Capítulo 1 (S/n)

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Acordei com o som alto do despertador ecoando pelo quarto, enquanto as gotas de chuva batiam no vidro da janela de forma lenta e sinfônica. O som da chuva ao cair no chão me dava vontade de permanecer na cama por mais alguns minutos, mas logo me levantei para iniciar o dia.

Rapidamente, fiz minha higiene básica antes de me vestir e chamar um carro de aplicativo em direção ao trabalho. Ao chegar na padaria, avistei minha chefe organizando o local para abrir. Assim que me viu, acenou com a cabeça antes que eu fosse trocar de roupa e vestir meu uniforme.

Depois de pronta, fui até a entrada e virei a placa de "aberto" pendurada na porta, dando início ao meu dia de trabalho. Conforme os clientes chegavam, eu os atendia de forma rápida e prática, já que a maioria vinha para comprar um café ou doces prontos em exibição na vitrine.

Enquanto limpava as mesas de clientes que já haviam ido embora e guardava as gorjetas no meu avental, ouvi o sinal da porta indicando a chegada de mais um cliente. Quando me virei para cumprimentá-lo, não pude conter um sorriso ao ver quem era: Nanami.

O Sr. Nanami sempre vinha à padaria desde que comecei a trabalhar ali há um ano e meio. Ele era um homem atraente e alto, com cabelos loiros e lindos olhos verdes. Costumava usar uma calça social clara, uma camiseta azul de botão e uma gravata com uma estampa peculiar que, de algum modo, ele conseguia carregar com estilo. Seu rosto, embora sempre severo, transmitia uma aura de inteligência.

Enquanto ele se sentava em uma das mesas, fui ao balcão pegar seu pedido, que, como sempre, era o mesmo: um pão francês com cream cheese, um café preto com duas colheres de açúcar e um donut sem recheio, coberto com pistache e pedaços de avelã.

— Aqui está, Sr. Kento. O café separado da embalagem, porque o senhor gosta de caminhar enquanto bebe — falei, colocando a sacola delicadamente sobre a mesa.

— Obrigado, Srta. Yoshida. Esse café fica melhor a cada dia — respondeu ele, com um leve sorriso, enquanto pegava a carteira e me entregava uma nota de 50 dólares. — Pode ficar com o resto de gorjeta. Continue seus esforços.

— São cerca de 40 dólares de gorjeta! Muito obrigada, Sr. Kento! — exclamei, radiante. — Eu não sei nem como agradecer.

— Pode agradecer continuando a fazer meu café tão bem — ele disse, levantando-se e caminhando em direção à porta. — Até logo, Srta.

Acenei para ele com um grande sorriso. Essa gorjeta ajudaria muito nas minhas economias para a minha confeitaria. Desde pequena, sonhava em abrir uma, inspirado pelo filme "A Princesa e o Sapo". Pode parecer um sonho bobo, mas venho economizando desde então.

Infelizmente, meus pais não tinham muito dinheiro, e os custos de um lugar como esse levam tempo para se juntar. Comecei a trabalhar aos 16 anos e estudei bastante para entrar na melhor faculdade do país, onde fiz muitos amigos que valem a pena.

Conforme o final do meu turno se aproximava, fui limpando as mesas e organizando alguns doces. Minha chefe, por ser uma pessoa incrível, me deixava levar alguns dos doces que sobravam da manhã para casa, e muitas vezes eu os compartilhava na faculdade com meus amigos.

Assim que bati o cartão, fui para a faculdade. O único aspecto que eu realmente desgostava era do meu curso de administração, mas era um sacrifício que eu estava disposta a fazer. Contratar um administrador seria muito mais complicado, e eu poderia fazer cursos de confeitaria mais tarde, que tinham períodos mais curtos.

Ao chegar, dirigi-me à sala de aula e me sentei no meu lugar, esperando o início da aula. Por sorte, consegui conversar um pouco com meus amigos antes que o professor chegasse, que parecia mais simpático do que o habitual. Talvez fosse porque teríamos uma palestra de um CEO de uma empresa misteriosa, e ele não teria que dar muita aula naquele dia.

Enquanto alguns alunos conversavam distraidamente, vi um homem loiro bem familiar entrando na sala. Ele cumprimentou o professor e desejou um "boa noite" de forma carismática, e ao olhar mais de perto, quase me engasguei com um pedaço do biscoito que estava comendo: era ele, o homem da padaria.

Enquanto ele se apresentava e compartilhava sua experiência de se tornar CEO tão jovem, enquanto cuidava de seu filho e administrava uma empresa, não pude deixar de olhar rapidamente para Itadori. Ele não gostava muito que as pessoas soubessem que sua família era rica, já que sempre o olhavam como um garoto mimado antes mesmo de conhecê-lo de verdade.

Quando a palestra terminou, ele chegou à parte mais esperada por todos: um estágio pago exclusivo, no qual comandaria uma equipe de estudantes para administrar um baile beneficente para a faculdade. Três deles se tornariam funcionários efetivos da sua empresa, com um contrato de três anos e uma indicação para as melhores empresas do país.

Nanami olhou em volta da sala e fez suas escolhas:

— Maki, a garota tinha fama de ser a melhor da turma, então era óbvio que seria escolhida.

— Nobara, minha melhor amiga e namorada de Maki, que não estava presente pois ficou gripada, mas eu deixaria Maki dar a notícia.

— Toge, que era um pouco quieto, mas ótimo em trabalhos em grupo e um bom amigo para Maki.

— Itadori, filho adotivo de Nanami, que era uma pessoa adorável. No passado, tivemos algo, mas não deu certo e decidimos ser apenas amigos. Ele sempre dizia que não queria que o pai lhe desse muita mordomia, então fez as provas e entrou na faculdade com bolsa, merecendo agora esse estágio por conta de suas boas notas.

Fiquei feliz ao ver meus amigos sendo selecionados, mesmo que uma angústia se acumulasse em mim, questionando se meu esforço havia valido a pena. Esperei até que todos os alunos saíssem da sala antes de sair também.

— Srta. Yoshida, podemos conversar um minuto? — perguntou Nanami antes que eu saísse da sala. — Não sabia que você fazia administração.

— Não era minha primeira opção, mas era um sacrifício necessário — respondi, olhando para ele.

— Quando perguntei ao seu professor se ele tinha mais algum aluno para indicar, ele falou que você é muito esforçada e suas notas são ótimas como bolsista — continuou Nanami, ajustando a gravata. — Por isso, estou lhe oferecendo uma vaga no estágio, mesmo com todas já preenchidas por seus colegas de classe.

— É sério? — perguntei, meu sorriso se alargando. — Muito obrigada, Sr. Kento! Prometo não decepcioná-lo.

— Tem um grande sorriso, Srta. Yoshida. Tenho certeza de que se dará bem se usar isso ao seu favor — disse ele, antes de sair da sala silenciosamente.

Depois que ele saiu, dei alguns pulos de alegria antes de deixar a faculdade e ir ao mercado comprar algumas guloseimas para Nobara. Enquanto caminhava em direção à casa dela, não consegui parar de me perguntar se realmente havia conseguido o estágio com o Sr. Kento.

Ao chegar na casa de Nobara, bati na porta e fui recebida por Maki, que a abriu. Cumprimentei as garotas antes de colocar as compras sobre a mesa e me sentar no sofá para respirar um pouco. Assim que elas se juntaram a mim, não pude deixar de compartilhar a boa notícia.

— Eu consegui uma vaga no estágio! — anunciei animada, enquanto as garotas me olhavam com sorrisos felizes. — Pensei que não ia conseguir, mas ele abriu uma exceção.

— Como isso aconteceu? — perguntou Maki, surpresa.

— Ele disse que nosso professor me indicou, o que é estranho, já que achava que ele odiava pessoas — comentei, olhando para elas.

— Pois é, toda vez que faço uma pergunta, ele me olha com uma cara feia — disse Maki.

— Sempre que estou na sala, ele parece infeliz ao ouvir minha voz — respondeu Nobara.

Rimos e conversamos um pouco antes que eu voltasse para casa. Por sorte, nossas casas eram próximas, então não era tão perigoso. No dia seguinte, fui até a padaria trabalhar e expliquei à minha chefe que havia conseguido um estágio, agradecendo por tudo que ela havia feito por mim até aquele dia. Ela me disse que entendia e que as portas sempre estariam abertas, caso eu precisasse.

Obrigado por lerem ♥️

𝒮𝓊𝑔𝒶𝓇 𝒹𝒶𝒹𝒹𝓎- 𝒩𝒶𝓃𝒶𝓂𝒾 𝒦𝑒𝓃𝓉𝑜 Onde histórias criam vida. Descubra agora