𝔓𝔬𝔯 𝔡𝔢𝔫𝔱𝔯𝔬, 𝔰𝔬𝔪𝔬𝔰 𝔣𝔯á𝔤𝔢𝔦𝔰 𝔠𝔬𝔪𝔬 𝔭𝔞𝔭𝔢𝔩
-𝔇𝔲𝔞𝔯𝔱𝔢
O chalé alugado ficava na margem sul, lá na ponta de Long Island. Era uma pequena cabana de cor clara com cortinas desbotadas. Sempre tinha areias nos lençóis e aranhas nos armários, um verdadeiro terror para quem tivesse aracnofobia, na maioria das vezes o mar estava gelado demais para nadar, mas Percy não ligava para nem um desse detalhes já que ele adorava o lugar. Solto um sorriso vendo os cachinhos loiros balançando enquanto ele corre para beira da água e molha os pés e depois volta para me ajudar com as malas.
Desde que conheci Sally, ela nos trazia para cá, e sei que ela vinha aqui muito antes disso, ela me contou uma única vez que aqui foi onde conheceu o pai de Percy, quando mais nos aproximamos do chalé mais Tia Sally ia ficando jovem, os anos de preocupação, os dias de trabalho exaustivo ia desaparecendo como o horizonte no oceano, seus olhos ganhavam uma alegria que os transformavam no mar.
Vi o sol se pondo e se espelhando nas águas do mar, peguei o celular tirando uma foto, Sally abria as janelas da cabana tirando a poeira, logo estávamos limpando a casa. Quando terminamos fomos caminhar pela praia, dávamos salgadinhos de milho as gaivotas, de vez enquanto mascava uma jujuba azul ou caramelo. Nunca entendi o vício de Percy por comidas azuis, mas sempre ajudei a contribuir, sempre estocando corantes azuis nos armários do apartamento para ele não ficar triste caso Gabe jogasse os dele fora.
Talvez o garoto estivesse certo, eu gostava dele. Que diz era sua babá nas horas vagas, dava o meu melhor para preparar suas comidas favoritas com os corantes, ou era só uma desculpa para não me culpar mais sobre a morte de Catarina, sinto uma lagrima escorrer pelo meu rosto e logo seco, Percy sempre me fez lembrar dela com carinho.
Quando escureceu acendemos uma fogueira e assamos os cachorros quentes. Não demorou muito para partimos para os marshmallows azuis. Tia Sally nos contava história de quando era criança antes dos pais morrerem, nos contou histórias dos livros que escreveria um dia quando tivesse dinheiro suficiente para abandonar a doceria.
-Hey pessoal.-Simon acenou para nós, o cara tinha cabelos castanhos, um rosto fino, sobrancelhas arqueadas, por algum motiva ele sempre tinha a sombra de um sorriso malicioso, mas era charmoso sem contar na sua fascinante lábia, prenso os lábios um no outro e aceno de volta.
Percy me encara e depois volta para Simon dando um aceno gentil e jogou um marshmallow para ele que agradeceu e disse que depois apareceria.
-Não sei o que você vê nele.-ele estava emburrado.
-Quando tiver a minha idade vai saber o que vejo nas pessoas, idiota.-Sally apenas sorri com nossa briguinha.
Ficamos em alguns minutos em silêncio ate Percy tocar no assunto do pai, os olhos de Sally se encheram de água, imaginamos que contaria sempre a mesma historia, mas a mulher sorriu e pegou uma jujuba do saco.
-Ele era gentil.-disse com certo carinho na voz.-Alto, bonito e forte. Mas gentil, tem os olhos dele, mas disso você já sabe.
Pelo que Sally fala, o cara era um deus grego na terra, tirando a parte gentil isso os deuses não eram.
-Gostaria que pudesse velo, Percy. Ele se sentiria orgulhoso.-vejo o rosto de Percy murchar e percebo o que estava passando em sua cabeça.
Que dizer, mesmo implicando com o garoto também não conheci meu pai, tenho dislexia, transtorno de atenção e hiperatividade, um boletim que chovia D+ quando ainda estudava, expulsa mais vezes que posso contar nos dedos da mão. Passo a mão pelas costa de Percy e tento dar o meu melhor sorriso acolhedor sem parecer maldosa ou querendo o atormentar.
-Que idade eu tinha?-sua voz parecia tentar não embarga, mas o conhecia, ele odiava o fato do pai tê-lo abandonado com a mãe e tê-la feito passar por isso.-Bem, quando ele partiu?-os olhos de Sally refletiam as chamas da fogueira e as encarei também.
-Ele ficou comigo apenas um verão, Percy, bem aqui neste chalé.-lutei para me cérebro não processar a imagem, mas já era tarde de mais, já tinha imaginado a cena, espantei aquela imagem e me foquei na conversa.
-Mas ele me conheceu quando bebê.-a mulher negou e senti um no se formar na minha garganta e reprimi as lagrimas que tentavam cair.
-Não, meu bem.-o rosto de Percy parecia um ponto de interrogação de tão confuso.-Ele sabia que estava gravida, mas teve que partir e nunca mais o vi.-não sabia qual sensação o loiro tinha, mas quando minha mãe contou sobre meu pai, a única coisa que senti foi raiva e vontade de quebrar meu quarto inteiro, jogar as medalhas e troféus que guardei um dia para que ele visse e sentisse orgulho da única coisa que era boa, raiva que até hoje me fazia perder a cabeça e ter vontade de descontar em tudo e todos.
O silêncio se estourou, e remoía sobre meu pai e o Percy o dele, às vezes tenho vontade de encontrá-lo apenas para mostrar o quando bosta foi a sua falta, nunca precisei dele ou da minha mãe para nada, ela apenas me queria para enfeite e ele me abandonou na primeira oportunidade, talvez o xingasse um pouco.
-Vai me mandar embora de novo?-Percy levantou o olhar para mãe.-Para outro internato?
Sally puxou um marshemellow do fogo e acompanhei.
-Eu não sei, meu bem, teremos que fazer algo.-a voz da mulher estava chorosa e abaixei o olhar para os meus pés, se minha mãe pelo menos se importasse comigo, com Tia Sally se importa com Percy nessa idade talvez eu não teria virado que sou, como ela dizia: Você e filha do seu pai.
-Por que você não me quer ver por perto?-dei um tapa em sua cabeça por falar aquilo e logo ele olhou para a mãe arrependido.
-Ah Percy, eu.-a mulher estava abeira de chorar, mas continuou.-Eu preciso, para seu próprio bem, meu amor, você e tão especial, você e Maia são tão especias, importante, que sempre tive que mandá-los para longe.-Sally cuidou de mim quando me conheceu, eu só tinha dez quando fugi de casa e trombei com a mulher na estação de trem, algo me perseguia eu sabia que não era normal, ele era como aquele que matou Catarina, só tinha um olho, quando comentei com Sally, ela fez minha mãe me mandar para o internato mais longe quando era expulsa ia para outro.
-Por que não sou normal?-ele parecia bravo e chateado.-Por isso mandava Maia para longe porque não somos normais.
-Você fala como se fosse ruim, vocês são importantes e precisam ficar seguros.-a mulher olhou para o fogo de novo e foi como reviver lembranças que não queria saber mais.
Porque sempre acontecia algo estranho nas escolas que estava, bichos me perseguindo, sempre coisas horripilantes, mas nunca contei a ninguém a não ser Percy. Tinha perdido uma parte da conversa enquanto pensava e apenas peguei o final da fala da Tia Sally.
-Eu não ia aguentar ficar sem vocês, nunca mais poder ver vocês, era um tormento pensar nisso.-a mulher limpava algumas lagrimas e Percy também chorava, mesmo no ambiente melancólico não conseguia chorar.
-Como assim para sempre?-foi a minha vez de perguntar e Sally me olhou e passou a mão pelo meu cabelo sorrindo.
-Os pais de vocês queria que eu os mandasse para um lugar.-falou e percebi Percy me encara e depois a mãe.
-Uma escola especial?-perguntamos juntos e Sally negou.
-Um acampamento de verão.-sua voz estava mais normalizada e as lagrimas param de cair.-Desculpa, não posso mais falar sobre isso.-a mulher se voltou para o fogo, cessando qualquer tentativa de perguntamos mais alguma coisa
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Enchanted-Luke Castellan
FanfictionMaia era apenas mais uma pessoa com TDH e desleixa, trabalhava em uma loja de antiquário e em suas horas vagas era baba de Percy Jackson, um menino um tanto quanto parecido com a garota e que a lembrava constantemente de sua irmã morta. Apesar de n...