Capítulo 21

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   Será que digo? Ou será que não?
   "Era só por uns dias, mas provavelmente não vou, porque não tenho dinheiro suficiente.'' Disse, claramente aborrecido, apontando para o que restava em cima da cama.
   "Tens mesmo que ir?" Perguntou o Vic, com um pouco de incerteza.
   Olhei para o chão e respondi que sim num suspiro.
   "E os teus avós não te podem emprestar o resto?" Interviu o Mike.
   "A minha avó disse que sim mas...não sei. Depois não tinha como o devolver." Disse, exasperado.
   "Nós arranjamos qualquer coisa que dê dinheiro e ajudamos-te."
   Sorri, sabendo que estas duas pessoas incríveis estavam do meu lado e prontas a ajudar-me. Como não sabia o que dizer apenas os abracei aos dois, mas o Mike fartou-se das lamechisses e deixou-me a mim e ao Vic apenas. Quando me separei dele vi o Mike a olhar para nós a sorrir.
"O quê?" O Vic e eu dissemos ao mesmo tempo. Ao que o Mike apenas respondeu 'nada' mas sorriu ainda mais. Se o faz feliz, seja lá o que for, não me preocupo muito.
*No dia seguinte*
   "Manda-me uma mensagem quando chegares ou liga-me ou alguma coisa para saber que estás bem" Disse o Vic demasiado rápido.
   Apenas sorri a pensar como é que ele podia ficar ainda mais adorável e abracei-o. "Vou sentir a tua falta" Okay, risquem isso, definitivamente que consegue ser mais adorável.
   "Vais ver que vou estar de volta e nem dás conta." Disse, para o assegurar e a mim mesmo também porque finalmente aqui consegui ter algumas formas de segurança e parecia estar tudo a ir na direção certa até tudo isto acontecer.
   Abracei toda a gente que me fez companhia ao aeroporto e dirigi-me à porta indicada para o meu avião. Olhei uma última vez para aqueles que em tão pouco se tornaram tanto para mim e apenas não resisti. Dei meia volta e fui num salto dar um leve beijo ao Vic. Queria deixar uma pequena lembrança aos dois de que mesmo estando a milhas de distãncia e ainda não sermos nada oficial ainda havia esperança. Custou-me deixá-los, mas não podia simplesmente abandonar o Justin naquele estado por minha causa.
   Durante a viagem pude pensar em tudo o que estava a acontecer naquele momento e imaginar em todos os acontecimentos para o que se ia seguir assim que visse todas aquelas pessoas que nunca pensei em ver outra vez. Quando decidi sair de Michigan tinha a certeza de que não iria querer voltar àquele lugar que durante tanto tempo pensei não ter futuro algum, pois mesmo tendo uma ou duas pessoas na minha vida que me faziam continuar, sempre soube que as pessoas vão mas raramente voltam. No meu caso nunca voltam. Deixam-me à deriva neste mundo cruel e superficial em que vivemos ou talvez apenas sobrevivemos.
   Mesmo no momento em que os meus pensamentos já tinham ficado a leste do que poderia esperar quando chegasse e estavam a começar a ficar sombrios, a luz do sinal que indicava para os passageiros colocarem os cintos acendeu, significando que iriamos aterrar brevemente. Guardei tudo o que tinha tirado da mochila, para não morrer de aborrecimento neste avião, onde estava e quando dei por mim estava a apanhar um táxi o mais rápido possível para o hospital, enquanto mandei uma mensagem ao Vic a dizer o estado da situação, pois a estas horas já deveria estar a dormir. A probabilidade de voltar ao sítio onde em tempos considerei que podesse ser um lugar seguro era absolutamente nula, por isso o meu primeiro e provável único destino era o hospital. Quanto mais entravamos na pequena cidade, menos tempo tinha para raciocinar e pensar com clareza sobre o que iria dizer ou fazer, mesmo que já tivesse inventado uma infinidade de discursos na minha cabeça, sabia que nenhum deles era o suficiente e que ia chegar lá e não conseguir dizer nada. Comecei a ver os edifícios mais familiares a ficarem cada vez mais perto e parecia não conseguir respirar. Tentei racionalizar, mas nada parecia resultar. Eram demasiadas vozes a gritar dentro da minha cabeça e parecia não conseguir calar nenhuma.
   Sem dar por isso, o taxista já tinha parado em frente ao hospital e pelo que parecia já me tinha perguntado várias vezes se estava bem, pois não tinha feito qualquer movimento mesmo aqui estando. Saí daquele transe, paguei o que devia e fui em direção à entrada parando uns metros antes. Tentei mais uma vez acalmar-me inspirando e expirando lentamente até conseguir um pouco e com as minhas mãos parecendo nunca parar de tremer liguei ao Jesse.
   Tocou uma, duas vezes e apenas depois da terceira é que ouvi a voz cansada dele, visto que era perto das 2 da manhã.
   "Sim?"
   "Jesse ainda estás no hospital?" Perguntei com a voz a tremer um pouco.
   "Kellin?"
   "Sim, sou eu. Estás ou não?" Insisti.
   "Estou, mas porque é que me estás a ligar a esta hora? Sim, os médicos dizem que ele está estável."
   "Porque...não sei se conseguiria vê-lo sozinho e pensei que o mais provável era teres ficado aí durante a noite." Disse, olhando para as pequenas pedras de gravilha no chão.
   "O quê? Sozinho? Vê-lo? Mas não estás em San Diego?" Perguntou, confuso.
   "Não..." Suspirei. "...estou aqui fora."
   Pareceu despertar completamente e disse logo que me ia buscar. O que aceitei com todo o alívio e fiquei à espera. O Jesse sempre foi dos meus melhores amigos ao lado do Jack e não podia pedir melhores pessoas para estarem ao meu lado e também do Justin enquanto eu aqui não estava. Ele pode-me ter magoado bastante, mas temos demasiado passado para deixar de me importar com ele, assim, de o dia para a noite.
   "Kellin!" Gritou o Jesse enquanto se aproximava.
   "Jesse!" Gritei de volta, a sorrir, pois até que tinha bastantes saudades dele. Abraçámo-nos, fizemos o nosso cumprimento especial e ele guiou-me em direção ao edifício e até ao quarto onde o Justin estava.
   Enquanto isto, falámos sobre o que é que se tinha passado depois de me ter ido embora, tanto ali como em San Diego sem grandes detalhes, pois aquele momento era o único de calma antes da tempestade. Saímos do elevador e o Jesse diz-me que não estava lá apenas o Jack como me tinha dito há pouco, mas também o Gabe e não era bem quem me apetecia ver naquele momento, mas tinha de me concentrar apenas na razão de ali estar.
   "Preparado?" Perguntou-me, hesitante.
   "Vamos a isto."

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⏰ Última atualização: Dec 27, 2016 ⏰

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