Capítulo 4

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   ''Mãe!'' Gritei, dirigindo-me ao corpo sem vida, no meio da sala.

   Ajoelhei-me junto dela a tentar que ela abri-se os olhos.

   ''Mãe! Mãe, por favor não me deixes.'' Sem dar por isso começaram a cair lágrimas na minha cara e depois de ver que a minha mãe tinha um pulso fraco e estava a perder sangue, tirei o telémovel do bolso e chamei uma ambulância.

   Alguns momentos depois conseguia ouvir e os paramédicos a entrarem pela porta que eu tinha deixado aberta.

   Puseram-na numa maca e perguntaram se queria ir também na ambulância. Acenei que sim, porque naquele momento estava a ter um ataque de pânico e não queria sair de ao pé da minha mãe.

   Chegámos ao hospital e mandaram-me esperar na sala de espera e tentar acalmar-me.

   Já nem sabia quanto tempo tinha passado, mas aquela espera estava a ser demasiado para mim. Fui até à rececionista perguntar se já sabia de alguma coisa sobre a minha mãe. Respondeu-me que não sabia de nada, mas que devia ter notícias entretanto, o que me irritava, porque é o que ela tem de dizer a toda a gente. Quando estava a voltar para onde tinha estado sentado, o médico sai por duas grandes portas, diz o nome da minha mãe e eu levanto-me logo dirigindo-me a ele.

   ''Então, como está a minha mãe?'' Perguntei, impacientemente.

   ''Peço-lhe que mantenha a calma e me deixe falar até ao fim, sem interrupções.''

   ''Sim...?'' Perguntei, agora irritado com a calma daquele homem.

   ''Mr.Bostwick,...'' Começou, mas foi logo interrompido por mim.

   ''Quinn''

   ''Sim, Mr.Quinn, a sua mãe perdeu uma quantidade excessiva de sangue, devido a danos provocados por um objeto cortante. Para além disso sofreu vários traumatismos e tem multiplos hematomas. A maioria já está a recuperar, porque já eram danos antigos, mas a sua mãe está em muito mau estado.'' O médico acabou de falar e eu só fiquei ali a processar tudo e perguntei a primeira coisa que me veio a cabeça. ''Quando posso vê-la?''

   ''Ela está muito frágil, mas pode vê-la por 10 minutos se quiser. Mas lembre-se, qualquer coisa pode desencadiar algo ainda mais grave.''

   Acenei que sim e o médico acompanhou-me ao quarto onde estava a minha mãe.

   Quando entrei, o meu coração parou e senti as lágrimas quentes a formarem-se nos meus olhos e no instante a seguir, deslizavam livremente pela minha cara, novamente. Aproximei-me do corpo fraco, deitado na cama no meio do quarto, com tubos e fios por todo o lado. Puxei uma cadeira e peguei na mão dela levemente.

   ''Foi ele que te fez isto não foi?'' Perguntei apesar de não saber se ela me conseguia ouvir. Agora, raiva, a correr-me pelas veias.

   Estava a chorar descontroladamente e deitei a cabeça na cama com os meus lábios na sua mão. Passado alguns momentos, consegui acalmar-me um pouco e de repente ouvi-a chamar-me. Levantei a cabeça e vi-a a abrir os olhos. Tinha um sorriso fraco.

   Esta era uma das coisas que admirava na minha mãe, não importava o quão as coisas estavam mal, ela tinha sempre um sorriso na cara. Ela sempre foi forte pelos dois.

   '''Kellin?'' Chamou, outra vez.

    ''Sim, mãe?''

   ''Querido, eu amo-te muito. Espero que saibas isso. Sei que as coisas nunca foram fáceis, mas sempre nos tivemos um ao outro e isso já valeu a pena. Já deves ter percebido que foi o teu...pai que me fez isto.'' Disse, com uma lágrima a escorrer-lhe pela bochecha que tinha uma grande nódoa negra.

   ''Sacana! Vou matá-lo.'' Interrompi-a.

   ''Kell, por favor, não faças nada. Não quero que te magoes.'' Implorou.

   ''Mãe, eu amo-te mais que tudo e todos e isto não pode ficar assim.''

   ''Por favor, nã-'' Depois disto o monitor do batimento cardíaco começou a acelerar e eu chamei a enfermeira rapidamente. Alguns segundos depois, um grupo de médicos e enfermeiras entrou no quarto e uma das enfermeiras pediu-me que saísse, para os médicos poderem trabalhar. Custou-me tanto deixá-la, mas agora tinha de ser forte pelos dois e esperar pelo melhor.

All The Way For YouOnde histórias criam vida. Descubra agora