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𝕰m séculos de existência, vagando e escondendo-se entre um país e outro, Genevieve nunca descansou de verdade. Aguardava, sempre desconfiada de tudo, que os problemas caíssem sobre sua cabeça e mais um ciclo de destruição se iniciasse. Esse era seu destino, afinal, as mãos que moldaram seu belo corpo e alma também fora aquelas que assinaram sua sentença infinita de aflição, arrependendo-se á cada amanhecer de suas atitudes infundadas e cegamente acatadas por ela mesma em nome de sua progenitora. A culpa era um fardo difícil de carregar, porém também era uma amostra de como seu interior e externo foram e estavam sujeitos a amargura e castigo, pois nem a mais santa criatura poderia fugir das tramas da vida e leis do mundo. Paga-se nesta terra todos os pecados que se comete; ela ainda estava quitando sua dívida e talvez nem a morte pudesse livrá-la de todo o mal que a espreitava nas sombras de seu corpo, na luz que banhava o mundo trazida pelo sol, a estrela que reinava nos céus, habitava a escuridão que sondava a noite e iniciava o crepúsculo. Irmãs, uma vinda da outra, complementares e paralelas na existência do mundo. Feitas para viver em harmonia uma com a outra, o equilíbrio ascendente da criação. Morte e vida; luz e trevas; santo e profano; abençoado e amaldiçoado; os polos que sustentavam a linha entre a existência e extinção.
Agradeceria, quando possível, ao garoto que era rei. Sem ele e da maga, qual ela não admitiria em hipótese alguma, não teria sido capaz de chegar até aquele reino, Liones estaria em ruínas e banhada em sangue dos seus, inocentes vidas que iriam ser perdidas pela ganância de um homem ignorante aos perigos desconhecidos do passado. Mesmo não sendo amigável ou mostrando simpatia a raça que habitava aquela terra, sentia felicidade e puro alívio por pisar ali, podendo usar seu poder que muito tirou e destruiu na Santa Guerra, para salvar e renovar na batalha no atual. Mais uma vez, ela estava emergindo do mar tempestuoso que era a culpa e arrependimento acumulado dentro de si, com um farol guiando-a para terra firme, segura e que dava para sentir o calor dos raios de esperança que o astro rei dedicava aos vivos.
Ainda purificando os aprendizes da Nova Geração, agora em formas humanóides deformadas em demônios prematuros corrompidos pelo sangue do demônio vermelho em suas veias, ela observava de soslaio os pecados encarando-a com dúvidas nos olhos. Sentia uma imensa vontade de parar e sentar para devolver a expressão. Perto do muro de pedra que dividia a capital, um dos monstros escalou e atacou por trás, a loira estava mais distante dos outros e não conseguiu impedi-lo a tempo. Mas um rajada de bombas disparou e o subjugou.
