os irmãos peverell

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Ele de fato não pensou muito sobre tudo que aconteceu até Padfoot e Moony o arrastarem para o dormitório e pedirem, implorando a todos os deuses que Harry contasse o que aconteceu. Harry já havia visto seus pais com medo... bom, ele achava que já havia visto, mas nada se comparou ao pavor que dançou na expressão de Padfoot e de Moony quando ele contou o que havia de fato acontecido. Como ele perdeu a consciência quando viu o diário. Foi como se o diário pensasse por ele e guiasse seus passos. Harry desceu até a câmara sem vontade própria e quando ele chegou lá que viu Ginny caída, pálida como a morte encarnada... ele não teve muita escolha. 

Teria sido pior se Fawkes não tivesse deixado o basilisco cego. Mas mesmo assim ele não soube como conseguiu destruir aquele animal. Grande, pavoroso e conseguia engolir Harry somente de um bocado. Seu coração palpitava somente de pensar e seu estômago revirava. Ele e Ginny chegaram tão...tão perto da morte que ele ainda conseguia sentir o frio que o percorreu ao ser comandado por Voldemort. Tão vulnerável Harry ficou. Tão vulnerável Ginny ficou durante todo o maldito ano e Harry não percebeu o suficiente. 

Harry não percebeu!

O medo, puro desespero que Harry viu nos olhos de seus pais enquanto ele contava como havia matado a cobra... Harry jamais esqueceria. Não havia raiva muito menos tristeza. Somente medo. Pavor. Desespero. E ali, naquele exato momento Harry percebeu que o medo de seus pais estava direcionado a somente uma coisa: por mais que eles tentassem proteger Harry, o destino sempre acabava os ultrapassando. Harry, no final, acabava de frente a Voldemort. Isso não era nada além da profecia tentando se realizar. Mas ele não teve coragem de dizer isso a seus pais, por mais que o pensamento dos três estivessem iguais. Verbalizar isso era deixar tudo mais verdadeiro e palpável e nenhum deles queria isso. 

Harry não conseguiu dormir aquela noite. Ele fechava os olhos e via a enorme cobra indo até ele, ou então sentia o calafrio percorrer sua coluna quando lembrava que Voldemort estava em sua mente, controlando seus passos e o obrigando a descer até a câmara, ou pior, ele via Ginny morrendo em seus braços. Dando o último suspiro enquanto Harry gritava, implorava... Ela está bem. Ela está viva... Harry dizia para si mesmo. 

Mas a noite estava sendo uma tortura. 

Ele se levantou lentamente para não acordar nenhum dos meninos e desceu lentamente para a comunal. Harry sentiu o cheiro antes de vê-la sentada no chão a frente da enorme lareira. Tão pálida e com o olhar tão apavorado. Harry deixou que seus pés fizessem barulho para não a assustar enquanto se sentava ao lado dela. 

Durante um bom tempo nenhum dos dois falou nada. Harry não tinha desculpas possíveis para pedir a ela. Jamais teria. 

"Eu..." ele tentou, mas Ginny balançou a cabeça.

"Não é sua culpa então não me peça desculpas alguma" ela disse sem olhar para ele.

"Ele queria me atingir. Lucius queria que ele chegasse até mim e usou você para isso."

"Foi tudo ele, Harry. O mal feito foi somente ele que causou. Tanto a mim quanto a você."

Harry negou "Ele... ele estava o ano inteiro com você."

Ginny levou um bom tempo para responder "Eu... Eu não sei explicar muito bem, mas..."

Harry segurou em sua mão e apertou "Você não precisa falar sobre isso agora" ele disse ao ver que ela estava com dificuldade em verbalizar "No momento em que você se sentir pronta para falar eu estarei aqui para ouvi-la."

Harry sabia que era difícil falar sobre determinadas coisas. Ele já havia passado por algo assim que não era confortável falar e Ginny sofreu uma violência sem tamanho durante um ano inteiro. Harry estaria ao lado dela nesse caminhar. 

the men of the stars - livro doisOnde histórias criam vida. Descubra agora