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  Ela me esperou até terminar a reunião. Me observava, e eu conseguia ver suas expressões, enquanto tentava entender tudo oque era falado. Era muito engraçado, ver a mulher que salvou a minha vida, que conhece cada parte de um corpo humano, se assustar com linguagens que eu estava tão acostumada no meu dia a dia. Acho que ela não entendeu a metade do que estava sendo falado. Mais permanecia ali, andou de uma lado para o outro, viu algumas medalhas na estante e alguns certificados na parede. Ela lia tudo com atenção, ficou alguns minutos vendo a paisagem da janela e no final , quando enfim fechei a tela a minha frente, ela correu para os meus braços e sentou no meu colo , sorrindo.

— Devo admitir, o seu mundo é completamente diferente do meu — Admitiu olhando em meus olhos.

— Você estava tão concentrada, que eu achei que estava entendendo tudo.

— Eu não entendi metade. Oque é CorelDraw? É assim que se fala?

— Sim , é assim que se fala — Respondi rindo daquela mulher linda, que estava ali tão perto de mim.

— A , vai ficar de deboche?

— Não é deboche. Juro — Beijei sua boca devagar — CorelDraw é um programa, para ilustração, criação essas coisas...

— Hum... — levantou e se afastou.

— Quer que eu te mostre?

— Hoje não. Eu fico só com a parte teórica hoje — Rimos juntas, até ouvir batidas na porta.

— Pode entrar — Respondi enquanto ela pegava seu celular no bolso da calça jeans que usava.

— Lud, eu ... Só Brunna, você por aqui — Disse a Day assustada vendo a Bru e foi até ela , dando um abraço apertado — Que bom te ver, veio conhecer nosso hospício?

— Vim conhecer esse lugar lindo. Vocês não me falaram que era tão lindo assim.

— Aqui em incrível, você acha que a Ludmilla mora aqui por que?

— Exagerada — Respondi a sua provocação enquanto a Brunna sorria.

— Fica a vontade, aqui é sua casa também. A Ju sabe que você está por aqui?

— Sabe, ela já está chegando.

— Ela vai ficar doida, quando te ver — Afirmou a Day — Lud, já está indo embora?

— Não, acabei agora com o pessoal de Nova York.

— Eles são loucos — Disse a Day sentando a minha frente.

— Muito — Acabei rindo e olhei para a Bru que se afastava cada vez mais. E a Day não parava de falar, até que a Ju chegou fazendo festa por ver a Bru ali.

— Eu vou te levar para conhecer tudo, vem.

— Já volto — Disse a Bru sorrindo pra mim.

Assim que a porta se fechou a Day me olhou totalmente sem reação.

— é isso mesmo que eu tô pensando?

— É , ela tá aqui.

— Ludmilla, me diz que você deu jeito na Isabelly e que você vai sair de lua de mel hoje com essa mulher daqui.

— Acho que a Isabelly vai sumir por um bom tempo. Por que ela veio mais cedo, e eu falei umas verdades pra ela sobre o casamento.

— Então aproveita que a Ju levou a Brunna daqui, liga pra essa doida e diz que você não quer mais.

— Ela não vai me atender. Eu já vi essa história antes.

— Mas você já chegou à conclusão que acabou né? Você não vai mais forçar esse relacionamento, ainda mais depois de tudo que está acontecendo.

   Sim, já não fazia sentido estar com a Isabelly , e depois do acidente isso ficou muito claro. Mas eu precisava esperar ela aparecer, por que eu sabia que ela iria sumir. Era sempre assim, quando eu me recusava a alguma coisa que ela pedia.

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                            Brunna

— Vocês montaram um lugar incrível — Afirmei depois de andar pelos corredores.

— Tudo aqui foi muito pensado, amiga. Só para construção de todas essas salas, demorou 3 anos. Estamos aqui faz pouco tempo, mais é a nossa cara.

    Ela me apresentou os lugares mais frequentados. A sala de reuniões, o auditório, tinha sala de interação, com jogos e muitos sofás , Tv, geladeiras e máquinas de café ,refrigerantes e água. O refeitório, que era gigante , e eu jurava que elas trabalhavam em um andar apenas.

— A sua sala também é incrível. — Afirmei conhecendo a sala da Ju , que tinha sua cara , era impossível dizer que aquele não era o espaço dela — Mais esse é sem dúvidas o mais bonito de todo prédio — Afirmei com a foto do Otávio na minha mão.

— tenho que concordar que você fez um belo trabalho. Meu afilhado é a coisa mais linda do mundo, todo mundo fica apaixonado por ele , pelos áudios dele , ele é um figura — Eu só sorri , colocando a foto no lugar —O Otávio vai ficar com você hoje?

— Vai ,a Mia não vai dormir com a gente hoje. Então eu só estou esperando a hora de buscar ele na escola.

— Vamos lá pra casa, a gente faz um janta legal, deixa ele gastar energia correndo no quintal.

— Ai amiga , queria muito, mais eu tenho que ler uns artigos, e estudar a cirurgia que vou fazer amanhã.

— Aí que chata — Disse a Ju , me fazendo rir

— É sempre assim, nunca tem fim, mais eu acho que é mais fácil do que o trabalho de vocês. Fiquei 20 minutos ouvido uma reunião da Ludmilla e não entendi a metade do que estava sendo falado.

— Ela é mais criação, é mais técnico mesmo. A minha parte é mais comercial, vendas, essas coisas...

— Entendi.

—E você foi logo para a sala da chefinha, gostosa. Não quis nem me ver primeiro.

— É que eu cheguei com o carro dela, e na portaria já me enquadraram me fazendo mil perguntas ...

A Juliana riu, ouvindo as minhas palavras.

— É sério, Juliana.

— É você achou mesmo, que iria chegar aqui com aquele carro, sem ninguém perceber a sua presença?

— É que eu não imaginava que fosse assim, me assustei. falei o nome dela , aí ligaram e mandaram eu subir.

— Eu estava na sala dela.

— Você oque?

— Eu fui lá, falei que você vinha. E disse que se ela tentar ou pensar em machucar você, eu mato ela.

— Juliana...

— Falei. Ou você acha que a louca da "noiva" dela, iria achar incrível te ver na sala dela, cheia de amor — ela falou e eu apenas respirei fundo — Eu avisei para a Vanessa , para avisar qualquer pessoa que fosse subir procurando por ela, inclusive a Isabelly. A Lud é muito desligada, Bru. Ela não consegue  ver maldade, ela não ver maldade nas coisas, e nunca consegue prever essas coisas. Então eu me adiantei, eu não quero ninguém falando de vocês, e nem que isso se torne público.

— Eu juro, que não vou normalizar essa situação. Pensei muito depois da sua ligação ontem... Mesmo que a Isabelly não mereça a Ludmilla, e mesmo que a gente não concorde com o noivado dela, essa decisão é apenas dela. Eu também não aceitaria viver sendo segunda opção de ninguém, e nem viver escondida. E nesse momento eu não estou podendo prometer nada pra ninguém, eu preciso resolver minha vida, meu divórcio, acertar o meu trabalho.

— Ela sabe disso...

(...)

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