Capítulo 29 - Desespero

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— Bill, há algum problema? Rachel está bem? — Tom perguntou, percebendo que durante a reunião do conselho, o irmão estava completamente disperso.

— Provavelmente. Ela não se sente muito bem hoje. Pode ser uma ocorrência normal para uma humana, mas imaginei que Gustav poderia acalmá-la.

— Diga a ela que desejo melhoras — Tom pediu, demonstrando todo o carinho que sentia pela cunhada. — Dê a sua parceira todo o apoio que puder, meu irmão. Ela está descobrindo um mundo novo. Deve ser assustador bancar a Eva para toda uma raça.

— Não se preocupe Tom. Farei qualquer coisa para assegurar a felicidade e a tranqüilidade de minha Rach. E isso inclui convencer outros indivíduos a garantirem sua felicidade e seu bem-estar. — Bill respondeu.

Estava falando sério, mas esperava que as palavras servissem também para acalmar os ânimos e o orgulho de uma certa pessoa que acompanhava seus pensamentos.

— Tenho certeza de que Gustav vai adorar saber disso. — riu Tom.

Bill resmungou alguma coisa incompreensível e, evidentemente, bastante mal-humorado. Logo depois, alterando a gravidade, começou a se afastar do chão.

— Se encontrar Gustav antes de mim, diga a ele para ir ver Rachel, por favor.

— É claro. — Tom respondeu.

No instante seguinte, ele se transformou num redemoinho de poeira e voou pela janela do castelo, para a noite escura, deixando Tom sozinho com os próprios pensamentos.

Rachel levantou-se do sofá onde fora deixada e de onde, segundo as ordens do marido, não poderia sair. Esfregava as mãos com grande ansiedade, enquanto andava de um lado para o outro. Piadas e provocações à parte, Bill estava tentando se manter muito próximo de seus pensamentos. Seria mentira dizer que não se sentia confortada pela presença constante dele, mesmo que nesse momento ele estivesse fazendo um verdadeiro sermão sobre sua incapacidade de obedecer ordens.

— É só uma dor de cabeça e um pouco de enjoo, Bill. — ela disse em voz alta na sala vazia. — Não sei por que você acha que é necessário incomodar Gustav.

Iniciaram uma conversa mental.

"Você precisa descansar e não fazer esforço. Embora insista em dizer o contrário."

"Eu não sei o que me faz ficar mais nervosa, se é essa sensação estranha, ou se é ver você reagir à minha sensação estranha. Se isso for apenas gases ou coisa parecida, Gustav vai me massacrar."

"Você sente o que sente, meu amor. E isso é permitido. Ainda vou demorar um pouco. Por favor, sente-se e descanse, ok?"

Rachel assentiu, embora não pudesse ver o movimento, Bill teve a impressão de sua aceitação. Ela o libertou da parte frontal de sua mente, indo se acomodar no sofá, aconchegando-se até sentir as pálpebras pesadas. Quando começava a pegar no sono, ouviu alguém bater na porta. Devia ser Heidi. Elas tinham combinado de se encontrarem, mas haviam combinado mais pro final da noite. Mas ela podia ter se antecipado. Rachel não a esperava naquele horário, por isso deduziu que a batida na porta fosse Heidi sendo educada.

Bill chegou à casa de Gustav em tempo recorde, impulsionado por uma extraordinária velocidade, em função da preocupação com Rachel. Entrou na mansão por uma janela aberta, transmutando de poeira para sua forma física. Ele olhou em volta, estudando o ambiente, sentindo a forte presença do médico. Fazia muitos anos que não visitava aquela casa, domínio absoluto de Gustav. Era surpreendente perceber quão familiar o lugar ainda lhe parecia, apesar de se sentir desconfortável na presença do médico. Ainda não havia conseguido se livrar de alguns sentimentos negativos entre ele e o velho amigo. Mas as necessidades de Rachel estavam acima de tudo, e ela precisava de Gustav.

DEMONS | BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora