YUNAI, O NASCER DA JUSTIÇA

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No extremo sul de Divinel, onde ilhas flutuavam entre as nuvens, uma estrela cadente cortou os céus. Seu destino foi a ilha mais distante, onde repousou sobre uma densa nuvem que envolvia um templo majestoso. Este templo, uma cúpula esculpida com magnificência, sustentava-se por pilastras cuja solidez contrastava com a suavidade das nuvens ao seu redor. No interior deste recinto, uma balança dourada resplandecia, emitindo uma força divina e, ao mesmo tempo, austera.

Da luz estelar, revelou-se uma graciosa bebê de cabelos escuros, nariz empinado e olhos puxados. Demonstrando desde o início uma postura firme e olhos sagazes, observava atentamente o exterior do templo, onde, por entre as nuvens, chegava voando Duraihos, um pássaro de plumagem marrom e um longo e largo bico. Preso por correntes em suas patas, ele levou até a recém-nascida uma fonte. Todavia, nessa fonte não havia água, mas um universo de nebulosas e estrelas, revelando imagens daquele e de outros mundos.

A fonte mística foi deixada atrás da balança, e logo em seguida, o pássaro alçou novo voo; partiu cantando alegremente sobre as ilhas flutuantes. Sua melodia ressoava por todo o reino sagrado, passando através do divino. Durante sua jornada, bebeu água da mais pura fonte, consumiu do leite mais nutritivo e esbanjou-se com os frutos dourados. Ao completar a volta, retornou ao ponto de partida, junto à bebê no templo do Sul.

No entanto, ao regressar, deparou-se com a criança chorando de fome. Com um novo canto, a ave evocou o poder do relâmpago, conjurando um raio que desceu sobre ela mesma. A partir desse ponto, o pássaro transformou-se em pura energia e voou até a bebê, penetrando em seu coração. A sensação de eletricidade percorreu cada fibra do corpo da mesma, envolvendo-a com uma luminosidade mágica, acalmando seu choro e preenchendo-a com uma energia divina.

Alimentada, a recém-nascida sentiu um poder espetacular fluindo em seu interior, enquanto as asas de pássaro cresciam em suas costas. Impulsionada por um instinto natural, bateu as mesmas, elevando-se das nuvens de maneira sublime. Com sua inocência infantil, voou até a balança, admirada pelo ouro reluzente de que era feita; no entanto, a fonte logo atrás lhe chamou ainda mais a atenção. Guiada até lá por seu olhar curioso, foi tão fortemente atraída que caiu sobre ela.

Lá, em meio ao cosmos, ela viu Divinel. Assistiu ao crescimento de Solaro, Lúmina e Zutur; viu o mundo dos homens e Zutur cair abaixo deles, viu o Caos, dimensões distorcidas, outros tempos, muitas vidas, heróis, magos e reis. Viu também uma brava princesa mística, assim como bruxas e criaturas distintas, tanto boas quanto corrompidas. Ela viu tudo e compreendeu tudo naquele breve instante.

Da fonte não emergiu um bebê, mas uma mulher adulta, manifestação de fortaleza divina. Ela ostentava uma máscara de bronze ao redor dos olhos, empunhando uma magnífica espada de prata. Ao bater suas asas, penas se desprenderam, dando origem a outros alados como ela. Homens e mulheres, fortes, sábios e imponentes, surgiram, todos armados de espadas e com elmos de metal. Pequenos pássaros voaram ao seu redor, entregando mantos brancos, vermelhos e terrosos, que revestiram a todos, inclusive a ela. Seus cabelos, agora longos, balançavam suavemente com o vento, contrastando com sua natureza imponente.

Erguendo a espada e a balança diante de si, ela bradou:

— Hyunir, meus filhos amados, que destino duro nos foi imposto! Que Divinel nos conceda força e discernimento para lidarmos com os desafios que virão.

Como soldados prontos para a batalha, os corações dos Hyinir ressoavam junto ao de sua mãe, e suas armas vibravam firmes, ecoando como o som de suas vozes:

— Viva a Yunai, a Justiça e o Equilíbrio! Senhora dos saberes e Guardiã de Divinel!

Caminhos Divinos: Crônicas do Panteão MísticoOnde histórias criam vida. Descubra agora