nos despertou de nosso sono. Somos filhos de Divinel, parte da própria natureza. Somos elfos, guardiões das matas.

— Nosso amor? — repetiu Solaro, intrigado e confuso.

— Toda a energia da natureza; éramos, junto com ela, um só ser, como filhos ainda no ventre da terra sagrada, que é mãe e pai. Um só ser de força suprema, isso é Divinel. Meu nome é Natur!

— Esplêndido! — exclamou Lúmina. Ela surgiu montada na loba Guhiaza; fascinada pela beleza estonteante dos elfos, encarava enquanto as gotas de orvalho caíam gentilmente sobre sua cabeça.

Natur acenou para ela e fez crescer em suas costas folhas como asas; assim também fizeram os demais elfos. — Vamos, não estamos sozinhos — disse a elfa, encarando as nuvens brancas que encobriam o céu.

Os elfos levantaram voo e seguiram em direção a Floryan. Logo foram seguidos por Solaro e Lúmina em suas montarias, onde o vento soprava com uma energia especial.

Sob os olhares admirados das divindades do dia e da noite, novos elfos revelavam-se entre as nuvens alvas, rodeados por uma aura etérea. Suas vestimentas, brancas e sedosas, voavam com um vento imponente, exaltando a natureza de seu poder. Seus olhos, escuros como as sombras da noite, eram profundos e enigmáticos. A magnificência de sua aparência mostrava-se em uma paleta única de tons de negro, realçando a diversidade de formas e texturas de seus cabelos. Entre eles, um se destacava; seus olhos azuis brilhavam como o céu em seu mais belo esplendor. Além disso, ele era o mais alto e também o mais forte, exibindo uma musculatura escultural.

— Sou Sagrar — declarou aquele com olhos celestes. — Somos elfos celestiais, os guardiões dos ares.

Os elfos da floresta voaram até eles, cumprimentando-os, dando as mãos, abraçando-os e dançando pelos ares. Festejantes, sorriram entre si e também para o deus solar e a deusa lunar. Sob seus olhares impressionados, lembraram-se de que ainda havia mais a se mostrar. Portanto, seguiram para seu próximo destino, às margens de Aquarian.

Os elfos aquáticos emergiram das profundezas marinhas, exibindo sua pele pálida e olhos cristalinos; alguns em tonalidades frias, variando entre esverdeados e azulados, enquanto outros ostentavam tons corais. Seus cabelos, claros e luminosos, beiravam o branco. Suas vestes, escamas multicolores, harmonizam a seus olhos, os revestindo, cada um, em um padrão único. Uma delas, a mais exuberante, usava uma coroa de cristais azulados.

— Aquar é meu nome! — a elfa apresentou-se ao sair delicadamente da água, curvando-se em um cumprimento gracioso. — Somos os elfos protetores das águas. É um prazer conhecer aqueles que nos despertaram.

Naquele momento, pétalas brancas caíram do céu, exalando um perfume encantador, um presente das fadas que, encantadas, as observavam do firmamento. Os três líderes élficos, então, se aproximaram de Solaro e Lúmina, compartilhando previsões inquietantes.

— Viemos trazer o conhecimento, para que possam se precaver — anunciou Aquar.

— Das profundezas mais sombrias, a ameaça é iminente — alertou Natur.

— As trevas, posso sentir a presença maligna se aproximando — concluiu Sagrar.

Sua presença nobre não representava apenas um presente da natureza. Dessa forma, como um aviso alarmante, surgiram os Elfos de Divinel.

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Caminhos Divinos: Crônicas do Panteão MísticoOnde histórias criam vida. Descubra agora